Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo Dia do Maçom.

Autor
Luiz Otavio (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira pelo Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2004 - Página 27322
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • DETALHAMENTO, FILOSOFIA, MAÇONARIA, ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, LIBERDADE, DEMOCRACIA, HISTORIA, BRASIL, MUNDO.
  • HOMENAGEM, DIA, MAÇONARIA, CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, ENTREGA, PLACA, COMEMORAÇÃO.

O SR. LUIZ OTÁVIO (PMDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, que tão bem representa o Estado de Tocantins no Senado Federal e que tem a condição de, como Vice-Presidente desta Casa, presidir esta sessão tão importante, Srs. Membros da Mesa, Srªs e Srs. Senadores, povo brasileiro que nos assiste e nos ouve neste momento, a Maçonaria se autodefine, em seus princípios, como “uma instituição universal, essencialmente ética, filosófica e iniciática, cuja estrutura fundamental se constitui em um sistema educativo, tradicional e simbólico”. Sendo fundada no sentimento de fraternidade, a Maçonaria é um centro de união para os homens de espírito livre e de bons costumes, sem distinção de raças, nacionalidades ou credos.

Como instituição educativa, tem por objetivo o aperfeiçoamento do homem e da humanidade. Procura cultivar entre seus membros a busca incessante da verdade, o conhecimento de si mesmo e do homem no meio em que vive para alcançar a fraternidade universal. Por intermédio de seus membros, projeta sobre a sociedade a ação benéfica dos valores e dos ideais que sustenta. Não é uma seita nem é um partido. Exalta a virtude da tolerância e rechaça toda afirmação dogmática e todo fanatismo. Sustenta os postulados de liberdade, igualdade e fraternidade e, em conseqüência, defende a promoção da justiça social e combate os privilégios e a intolerância. Assim, os maçons de hoje, por defenderem, como os de outrora, os ideais de liberdade, de igualdade e de fraternidade, têm o dever de não renunciar aos princípios de “liberdade”, de “democracia” e de “república”.

Na busca da verdade e na obtenção da justiça, é dever dos maçons se manter em lugar avançado no processo evolutivo e integrador do homem e da sociedade. Suas crenças refletem isso diretamente. Os maçons respeitam a opinião alheia e defendem a liberdade de expressão. Almejam unir todos os homens na prática de uma moral universal que promova a paz e o entendimento e que elimine os prejuízos de toda índole. Amam a pátria, respeitam a lei e a autoridade legítima do país em que vivem e em que se reúnem livremente. A Ordem maçônica considera que o trabalho, em todas as suas manifestações, é um dos deveres e um dos direitos essenciais do homem e o meio mais eficaz para o desenvolvimento da personalidade, contribuindo com o progresso social.

Filósofos como Voltaire, Goethe e Lessing; músicos como Beethoven, Haydn e Mozart; militares como Frederico, o Grande, Napoleão e Garibaldi; poetas como Byron, Lamartine e Hugo; escritores como Castellar, Mazzini e Espling são alguns exemplos de uma série de figuras que se notabilizaram em suas áreas de atuação e que também pertenciam aos quadros da Maçonaria.

Mas não foi somente na Europa que maçons se tornaram ilustres para a história da humanidade. Os libertadores da América foram todos maçons. Washington, nos Estados Unidos; Miranda, o Padre da liberdade sul-americana; San Martin e O’Higgins, na Argentina; Bolívar, no norte da América do Sul e Marti, em Cuba. No México, o maçom Benito Juarez assinou a Constituição de 1857 sob o esquadro e o compasso para que não restassem dúvidas de que aquela carta magna era permeada pelo espírito liberal e que seus valores seguiam os ideais defendidos pela Maçonaria.

Nunca teve a Maçonaria um partido político, mas ela sempre foi veículo de ideais políticos. No Brasil, ela atuou decisivamente em vários movimentos patrióticos e de libertação, como a Inconfidência Mineira, a Farroupilha e a própria Independência do Brasil, pois ninguém ignora que o Brasil já estava praticamente desligado de Portugal desde 9 de janeiro de 1822, o Dia do Fico. E o Fico foi um grande empreendimento maçônico, dirigido por José Joaquim da Rocha, fundador, juntamente com um grupo de maçons patriotas, do Clube da Resistência, e verdadeiro organizador dos episódios de que resultou a decisão de D. Pedro de ficar no Brasil. O próprio D. Pedro, que deu o grito de independência, era maçom e chegou a ocupar o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

Não só o movimento da independência, Sr. Presidente, mas também o que levou à proclamação da República, cujos primeiros presidentes, aliás, foram maçons, teve um claro impulso maçônico. Assim também o movimento abolicionista. Na luta pela abolição da escravatura, as lojas maçônicas promoviam quermesses no intuito de levantar fundos para a alforria dos escravos. A Lei do Ventre Livre, a Lei dos Sexagenários e a própria Lei Áurea foram conquistas dos ativistas maçônicos. Em torno desses ideais, mobilizou-se a Maçonaria e, por intermédio de seus membros, conseguiu os resultados de que tanto nos orgulhamos.

