Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2004 - Página 19056
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, INTEGRIDADE, LIDERANÇA, VIDA PUBLICA.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, certa vez, Carlos Lacerda disse que a morte não era passaporte para a impunidade.

O que estamos vendo aqui neste final de tarde, nesta sessão que iniciou às 14 horas e 30 minutos, é exatamente a homenagem sincera de Parlamentares de todo o Brasil ao cidadão Leonel Brizola. Houve depoimentos de pessoas favoráveis e contrárias, que, ao longo de sua vida, tiveram com o ex-Governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro debates que marcaram o Parlamento e as páginas dos jornais brasileiros. Uma das grandes virtudes do Brizola era a paixão por suas convicções. Certo ou errado, ele sabia defendê-las, como ninguém, até esgotar todas as possibilidades de uma decisão.

Esse gaúcho, durante os últimos 50 anos, talvez tenha sido a referência mais marcante e permanente na vida pública brasileira. O político, meu caro Senador Paulo Paim, tem os seus altos e baixos, o ostracismo e a evidência. Leonel Brizola conseguiu, ao longo desse tempo, até mesmo no exílio, ser a figura brasileira mais marcante. Uns o temiam; outros o adoravam. Uns tinham pavor de que ele estivesse planejando uma volta armada pelo sul do Brasil; outros o desejavam de volta à terra natal o mais breve possível. Talvez tenha sido, durante todo o período em que esteve fora, juntamente com diversos homens públicos brasileiros, o que mais conseguiu, burlando a censura, ser notícia na imprensa nacional.

Leonel Brizola, durante toda sua trajetória, acima de tudo, desafiou a lei da gravidade. Corajoso, saiu de uma disputa tranqüila no Rio Grande do Sul, sua terra natal, para marcar posição no Rio de Janeiro. A transferência do seu domicílio, pela segunda vez, para o Rio de Janeiro foi uma maneira, segundo as suas convicções, de nacionalizar as idéias que defendia. Teve sucesso e governou, depois de voltar do exílio, o Rio de Janeiro por duas vezes.

Sr. Presidente, pessoalmente, convivi com Leonel Brizola quando deixei o PMDB e tive uma rápida passagem pelo PDT, exatamente movido pelo magnetismo que exercia sobre todos Leonel Brizola. Era prefeito de Teresina quando me filiei ao seu Partido, e ele foi até lá prestigiar a solenidade e participar do ato de filiação. Carismático e congregador, encantou a todos que participaram da solenidade.

Infelizmente as divergências quanto a questões políticas não permitiram que eu tivesse uma longa permanência em seu partido - as questões locais juntamente com as questões nacionais -, mas tornamo-nos amigos e tenho por ele uma grande admiração, admiração pela maneira como, até o último momento, defendeu com ardor as suas convicções.

Os seus famosos tijolaços vão calar. A partir de agora, para alívio de muitos, aquela crítica severa não se repetirá, mas ficará na memória de todos e nos artigos da imprensa brasileira a trajetória, acima de tudo, de um Leonel Brizola lutador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2004 - Página 19056