Discurso durante a Reunião do Senado Federal, no Senado Federal

Registro do artigo intitulado "Os censores e o bornal", de autoria do Senador Alvaro Dias, publicado no Jornal do Brasil, do último dia 17.

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro do artigo intitulado "Os censores e o bornal", de autoria do Senador Alvaro Dias, publicado no Jornal do Brasil, do último dia 17.
Publicação
Publicação no DSF de 31/08/2004 - Página 28249
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CRITICA, AUTORITARISMO, PROPOSTA, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, CONSELHO FEDERAL, JORNALISMO, AGENCIA NACIONAL, CINEMA, AUDIOVISUAL, TENTATIVA, RESTRIÇÃO, ATUAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, LIBERDADE DE EXPRESSÃO, FUNCIONARIO PUBLICO.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer o registro do artigo intitulado “Os censores e o bornal”, de autoria do Senador do PSDB Alvaro Dias, publicado no Jornal do Brasil, de 17 de agosto do corrente.

Em seu artigo, o nobre Senador trata das propostas autoritárias do Governo de criação do Conselho Federal de Jornalismo - CFJ e da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual - ANCINAV, além da tentativa de neutralizar o Ministério Público e cercear as movimentações dos servidores públicos.

Concluindo, Sr. Presidente, requeiro que o artigo de autoria do Senador Alvaro Dias no Jornal do Brasil de 14 de agosto do corrente seja considerado como parte integrante deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Jornal do Brasil, 17 de agosto de 2004

            Os Censores e o Bornal

Senador Alvaro Dias

Sob os auspícios do governo federal, assistimos a uma onda vertiginosa de autoritarismo varrer o País. O projeto de lei enviado pelo presidente da República ao Congresso Nacional criando o Conselho Federal de Jornalismo é uma agressão perpetrada contra a profissão e a liberdade de informar.

No campo da cultura o governo Lula, igualmente, deu uma demonstração de caráter autoritário ao propor meios de controle e fiscalização das atividades cinematográficas e audiovisuais, consubstanciado na Ancinav. A intenção é controlar a imprensa, a produção cultural e a manifestação artística.

As incursões autoritárias vão além das já mencionadas. Há a lei da Mordaça para neutralizar o Ministério Público e, agora, projetam um “tapume” para silenciar e cercear as movimentações do servidor público. O presidente Lula, por sua vez, deverá assinar decreto permitindo que o sigilo bancário ou telefônico, uma vez autorizado pela Justiça, possa ser compartilhado por órgãos do governo.

O que nos estarrece sobremaneira, nessa escalada autoritária, é imaginar que todos os lances foram engendrados pelos condestáveis do Palácio do Planalto.

A dualidade do Partido dos Trabalhadores ganha contornos surpreendentes, a cada semana. Na Venezuela, o partido interfere abertamente em um referendo para decidir sobre a permanência do presidente Hugo Chávez no poder. No plano interno, o PT respalda a atuação dúbia do seu tesoureiro.

É de domínio público que o senhor Delúbio Soares faz peregrinação nos meios empresariais e governamentais, em busca de fundos para construção da sede do PT, um majestoso prédio de 18 andares a ser erguido no bairro Paraíso, na capital paulista. No interior de Goiás um hábito do tesoureiro-mor vem se tornando lenda: comprar terras com dinheiro vivo, trazido num bornal.

Enquanto isso, o ministro Luiz Gushiken, de algum dos seus gabinetes na capital da República, envia lições sobre a liberdade. É o mais novo teórico do PT na praça.

Em meio à torrente de autoritarismo que assola o País, a reeleição foi alçada à ordem do dia. O segundo mandato de Lula é um lance calculado da bem delineada estratégia de poder do PT. Aliás, a gestão administrativa do atual governo é um simulacro de ações. O que existe de fato é um projeto de poder alicerçado numa máquina de propaganda e marketing, de visível contorno autoritário, norteando cada passo do governo.

A rotina governamental instaurada a partir da posse do presidente Lula é atípica em gênero, número e grau. Cenas insólitas foram incorporadas ao cotidiano do Planalto. Ao perfazer dezessete meses de governo, o ministro José Dirceu partiu em viagem de recreio para a ilha de Fidel Castro, enquanto o seu colega Aldo Rebelo foi flanar na República Popular da China.

O primeiro Mandatário é pouco afeito às tarefas e encargos inerentes ao chefe do Poder Executivo. Entre viagens internas e ao exterior, o presidente estará ausente de Brasília por 20 dias no mês de agosto corrente.

Ao longo dos seus afastamentos, ficamos à mercê do seu habitual açodamento verbal, mesclado por declarações que oscilam ao sabor das condições atmosféricas de cada escala dos seus tortuosos roteiros internacionais.

Nem mesmo o mais empedernido dos opositores seria capaz de supor o feitio totalitário que nos parece tão bem talhado à alma petista. Inegavelmente, eram feições inimagináveis e propensões impensáveis até o dia 1° de janeiro de 2003.

A julgar pela reação esboçada em episódios recentes e bastante emblemáticos, aqueles que ousarem se insurgir contra os planos traçados pelos cérebros petistas serão confinados aos redutos dos contendores eleitorais em desalinho.

Pelo visto, no cenário dos censores petistas, a única peça inusitada na indumentária do partido é o bornal do tesoureiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/08/2004 - Página 28249