Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.

Autor
Almeida Lima (PDT - Partido Democrático Trabalhista/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2004 - Página 19057
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, VIDA PUBLICA, LIDERANÇA, ATIVIDADE POLITICA, EMPENHO, DEFESA, TRABALHADOR, PAIS.

O SR. ALMEIDA LIMA (PDT - SE. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço inicialmente ao Senador Paulo Octávio e ao Senador Romeu Tuma, presidente da sessão neste momento, a gentileza de me concederem o tempo de S. Exªs para que eu pudesse antecipar-me na tribuna para também prestar homenagem ao nosso grande líder Leonel Brizola.

Como foi dito há poucos instantes pelo Senador Osmar Dias, também acabei de chegar do Rio de Janeiro. Estivemos no Palácio Guanabara no velório do grande líder do nosso partido, deste que foi, sem dúvida alguma, um grande líder popular da resistência democrática: Leonel de Moura Brizola.

Leonel Brizola foi um homem público que chegou ao século XXI, vindo da década de 40/50, escrevendo a história, como parlamentar, prefeito, governador, deputado federal, na cadeia da legalidade, na resistência democrática sempre, no exílio, na luta lá fora, no seu regresso, na redemocratização do Brasil, na construção de partidos. E chegou ao ano de 2004, no século XXI, como começou: atualizado no tempo em todas as épocas em que viveu. Daí podermos dizer, Sr. Presidente, que Leonel de Moura Brizola foi um parceiro do tempo. Um parceiro do tempo porque ele viveu com ações e com um comportamento paralelo ao dia após dia.

Era um homem que se reciclava permanentemente, era lúcido, era de uma clarividência a toda prova, resistente e que sempre soube estar no lugar certo quando a história exigia que assim o fizesse, que assim se comportasse.

No dia de ontem, em campo de batalha, Leonel de Moura Brizola sai desta vida para a história, para a eternidade. Em campo de batalha, sim, na trincheira, discutindo política, arrumando coligações, apoios à candidatura para a prefeitura de São Paulo. E pasmem todos os senhores e o povo brasileiro neste instante: possivelmente no dia de hoje, Sr. Presidente, às dez horas da manhã, se vivo estivesse, estaria no Rio de Janeiro para concluir os entendimentos pelos quais sairia candidato a prefeito pelo Rio de Janeiro. Morreu em campo de batalha, um parceiro do tempo. Os 82 anos representavam juventude, luz, discernimento e, acima de tudo, amor à Pátria. Este, sem dúvida alguma, foi o grande legado que Leonel de Moura Brizola deixou pra todos nós brasileiros.

Dizia aos companheiros que, até mesmo depois de sua morte, ele conseguiu, em decorrência desse fato, transferir uma votação que aconteceria hoje no plenário da Câmara Federal, uma votação em que se planejava maltratar, mais uma vez, o trabalhador brasileiro que ele tanto soube defender. Com sua morte, não se deliberou sobre o salário mínimo de R$260. Isso é ironia da história. A história marca.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, esta sessão solene de homenagem a Leonel Brizola é das mais merecidas. A história já o registrava em vida, e tenho certeza absoluta de que os nossos escritores e historiadores resgatarão, mais ainda, aquilo que se constitui o valor de um grande brasileiro que ficou, não diria esquecido, mas não registrado em decorrência de suas posições, muitas das vezes, contrárias ao pensamento da maioria daqueles que comandavam o País, mas que, certamente, com a sua morte, com um gesto nobre, farão justiça ao seu nome e a sua história.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que Leonel Brizola soube trazer e conduzir o fio da história da década de 40/50 até os nossos dias. Tenho certeza de que o seu exemplo, a sua força e dedicação ao trabalhismo brasileiro continuarão como ideário no PDT ou em qualquer outra legenda neste País, porque a força desse trabalhismo, que sempre foi defendido por Leonel de Moura Brizola, com certeza, não vai morrer.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2004 - Página 19057