Discurso durante a 118ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao artigo publicado no jornal Correio Braziliense, do subeditor de economia daquele jornal, Carlos Alberto Júnior, em sua coluna Brasil S/A, encimada pela indagação "o agronegócio vai nos salvar?".

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Comentários ao artigo publicado no jornal Correio Braziliense, do subeditor de economia daquele jornal, Carlos Alberto Júnior, em sua coluna Brasil S/A, encimada pela indagação "o agronegócio vai nos salvar?".
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2004 - Página 27745
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ANALISE, DADOS, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), SUPERIORIDADE, PARTICIPAÇÃO, AGROPECUARIA, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), EXPORTAÇÃO, MERCADO DE TRABALHO, NECESSIDADE, AUMENTO, CREDITO AGRICOLA, DEFESA, AMPLIAÇÃO, VALOR, PRODUTO, BENEFICIAMENTO, INDUSTRIALIZAÇÃO, DIFICULDADE, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL, MERCADO INTERNACIONAL.
  • ELOGIO, AUMENTO, RENDA, CAMPO, PROGRAMA, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), FINANCIAMENTO, MECANIZAÇÃO, AGRICULTURA, APOIO, MINISTERIO DA DEFESA, PEQUENA EMPRESA, TRANSPORTE AEREO, ATUAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), PESQUISA AGROPECUARIA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, MANEJO ECOLOGICO, FLORESTA AMAZONICA.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Sr. Senadores, o agronegócio, em nosso País, reunindo toda a cadeia produtiva, desde o plantio até a comercialização dos produtos, deve movimentar R$537,7 bilhões no corrente ano, correspondentes a cerca de um terço do Produto Interno Bruto - PIB.

Tal afirmativa foi há pouco divulgada pelo subeditor de economia do Correio Braziliense, Carlos Alberto Júnior, em sua coluna “Brasil S/A”, encimada pela indagação “o agronegócio vai nos salvar ?”

O articulista esclarece que o setor emprega 18 milhões de pessoas, ou quase 38% da força de trabalho, em todo o País, e responde por 42% das exportações, avaliadas em R$90 bilhões, aproximadamente.

O reflexo desses números no cotidiano da população, segundo o Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, há de ser observado no fato de que “sem o produtor de cevada não haveria a cerveja, o trabalho do motorista do caminhão que transporta a bebida, nem o do funcionário da fábrica de tampinhas”, numa demonstração da “importância do agronegócio para o desenvolvimento do País”.

Com efeito, o setor, apesar dos subsídios e das barreiras impostas pelos Estados Unidos e pelos países da União Européia, apresenta resultados tão surpreendentes que merece ser observado com mais atenção.

Não faz muito, anunciou-se a decisão governamental da liberação de R$39,45 bilhões para o plantio da nova safra, determinando reclamações de parte dos agricultores. Isso porque, a despeito do crescimento de 45,3% na totalidade dos recursos, os produtores apontam que “os custos aumentaram em proporção maior e o montante não atende à demanda do segmento”.

Realmente, o amparo dos subsídios estatais na economia brasileira continua a ser reduzido. Devo dizer, porém, que o grande mérito do agronegócio está no fato de uma parcela do empresariado que se dedica ao ramo ter “abandonado o chororô” típico de alguns setores da economia.

Melhor para quem não esteve sempre de olho nas burras oficiais e investiu capital privado em tecnologia, pesquisa e mão-de-obra qualificada. O resultado está na excelência do desempenho da balança comercial e na relevante participação do País no cenário agrícola internacional.

O estudo de alguns indicadores econômicos demonstra as razões que tanto preocupam as nações desenvolvidas: o Brasil vende cerca de 80% do suco de laranja consumido em todo o mundo; responde por quase 40% do mercado mundial de soja; e por 30% do consumo mundial de açúcar.

O problema está, segundo o colunista, no “valor adicionado em cada etapa da produção de um determinado bem”. Exemplifica que, ao se exportar um quilo de soja, se aufere renda de R$10,00. Todavia “o lucro obtido com a venda de um litro de óleo de soja poderia ser, no mínimo, o dobro”, em decorrência do aumento do valor adicionado em cada etapa da produção do óleo, “desde a chegada dos grãos à fábrica até o consumidor encontrá-lo na prateleira do supermercado”.

Isso explica as barreiras do comércio internacional aos produtos brasileiros. A Alemanha não dispõe de um só pé de café e, no entanto, é uma das potências mundiais de café solúvel. Para nós, é fácil vender grãos de café para os europeus. Mas, se tentarmos ocupar espaço mais significativo no mercado europeu de café solúvel, “sobretaxas, cotas e todas as artimanhas comuns aos subterrâneos do comércio internacional surgem com o objetivo de sufocar a expansão do produto tupiniquim”.

Para aquele mercado, o Brasil pode continuar como o celeiro do mundo, fornecedor de produtos básicos. Os lucros com os produtos de maior valor agregado ficam com as multinacionais.

Não obstante, “o agronegócio brasileiro continuará a trazer cada vez mais dinheiro para o País”. Contamos com área para novos plantios, um território equivalente ao de vários países da Europa. Há mais de dez anos, a safra de grãos cresceu 125%, aproximadamente, ao passo que a área plantada “cresceu menos de um quarto”.

Esse desempenho deriva de investimento pesado em tecnologia e pesquisa, produzindo lucro. Apenas no ano passado, o faturamento com a venda de soja no mercado externo injetou R$24 bilhões na economia brasileira.

Em junho, as exportações do agronegócio totalizaram US$4,4 bilhões, um recorde histórico mensal. Em 12 meses, com exportações de US$35,5 bilhões, o saldo comercial do agronegócio superou, pela primeira vez, a barreira dos US$30 bilhões.

Indicadores econômicos relacionados ao agronegócio atestam que “os dólares que entram no País têm provocado o aumento da renda no campo”. Também, contribuem para a melhoria da qualidade de vida, permitindo a construção de escolas e hospitais pelos próprios produtores, sem um único centavo de verba pública.

A indústria de insumos, máquinas agrícolas e caminhonetes avança rápida e seguramente, enquanto o Moderfrota, o programa federal de financiamento com juros baixos, permitiu a renovação de um terço do número de tratores e de quase a metade das colheitadeiras.

Ao mesmo tempo, projeto do Ministério da Defesa, reconhecendo que as empresas aéreas de pequeno porte têm no agronegócio o seu nicho mais promissor, intenta estimular a aviação regional, com seu benéfico impacto no setor agrícola, ampliando a malha aérea para o atendimento das comunidades interioranas ainda desprovidas de aeroportos.

Conforme aqui adiantamos não faz muito, o potencial produtivo da floresta plantada na Amazônia é ímpar e atende, inclusive, às preocupações internacionais, basicamente quanto à necessidade de se implementar as oportunidades de seqüestro de carbono. Por seu turno, a perenização da atividade madeireira na região passa por uma forte política de apoio ao reflorestamento e ao manejo da floresta natural.

            Conclusivamente, a pesquisa agropecuária e florestal que constitui o objetivo da Embrapa, detém um papel básico no desenvolvimento nacional, pois, ao disponibilizar alternativas tecnológicas viáveis, propicia o desenvolvimento sustentável da agropecuária, conciliando produção com preservação ambiental, o que representa um recurso estratégico para o seguro combate de eventual crise social e econômica.

Era o que tínhamos a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2004 - Página 27745