Discurso durante a 89ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância da fixação do dia 27 de junho como o Dia Nacional do Diabético.

Autor
Augusto Botelho (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Importância da fixação do dia 27 de junho como o Dia Nacional do Diabético.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2004 - Página 19459
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • REGISTRO, DIA NACIONAL, DOENÇA GRAVE, APRESENTAÇÃO, DADOS, INCIDENCIA, POPULAÇÃO, DETALHAMENTO, PROBLEMA, SAUDE, VINCULAÇÃO, DOENÇA.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, CONHECIMENTO, DIVULGAÇÃO, DOENÇA GRAVE, APARELHAMENTO, AUTORIDADE MUNICIPAL, SAUDE, BENEFICIO, DESENVOLVIMENTO, PROJETO, CONTROLE, DOENÇA.
  • ELOGIO, PROJETO, ENTIDADE, MEDICINA, ATUAÇÃO, COMBATE, DOENÇA GRAVE, ELABORAÇÃO, MANUAL, PROPOSTA, ASSISTENCIA, DISTRIBUIÇÃO, MUNICIPIOS.

            O SR. AUGUSTO BOTELHO - (PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) -

            “Dia nacional do diabético”

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um dos mais sérios problemas de saúde que desafia a sociedade brasileira é o diabetes - doença sorrateira, que vai minando o seu portador, levando a complicações gravíssimas e, freqüentemente, à morte.

            Como o dia 27 de junho foi fixado para assinalar o Dia Nacional do Diabético, creio ser oportuno levar ao plenário desta Casa minhas preocupações relativas a essa moléstia, sobre os males que ela causa e sobre a necessidade de sua prevenção ou, quando já instalada, seu controle.

            O diabetes está sendo considerado uma doença de proporções epidêmicas em todo o mundo. Há um número crescente de casos novos diagnosticados a cada ano. No Brasil, o Censo Nacional de Diabetes, de 1988, avaliou a situação do diabetes em 9 capitais brasileiras, tendo mostrado dados extremamente preocupantes.

Segundo aquele levantamento, o diabetes atinge 7,6% da população brasileira na faixa etária dos 30 aos 69 anos. Quanto aos idosos de 70 anos ou mais, 20% deles sofrem de diabetes. Na população brasileira atual, estima-se que existam cerca de 5 milhões de diabéticos.

Sr. Presidente, metade das pessoas com diabetes tem a doença e não sabe. O diabetes geralmente evolui silenciosamente. Se o indivíduo não faz o exame de prevenção, não há sintomas de maior intensidade, e o mal só vai ser identificado quando surgir uma das suas freqüentes complicações, em geral crônicas e graves.

O diabetes atinge a todos, adultos e crianças, homens e mulheres, ricos e pobres, sem distinção entre tipos físicos ou raciais. É a quarta principal causa básica de morte no Brasil. É a principal causa de cegueira adquirida. Os diabéticos têm chance duas vezes maior de desenvolver cardiopatias e de sofrer derrames cerebrais, quando comparados aos não-diabéticos. Os diabéticos têm chance 17 vezes maior de vir a ter doença renal, e 40 vezes maior de vir a sofrer amputações nos membros inferiores.

Tecnicamente chamado de Diabetes Mellitus, o diabetes é, de fato, um conjunto de doenças, com manifestações diversas, cujo denominador comum é o aumento do teor de glicose no sangue. Isto é, excesso de açúcar no sangue. As causas mais comuns do diabetes são a herança genética familiar e a obesidade. Também o alcoolismo, a falta de exercícios físicos e a gravidez podem contribuir para o surgimento do diabetes.

As formas mais comuns de diabetes são os chamados Diabetes de Tipos 1 e Diabetes de Tipo 2. O tipo 1 é mais comum na criança e nos muito jovens. Os pacientes do tipo 1, geralmente, precisam de injeções diárias de insulina para sobreviver. Já o tipo 2 aparece mais após os 40 anos de idade, e em cerca de 90% das vezes a pessoa é obesa, tem peso acima do normal. O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1. O tipo 2 pode ser, inicialmente, tratado com dieta e exercícios. Se se agrava, o paciente vai necessitar de medicamentos tomados por via oral. Por fim, pode ser necessário o acréscimo de injeções de insulina.

O diabetes pode ser detectado por meio de exames simples que investigam a presença de açúcar na urina ou seu teor excessivo no sangue. Detectada a suspeita de diabetes, sua existência precisa ser confirmada por exames mais acurados. São medições de teor de glicose no sangue feitas em condições de controle cuidadosas e padronizadas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muitas vezes as pessoas têm diabetes e não sabem, pois os sintomas ou inexistem ou são muito vagos. Os sintomas mais claros são sede excessiva, excesso de urina, muita fome, cansaço e emagrecimento. Os sintomas vagos são formigamento nas mãos ou nos pés; peso, dormência ou dores nas pernas; infecções repetidas na pele e em mucosas. É importante, com ou sem sintomas, fazer exame de diabetes em toda pessoa que atinge a idade de 40 anos.

