O SR GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no próximo domingo, na cidade de Acari, no Rio Grande do Norte, Sua Eminência Reverendíssima o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales completará seu Jubileu de Ouro Episcopal. Diante disso, teremos uma celebração religiosa na Igreja daquela cidade, à qual estarão presentes prelados e sacerdotes de todo o País, principalmente os do Nordeste.

O convite, dirigido a todos, vem de Dom Jaime Vieira Rocha, Bispo da Diocese de Caicó. Eis o convite:

Com sentimento de júbilo e gratidão, Dom Jaime Vieira Rocha e a Diocese de Caicó, em comunhão com a Igreja no Brasil, convidam V. Exª e digna família para a Solene Concelebração Eucarística em ação de graças pelo Jubileu de Ouro Episcopal.

Não poderia deixar de registrar esse fato desta tribuna tendo em vista a trajetória de Dom Eugênio de Araújo Sales, que foi Bispo Auxiliar de Natal, no período de 1954 a 1962; Administrador Apostólico de Natal, de 1962 a 1964; Administrador Apostólico de São Salvador, Bahia, de 1964 a 1968; Arcebispo de São Salvador e Primaz do Brasil, de 1968 a 1970, e Arcebispo do Rio de Janeiro, de 1971 a 2001.

A trajetória de Dom Eugênio de Araújo Sales teve inicio em meu Estado, de maneira revolucionária, a partir de um movimento depois estendido aos demais Estados do Brasil chamado, no início de década de 60, de Movimento de Educação de Base. Por sua iniciativa, não menos revolucionária e reformadora, foram criados os sindicatos dos trabalhadores rurais, que estabeleceram, naquele tempo, um certo contraponto com as ligas rurais, lideradas pelo ex-Deputado Francisco Julião.

Dom Eugênio de Araújo Sales, por onde passou, seja em Natal, seja na Bahia, seja no Rio de Janeiro, sempre deixou um acervo de trabalho, de obras e de iniciativas, elevando-o ao posto de um dos grandes líderes da Igreja Católica brasileira, com atuação reconhecida pelo Vaticano e pelo próprio Papa.

Dom Eugênio de Araújo Sales, ainda hoje milita na imprensa, escrevendo artigos, colaborando com jornais, como o O Globo. Portanto, S. Emª merece, Sr. Presidente, as homenagens de todos.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Permita-me V. Exª um aparte?

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Tem o aparte V. Exª.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Ouvia o discurso de V. Exª e apressei-me para aqui chegar a fim de dar um depoimento sobre essa figura notável que V. Exª exalta desta tribuna. Dom Eugênio de Araújo Sales, sem molestar quaisquer outras figuras da Igreja com a afirmativa que farei agora, foi a figura maior que encontrei na Igreja do meu País. Com S. Emª, convivi por muito tempo, nos momentos difíceis da Revolução de 1964, de 1968, até S. Emª deixar o arcebispado da Bahia. Depois, já como Cardeal, escolhido em 1969 - posso dar esse testemunho -, pude assistir à sua posse como Arcebispo no Rio de Janeiro. Portanto, sou um amigo fraternal de Dom Eugênio. Por inúmeras vezes discutimos: eu, discordando de pontos de vista da Igreja acerca dos problemas da instituição, e ele, defendendo-os com fidelidade total à Igreja Católica e ao Santo Padre. Dom Eugênio é um Santo homem. É um homem de Deus. V. Exª, Senador Garibaldi Alves Filho, ao proferir esse discurso, emociona-me. Talvez fosse meu dever também aí estar a exaltar S. Emª. Ocorre que Dom Eugênio Sales é seu conterrâneo, honrou o seu Estado, assim como honrou a Bahia, o Rio de Janeiro e a Igreja do Brasil. Por isso mesmo, S. Emª é tão prestigiado no Vaticano, talvez como nenhum outro Cardeal do Brasil. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Agradeço a V. Exª pelo aparte. Sei do apreço dos baianos pela figura de Dom Eugênio, reverenciada neste instante por V. Exª, que conheceu, de perto, o seu destemor, a sua figura de homem de fé, de sacerdote que, por onde passou, como dizia, deixou a marca de seu trabalho de missionário, levando a palavra da Igreja e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Concedo um aparte ao Senador Sérgio Cabral.

O Sr. Sérgio Cabral (PMDB - RJ) - Senador Garibaldi Alves Filho, quero me associar a V. Exª...

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Peço licença a V. Exª, Senador Sérgio Cabral. Decerto V. Exª fará o aparte, mas quero informar ao orador que o seu tempo já se esgotou.

O Sr. Sérgio Cabral (PMDB - RJ) - Serei breve, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Agradeço-lhe.

O Sr. Sérgio Cabral (PMDB - RJ) - Desejo apenas associar-me à fala do Senador Garibaldi Alves Filho e à do Senador Antonio Carlos Magalhães nas homenagens a Dom Eugênio Sales, com quem convivi nos últimos anos de seu arcebispado no Rio de Janeiro. Durante oito anos, como Presidente da Assembléia Legislativa, fizemos grandes parcerias na área social, inclusive na discussão da própria produção legislativa. O Senador Antonio Carlos Magalhães lembrou muito bem uma faceta de Dom Eugênio, que me chamou a atenção, quando, muito gentilmente, Dom Eugênio conduziu ao Palácio Tiradentes o seu sucessor, Dom Eusébio Scheid. Naquela oportunidade, conversávamos, os três, e eu dizia a D. Eusébio de uma faceta pouco destacada na figura de D. Eugênio: sua aliança com os mais humildes, sua resistência a atitudes fascistas e duras do antigo regime, sempre solidário com os que sofriam com o antigo regime, à sua maneira, ao seu estilo, inclusive para com a minha família também. Nossa família é grata a atitudes de D. Eugênio Sales à época do regime militar. D. Eugênio, com tranqüilidade, com sabedoria, com o seu estilo discreto, marcou, pela sua liderança, pelo seu amor ao próximo. Hoje ainda, o arcebispado do Rio de Janeiro tem a sua ascendência moral, ética e espiritual, além de continuar a produzir artigos todos os sábados para os jornais do Rio de Janeiro. Como seu admirador, sou seu leitor contumaz, de todos os sábados. Parabéns a V. Exª pela iniciativa da homenagem a D. Eugênio Sales.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Sr. Presidente, para encerrar, atendendo a determinação de V. Exª, agradeço ao Senador Sérgio Cabral, lembrando inclusive a criação do Banco da Providência, por iniciativa de D. Eugênio de Araújo Sales, no Rio de Janeiro, que teve grande repercussão, e que, ainda hoje, realiza grandes feitos, e com êxito, em favor dos mais necessitados.

Por último, quero também lembrar a iniciativa de S. Emª em me acompanhar, convidado por mim, para as audiências com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, a fim de solicitar recursos para que o Rio Grande do Norte tivesse programas de abastecimento d’água, por meio, sobretudo, de adutoras e barragens.

Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo tempo que V. Exª nos concedeu para homenagear essa grande figura da Igreja, que é D. Eugênio de Araújo Sales.