Pronunciamento de Ney Suassuna em 23/08/2004
Discurso durante a 115ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Dificuldades dos atletas brasileiros para disputar as olimpíadas.
- Autor
- Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: Ney Robinson Suassuna
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ESPORTE.:
- Dificuldades dos atletas brasileiros para disputar as olimpíadas.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/08/2004 - Página 27400
- Assunto
- Outros > ESPORTE.
- Indexação
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- CRITICA, INFERIORIDADE, PATROCINIO, ATLETAS, DEFESA, NECESSIDADE, DESBUROCRATIZAÇÃO, INCENTIVO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, CUBA, RUSSIA.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Olimpíada já passou do seu meio, já está quase terminando. Foi um acontecimento incrivelmente bonito. As esperanças brasileiras eram muitas, mas a realidade tem sido muito dura para nós, que temos, até agora, três medalhas: uma de ouro; duas de bronze.
A imprensa, como não poderia deixar de fazer, fez a propaganda de muitos dos nossos heróis atléticos. Hoje muita gente frustrou-se com a apresentação da nossa Daiane dos Santos.
Esses atletas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são heróis. Quem visita países que costumeiramente estão na ponta no ganho de medalhas verifica que o Estado se comporta de modo diverso do nosso. Estive em Cuba e pude constatar que, mal uma criança demonstra pendores para o atletismo, imediatamente é retirada da escola normal e passa a freqüentar uma escola especial, onde é treinada e recebe apoio para se tornar um atleta. Não é diferente na China ou na Rússia.
No Brasil, as coisas não funcionam assim. Em primeiro lugar, há um cartório na área dos esportes, e os cartolas não permitem que a verba chegue ao final do treinamento. Muitos dos recursos perdem-se no meio. Em segundo lugar, não há o treinamento e nem as possibilidades que existem em outros países, às vezes até mais pobres que o nosso.
Por essa razão, aproveitando o exemplo dessa Olimpíada, em que tivemos tanta esperança e tão poucas medalhas até agora, seria bom que aprendêssemos a lição, tornando nossos atletas profissionais e procurando desburocratizar o sistema no sentido de formarmos atletas à altura do treinamento internacional.
Ao falar em treinamento, cito o exemplo da minha conterrânea, que compete na área do judô e que trabalha duro para sobreviver. Somente nas horas vagas pode treinar a fim de enfrentar atletas olímpicos.
No caso de Daiane dos Santos, que está fora da faixa etária, trata-se de um verdadeiro fenômeno. Se estivesse em outro país, talvez tivesse sido algo espetacular. Mas aqui, por todas as dificuldades, somente em faixa etária bastante avançada pôde chegar a concorrer.
Quantos milhares de atletas não perdemos por falta de oportunidade e de seleção! Verifiquem os que temos: quantos conseguimos levar para as olimpíadas, quantos ganharam medalhas para o Brasil e quantos não foram sacrificados em sua vida e enfrentaram dificuldades sérias para poder subir num pódio representando o País!
Lamentavelmente, nossa política para a área de esportes não é das melhores. Está melhorando, mas estamos longe de ser um país que vibra por sabermos que serão ganhas as medalhas esperadas.
Era o registro que gostaria de fazer. É frustrante ver tantas pessoas com esperança sem, no final, conseguir obter o sucesso que gostaríamos. Mas é hora de aprendermos com os erros. É hora de consertarmos essa política não apenas com relação à desburocratização dos edifícios que são as federações, mas incentivando os atletas e criando condições para que eles possam brilhar e representar bem o País.
Muito obrigado, Sr. Presidente.