A Maçonaria, historicamente e nos últimos três séculos, lutou de forma corajosa contra as ditaduras, foi porta-voz dos brados nacionalistas e lutou contra todo tipo de opressão imperialista, sendo muitas vezes perseguida por defender essas liberdades, combater as tiranias e os privilégios e por ter cometido os imperdoáveis crimes do livre pensar e da busca pela verdade.

No entanto, há quem diga que no último século, especialmente no Brasil, ela se aquietou. É certo que os tempos são outros, mas engana-se, Sr. Presidente, quem pensa que a Maçonaria perdeu sua força. Ela continua vigilante e atuante, porém de maneira serena, cautelosa e fiel à sua vocação pacifista, progressiva, ordeira e, acima de tudo, discreta. Sempre atenta à realidade nacional que nos cerca, vem pautando seus trabalhos com exemplar fidelidade a esses princípios e postulados. Prova disso é que, além dos trabalhos filantrópicos, sociais e educativos que as milhares de lojas maçônicas executam constantemente pelo Brasil afora, a CMSB - Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, constituída pelas vinte e sete Grandes Lojas Maçônicas do Brasil, reunidas em sua XXXIII Assembléia Geral, em Manaus, no período de 2 a 6 de julho próximo passado, manifestou, por meio de uma “Proclamação à Nação Brasileira”, sua preocupação com a soberania nacional, lançando um alerta à Nação para a grave realidade da ameaça velada de fracionamento do nosso território em benefício de países estrangeiros, notadamente aqueles sempre ávidos por mais e mais riquezas, no propósito subjacente da criação de uma nação indígena reconhecida internacionalmente, em área contínua, dentro do território brasileiro. Disso poderá resultar, afora manifesta ofensa à soberania nacional, a própria desnacionalização da Amazônia por ação de organismos internacionais em ação livre naquela região.

Srªs e Srs. Senadores, senhores maçons e nossas cunhadas presentes a esta sessão, assim foi e tem sido a atuação da Maçonaria com relação ao Brasil, sempre apoiando e lutando para a concretização dos ideais mais nobres da Pátria, comprometendo-se em favor da liberdade e condenando as injustiças. Em razão de todas essas considerações, cabe aqui a nossa homenagem à Ordem Maçônica e aos Obreiros da Paz - como são conhecidos os maçons - pelos muitos serviços que eles têm prestado à democracia, à República e ao Brasil.

Sr. Presidente, no ano passado, nesta mesma data, em cerimônia semelhante a esta e com a mesma finalidade de prestar homenagem a esta instituição tão significativa que é a Maçonaria, o ilustre Senador Ramez Tebet, aparteando o discurso do nobre Senador Efraim Morais, disse “(...) no campo cívico, no campo político, a Maçonaria é a própria história da nossa Pátria, é a própria história do Brasil”. Com muita propriedade, essas palavras refletem o reconhecimento que esta Casa da Democracia - defensora que é da nossa República - reserva à Maçonaria como uma das instituições civis mais importantes da história, com uma atuação que muito contribuiu não só para a evolução do Brasil, mas também da humanidade como um todo.

Tudo isso justifica suficientemente o fato de estarmos hoje aqui prestando esta homenagem à Maçonaria. Mas para nós, homens públicos, a Maçonaria tem ainda um apelo especial. Refiro-me ao ensinamento maçônico de que não se pode fazer uma sociedade mais justa e mais fraterna a não ser com dirigentes mais justos e mais fraternos. Assim, reserva a Maçonaria, para seus adeptos, o dever de serem líderes de sua coletividade. E toda vez que um maçom se recusa a exercer seus deveres, na linguagem de sua iniciação, torna-se um perjuro.

Imbuído desse justo motivo, Sr. Presidente, é que neste dia tão importante, pretendo prestar homenagens a maçons que hoje se fazem presentes a esta sessão e que fizeram do bem comum um ideário de vida pessoal e profissional.

Ao ilustre Luiz Fernando Rodrigues Torres, Soberano Grande Comendador do Grau 33°, e atual Presidente da XVI Conferência Mundial dos Supremos Conselhos, um brasileiro no pódio mais alto dos Graus Filosóficos, elevando, dessa forma, o nome do nosso País diante das demais nações do mundo, brilhante advogado com 48 anos de serviços prestados na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro,onde atuou em importantes cargos, chegando a se aposentar como Diretor do Departamento de Assuntos Jurídicos.