Quanto à cura do diabetes, a doença tem tratamento e pode ser controlada. A manutenção permanente da glicemia, isto é, do teor de açúcar no sangue, em nível normal ou próximo do normal, previne as complicações e leva ao desaparecimento dos sintomas, quando estes existem. Assim, a qualidade de vida da pessoa é restabelecida, e sua produtividade no trabalho volta a ser normal.

São muitas as complicações que podem resultar do diabetes. As principais são aquelas que aparecerão no curso de anos de evolução da doença. São as complicações dos vasos sangüíneos, que podem levar ao infarto no coração; o aumento da pressão arterial, com todo o seu potencial de conseqüências graves; o derrame ou isquemia cerebral; o pé diabético, ferimentos que podem levar à amputação; lesões dos rins, com insuficiência renal; lesões nos olhos, com possível perda da visão; e paralisias.

Todas essas complicações acarretam um grande volume de consultas, exames, internações, cirurgias e outros procedimentos médicos; o que significa um enorme impacto negativo para os indivíduos, as famílias, a força de trabalho, a sociedade e a economia. E tudo isso pode ser evitado com o diagnóstico precoce e com o tratamento adequado do diabetes.

Há três aspectos do diabetes em que nunca é demais insistir. Primeiro, a forte influência do fator hereditário. Quem tem parentes diabéticos deve redobrar seus cuidados com a doença. Segundo, o fator obesidade. Ele aumenta o risco de se adquirir o diabetes tipo 2. O excesso de peso, repita-se, é fator de risco para o diabetes. Entre os diabéticos do tipo 2, 85% apresentam excesso de peso. Hoje, no Brasil e no mundo, a obesidade, cada vez mais freqüente na população, é o grande fator de expansão da incidência do diabetes.

O terceiro aspecto é a forte associação entre diabetes e doenças do coração. O vínculo é tão forte que, recentemente, entidades médicas, em vários países, começaram a recomendar que os médicos que tratam do diabetes passem a ser treinados para poder observar também, nos doentes, as cardiografias.

Sr. Presidente, várias entidades médicas no Brasil dedicam-se à divulgação dos cuidados que se devem ter com essa perigosa e muito difundida moléstia. Autoridades de saúde, em nível federal, estadual e municipal, desenvolvem ações e programas para combater o mal. No entanto cabe destacar a importância de aparelhar o maior número possível de municípios com os necessários instrumentos de informação e de administração da saúde, a fim de que a luta contra o diabetes possa se dar no nível mais relevante e pertinente, o nível municipal.

Diante disso, é preciso elogiar um projeto que tem esse objetivo, elaborado por algumas associações atuantes na guerra contra o diabetes. Trata-se da Proposta Básica para a Assistência ao Diabético no Município, espécie de cartilha dirigida às autoridades municipais. A autoria do trabalho é de um grupo de médicos especialistas que foi constituído pelas seguintes entidades: Sociedade Brasileira de Diabetes, SBD; Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); e a Associação para Educação e Controle em Diabetes (ACED), esta uma entidade patrocinada por 11 grandes laboratórios farmacêuticos. O documento da Proposta ou cartilha pode ser encontrado no sítio da Internet www.diabetes.org.br.

A elaboração dessa cartilha sobre diabetes, destinada às autoridades de saúde municipais, contou com o apoio do Comitê Técnico-Científico de Diabetes Mellitus do Ministério da Saúde. A cartilha abarca tópicos tais como: organização de campanhas de detecção de diabetes e de cadastramento de pacientes; aspectos legislativos e orçamentários; recomendações quanto aos recursos humanos, coordenação operacional e acordos com instituições privadas, tais como empresas e clubes de serviço; especificações técnicas relativas a medicamentos, reagentes e equipamentos; e vários outros aspectos da questão.

Sr. Presidente, portanto, há uma saudável mobilização de autoridades de saúde e de médicos especialistas no sentido de alertar, prevenir, controlar, no que diz respeito ao diabetes e seus perigos. Mas é necessário ampliar a informação ao público, intensificar o alerta, a divulgação, aos leigos e à classe médica. É o que trato de fazer com o presente pronunciamento; minha modesta contribuição ao controle dessa doença que tem trazido tão tristes sofrimentos a tantos brasileiros e suas famílias.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2004 - Página 19459