Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração, no último dia 12, do Dia do Correio Aéreo Nacional.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração, no último dia 12, do Dia do Correio Aéreo Nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 24/06/2004 - Página 19370
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CORREIO AEREO NACIONAL (CAN), ELOGIO, HISTORIA, ATUAÇÃO, INTEGRAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, SAUDAÇÃO, INAUGURAÇÃO, ROTA, TRANSPORTE AEREO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ESTADO DO ACRE (AC), OBJETIVO, ASSISTENCIA MEDICO-ODONTOLOGICA.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 12 de junho, comemoramos o Dia do Correio Aéreo Nacional, uma das maiores realizações do País no campo da integração e desenvolvimento nacionais.

No agora longínquo dia 12 de junho de 1931, os tenentes Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavanère Wanderley realizaram o primeiro vôo do então chamado Correio Aéreo Militar. A viagem, realizada a bordo de um Curtiss Fledgling K-263, foi realizada em mais de cinco horas. Mas transformou em realidade um sonho dos pioneiros da integração brasileira no início do Século XX, possibilitando levar notícias, remédios, livros, tijolos, mantimentos, informações e muitos outros itens às pequenas comunidades afastadas dos centros principais do País.

Dez anos após, em 1941, seria criado o Correio Aéreo Nacional, pela fusão do pioneiro Correio Aéreo Militar com seu congênere, o Correio Aéreo Naval. O Marechal-do-Ar Eduardo Gomes, patrono da Aeronáutica brasileira, então Brigadeiro, foi incumbido de dar o dinamismo necessário a um serviço de utilidade pública da relevância do CAN, num Brasil imerso na II Guerra Mundial.

É justamente nesse período de conturbação mundial que o CAN se mostrou fundamental para estabelecer as comunicações com nossas regiões mais remotas. O racionamento de gasolina e a interrupção da navegação de cabotagem puderam, assim, ser superados pelos aviões desbravadores do Correio Aéreo.

A Amazônia, região praticamente isolada do resto do País pelos vastos rios que a cruzam e cercam, foi a que mais se beneficiou dos vôos dos Catalinas do CAN. Aparelhos ágeis, necessitando apenas de poucos metros de rio para pousar, tornavam acessíveis localidades completamente isoladas por terra. Assim, pouco a pouco, o Brasil interiorano tomava conhecimento do Brasil litorâneo, e vice-versa.

Mesmo hoje, Sr. Presidente, com o avanço das comunicações e dos meios de transporte, o CAN continua atual, prestando inestimáveis serviços ao País, sobretudo na imensidão amazônica.

No começo de abril passado, o Comandante do Sétimo Comando Aéreo Regional, deu partida, em Manaus, ao Correio 2721, uma aeronave C-98B Gran Caravan, que passou a fazer uma das novas rotas do CAN na Amazônia. É a revitalização do Correio Aéreo Nacional, um dos patrimônios do espírito desbravador dos brasileiros e de sua vontade de construir um País integrado.

A partir de Manaus, o Correio 2721 percorrerá extensa rota no Acre, passando por Rio Branco, Manuel Urbano, Feijó, Tarauacá, Marechal Thaumaturgo e Cruzeiro do Sul. Nessa missão o Correio levará assistência médico-odontológica às populações carentes da Amazônia profunda.

Em maio passado, uma segunda rota adicional foi inaugurada pelo CAN. Saindo de Manaus, ela percorre o Acre, pelas cidades de Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Foz do Breu, Jordão, Porto Valter e Cruzeiro do Sul. Seguir-se-á, até o fim deste semestre de 2004, uma terceira nova linha do CAN, desde já batizada de “rota do Vale do Juruá”.

Em regiões do Brasil setentrional, onde as distâncias se contam às centenas de quilômetros, quando não aos milhares deles, dispor de um sistema de atendimento aéreo significa a diferença entre o isolamento quase total e a participação, mesmo que precária, na vida coletiva da Nação. O CAN propicia às populações que atende acesso a serviços que, de outro modo, jamais as beneficiariam. Médicos das mais diversas especialidades, dentistas e medicamentos chegam a pessoas que antes nunca haviam tido uma única consulta médica ou odontológica.

São inúmeros os relatos emocionados dos profissionais que participam das missões do CAN no interior da Amazônia. Em Tarauacá, no Acre, a índia Maspã, de 34 anos, da tribo dos Kaxinawá, foi, pela primeira vez, examinada por uma ginecologista, já grávida do sétimo filho. Nessa visita ao interior do Acre, foram atendidas 217 pessoas em Tarauacá, a maioria pela primeira vez na vida.

Sr. Presidente, num País em que se desperdiça tanta energia com ações infrutíferas e perdulárias, não podemos deixar de louvar o gigantesco serviço prestado pelo Correio Aéreo Nacional. Durante muito tempo, as populações dos ermos rincões amazônicos e nossos batalhões de fronteira contaram apenas com o CAN para ter contato com algum pouco de civilização. Ainda hoje, com todo o progresso que alcançamos, muitas comunidades ainda dependem do CAN para manter esse contato.

Esse é um verdadeiro símbolo de patriotismo e dedicação à construção de uma Nação. O espírito cívico do Marechal Eduardo Gomes perpetuou-se na obra ainda necessária do CAN. Mesmo desejando que o processo de desenvolvimento do Brasil acabe por tornar obsoleta a existência do CAN, devemos saudar sua nobilíssima atuação e sua indispensável utilidade ainda hoje. Mesmo que venha a tornar-se desnecessário, o que seria sinal de que alcançamos estágio elevado de desenvolvimento, o CAN permanecerá como uma patrimônio perene de nossa história.

Desde a viagem pioneira de 1931, passando pela famosa viagem da Rota do Tocantins, realizada em 1935, que, saindo do Rio de Janeiro, alcançou Belém do Pará, atravessando o vasto planalto central brasileiro, temos visto o Brasil ser integrado e civilizado por dedicados patriotas.

Que o espírito do CAN possa permanecer no ideário de todos os brasileiros, dando-nos disposição para construir uma Nação integrada e socialmente equilibrada!

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/06/2004 - Página 19370