Ao ilustre Ronaldo de Brito Leite, sereníssimo Grão-Mestre da Mui Respeitável Grande Loja Maçônica do Estado do Amazonas e Presidente da XXXIII Assembléia Geral Ordinária da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil -CMSB, empresário de sucesso e pessoa de grande respeito e conceito na sociedade amazonense.

Ao ilustre Desembargador Pedro Luiz Ricardo Gagliard, Sereníssimo Grão-Cruz da Mui Respeitável Grande Loja do Estado de São Paulo, que obteve sua reeleição a tão honrado cargo com a chapa “Transparência, honestidade e Verdade”, conseguindo o apoio de diversos segmentos maçônicos em razão dos avanços da Grande Loja de São Paulo durante sua administração, dando novos rumos à Maçonaria paulista, hoje sendo a Grande Loja brasileira com o maior número de obreiros. Homem de invejável cultura, o Sr. Gagliard já serviu ao País no exterior com o honroso cargo de embaixador brasileiro em diferentes países.

Ao ilustre Victor Swami Ribeiro Alves, brilhante advogado atuante no Fórum de Belém do Pará - falar do Pará sempre emociona a todos nós -, economista, contador, oficial da Aeronáutica brasileira, que a partir do mês de setembro, estará1dirigindo os destinos da Maçonaria Paraense como Sereníssimo Grão-Mestre, eleito com todo o mérito pelos membros daquela Potência Maçônica.

Faço um adendo todo especial para homenagear outras autoridades, amigos, irmãos maçônicos, ao ilustre Professor Doutor Leonardo Placucci, Magnífico Reitor das Faculdades Uni Sant’Anna, de São Paulo, que, apesar de ter vindo de família humilde, soube lutar pela sobrevivência de sua família desde os sete anos de idade, começando na humilde profissão de sapateiro; formou-se advogado, especializando-se em defender as causas dos mais humildes e necessitados; tornou-se um grande vencedor na área de educação, sem nunca ter se afastado dos ideais de vida comum em nossa sociedade.

Ao ilustre Ismael Raimundo, destacado empresário da sociedade amazonense, que na próxima semana será empossado no cargo de Venerável Mestre da Loja Maçônica Esperança do Porvir nº 1, que neste ano completa 100 anos de fundação - a mais antiga Loja Maçônica do Estado do Amazonas. A maior realização daquela Loja, Sr. Presidente, é a assistência às crianças necessitadas, destacando-se a criação da campanha do “Natal das Crianças Pobre”, com mais de vinte mil cestas básicas distribuídas no dia de Natal, modelo hoje imitado por Lojas de todo o País.

Finalmente, quero prestar minha homenagem ao ilustre Carlos Alberto Pampolha Nunes, Diretor-Presidente do jornal maçônico O Vigilante, órgão divulgador do pensamento e dos ideais maçônicos, nacional e internacionalmente conhecido. Militando há mais de 30 anos na imprensa maçônica, o Sr. Carlos Alberto tem 35 anos de exemplar serviço prestado à Câmara Municipal de Belém, agraciado com a comenda de Honra ao Mérito daquele Poder Legislativo. Na ocasião, tive a felicidade de servir como Vereador de Belém, tendo sido Presidente da Câmara Municipal do meu Estado do Pará, na cidade de Belém.

Para todos os maçons espalhados pelo nosso Brasil, fica registrada dessa forma a minha homenagem, fazendo votos para que os ideais maçônicos continuem sendo fonte de inspiração a esses e tantos outros brasileiros que torcem pelo País.

Finalmente, presto uma homenagem especial ao Sr. Junishiro Yamada, um homem de muito trabalho, de muita realização, um abnegado da nossa ordem, que chegou à Amazônia como imigrante japonês, e hoje está lá instalada a sua estrutura empresarial, organizacional. Estendo também esta homenagem a sua família.

Sr. Presidente, antes de encerrar, pois há outros oradores inscritos, peço um minuto da atenção de V. Exªs para entregar rapidamente às pessoas aqui citadas, nossos homenageados, uma pequena lembrança, uma placa em homenagem a este momento: Luiz Fernando Torres, Ronaldo de Brito Leite, Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Victor Swami Ribeiro Alves, Junishiro Yamada, Leonardo Placucci, Ismael Raimundo e Carlos Alberto Nunes para receberem a nossa homenagem.

Muito obrigado Sr. Presidente. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2004 - Página 27322