Discurso durante a 108ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do Deputado Afonso Gil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento do Deputado Afonso Gil.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2004 - Página 25713
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, AFONSO GIL, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DO PIAUI (PI), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, COMBATE, CRIME ORGANIZADO.
  • HOMENAGEM, DIA, ADVOGADO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não poderia deixar de usar da palavra neste instante para traduzir, aqui, um sentimento de grande pesar do povo do meu Piauí. Quis Deus que hoje fosse o Dia do Estudante e o Dia do Advogado.

Eu vinha lendo, no avião, um livro do grande neurolingüista Lair Ribeiro. Senador Augusto Botelho, o nosso companheiro Lair Ribeiro diz no seu livro: “A vida tem sempre o direito de nos surpreender”. São os mistérios da vida, do nascimento à morte.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP. Fazendo soar a campainha.) - Senador Mão Santa, como se trata de uma palavra de homenagem, eu só queria justificar aos outros oradores o pronunciamento de V. Exª e lhe dar preferência para essa manifestação, por cinco minutos. Assim, evitamos reclamações à Mesa por essa concessão.

Concedo a palavra a V. Exª por cinco minutos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço-lhe, Sr. Presidente. Eu já tinha certeza da sensibilidade de V. Exª, que, com muita justiça e sabedoria, ocupa a Presidência da Casa.

Onze de agosto é também o Dia do Advogado. O Piauí e o Brasil perderam. Eu queria dizer que, nesses 504 anos, creio que ninguém mais, no Ministério Público, excedeu a coragem do piauiense Afonso Gil.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP. Fazendo soar a campainha.) - Há um orador na tribuna. Por favor, pedimos silêncio.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente do PDT, Senador Jefferson Péres, Afonso Gil não foi excedido por ninguém na coragem. S. Exª governava o Estado do Piauí. No combate ao crime organizado, determinei a prisão, pelo poder de polícia delegado a um Governador de Estado, por 30 dias, ao Coronel Corrêa Lima, comandante do crime organizado no Nordeste e centralizado no Piauí.

Senador Jefferson Péres, levam-se anos para se tornar coronel. Ninguém da Justiça do Piauí e do Nordeste teve a coragem de fazer a denúncia. Somente S. Exª teve essa coragem, e, assim, pôde-se enterrar de vez o crime organizado no Piauí. O resto é balela, é demagogia. Só a S. Exª devemos o fim do crime organizado no Estado. Portanto, a coragem era a sua virtude. Deve ser julgado por todos os instantes da sua vida.

Ninguém o excedeu, com toda certeza, no Piauí e, tenho quase convicção, no Brasil. Sentia que se estava exaurindo o prazo determinado para a prisão que eu havia determinado, de 30 dias, e somente S. Exª teve a coragem de fazer a denúncia. E, hoje, o Piauí e o Nordeste livraram-se do crime organizado. Tanto isso é verdade, que esse jovem teve uma carreira política meteórica.

Nasceu no Pará, em uma família de raízes piauienses. Foi eleito consagradamente em Teresina e, conseqüentemente, tornou-se Deputado Federal e por aqui circulou. A sua coragem continuou quando foi eleito pela legenda do PCdoB, aliado ao PT. Rebelou-se contra o seu direito de liberdade de votar nesse Partido totalitário, importado de Cuba, e buscou o Partido da liberdade: o PDT.

Senador Jefferson Péres, vi o povo da Capital do Piauí chorar. E, por ironia do destino, levantavam-se cartazes de Leonel Brizola e de Afonso Gil. Ele estava na disputa da prefeitura, e, de qualquer maneira, perspectivas invejáveis eles tinham.

Mas são os mistérios da vida! Quero aqui - e quis Deus, no Dia do Advogado - dizer que o Piauí é orgulhoso de ter um advogado de coragem que se iguala a Rui Barbosa: Evandro Lins e Silva, que, na época da ditadura, ocupava o Supremo Tribunal Federal, que foi o último refúgio dos que clamavam por justiça. Jesus bradou em um dos seus sermões: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Montaigne disse: “O pão de que mais a humanidade necessita é a justiça”.

Portanto, esta homenagem que fazemos ao PDT, esse extraordinário Partido Trabalhista, Partido que segue Rui, que dá primazia ao trabalho e ao trabalhador, que os homens do núcleo duro e burro não entendem, pois valorizam o que nasce do trabalho e do trabalhador: a riqueza e o dinheiro. Como a Senadora Heloísa Helena continua a dizer, são verdadeiros gigolôs dos donos do dinheiro, do FMI, do BIRD e do Banco Mundial.

Então, é uma perda extraordinária para a Justiça do Brasil e tenho a convicção de que o Ministério Público não encontrou e não viveu exemplo maior de coragem. Eu diria, como Líder do meu Partido: faltando a coragem, faltam todas as virtudes. Sem dúvida nenhuma, fica o exemplo, ao Piauí e ao Ministério Público, da coragem de ter usado o poder sempre para beneficiar os que necessitavam de justiça.

Esta homenagem é extensiva a todos os advogados e, principalmente, à OAB do Piauí, tão bem dirigida pelo jurista Álvaro Mota, que comemora esse evento com simpósios que engrandecem a Justiça. Entendo que valorizar o advogado é fortalecer a Justiça.

Estas são as minhas palavras, de lamento.

Eu, Senador Jefferson Péres, só tenho uma esposa, a Adalgisinha, mas Partido posso ter vários. Sou filiado, casado com o PMDB - mas com o de Ulysses, que disse: “Ouça a voz rouca das ruas” -, no entanto, quero confessar que, na política, tenho uma amante: este extraordinário Partido, o PDT, de Leonel Brizola e desse santo Afonso, da Justiça, e dos brilhantes Senadores capitaneados por Jefferson Péres.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Estas são as palavras de pesar, mas também de grandeza, do Piauí, porque, marque-se, por lá passou Afonso Gil. Ninguém o excedeu, no Ministério Público, em coragem e em fazer justiça.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2004 - Página 25713