Discurso durante a 122ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pela passagem do Dia do Exército e do Soldado, no último dia 25 de agosto.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pela passagem do Dia do Exército e do Soldado, no último dia 25 de agosto.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2004 - Página 28882
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, SOLDADO, ELOGIO, ATUAÇÃO, LUIS ALVES DE LIMA E SILVA, PATRONO, EXERCITO, DEFESA, ORDEM PUBLICA, PAIS.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o 25 de agosto é data marcante no calendário cívico nacional. Ele assinala a passagem do Dia do Exército e do Soldado. Poucas instituições e poucos profissionais desempenham, como eles, papel tão relevante na condução dos destinos da Pátria. Daí que a Nação, com júbilo e orgulho, se irmana nas homenagens a esses seus valorosos defensores.

Há uma singularidade na formação do Exército Brasileiro que, muito provavelmente, explica a extraordinária vinculação desta Força ao sentimento nacional, sua profunda ligação à alma do povo brasileiro. Com efeito, o surgimento de nosso Exército, entendido como a instituição que hoje conhecemos, prende-se fundamentalmente às camadas mais populares da sociedade brasileira.

Ainda que se possa encontrar no período colonial as raízes mais longínquas de nosso Exército, ainda que se considere a Guarda Nacional surgida no crítico período das Regências - entre a abdicação de D. Pedro I e a ascensão ao trono de D. Pedro II - como sua precursora razoavelmente remota, é apenas em meados da segunda metade do século XIX que ele adquire a configuração que o consagraria como uma das mais sólidas, profissionais e influentes instituições do Estado brasileiro.

Naquele contexto, Sr. Presidente, o Brasil se viu na contingência de enfrentar poderoso inimigo externo, agredido que foi pelas forças paraguaias, sob o comando do expansionista Solano López. A invasão do Mato Grosso pelas tropas guaranis não deixou ao Brasil alternativa que não a defesa de nossa integridade territorial.

O Cone Sul conheceu, então, entre 1866 e 1870, o mais violento, difícil, doloroso e dispendioso conflito regional. Foi preciso que brasileiros, argentinos e uruguaios unissem suas forças para o necessário combate a quem procurava desestabilizar a região platina.

Se trouxe perdas irreparáveis, com milhares de mortos e feridos, a Guerra da Tríplice Aliança também possibilitou resultados memoráveis. Nela, bravura e patriotismo deram o tom da participação de nossos combatentes. Nela, lideranças se agigantaram e seu símbolo maior, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, viria a ter sua memória perenizada na condição de Patrono do Exército. Tão forte e profundamente seu exemplo foi assimilado pelos brasileiros que seu nome deixou de ser substantivo próprio para, como adjetivo, significar correção, esforço, dedicação e compromisso com o cumprimento do dever.

Mais significativo, ainda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que as tropas que formavam o nascente Exército Brasileiro eram constituídas, em sua esmagadora maioria, por pessoas simples, autênticos homens do povo, recrutados em todos os recantos do País. Na defesa da liberdade, milhares de escravos se inscreviam em suas fileiras, sabendo que o final das hostilidades significaria a alforria. Voluntários da Pátria, expressão consagrada pela memória nacional, partiam dos quatro cantos para defender o Brasil e fazer retornar o clima de paz no Continente.

É assim, definitiva e profundamente, que o nascimento do Exército Brasileiro se vincula aos estratos sociais mais populares de nosso País. À maneira de um compromisso irrevogável, essa relação entre Exército e povo jamais deixou de existir, inclusive nas vezes em que a instituição se viu levada a interferir no processo político.

A decrepitude do regime monárquico, visível em sua incapacidade de responder às demandas de um País que se dinamizava, especialmente nas últimas décadas do século XIX, foi nitidamente percebida pelo Exército, razão pela qual ele se constituiu no principal e decisivo protagonista no momento da proclamação da República. Deixando o poder aos civis, após os governos inaugurais dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, cedo compreendeu o Exército a dimensão dos descaminhos da República Velha.

Na tentativa de reverter um quadro que, a cada dia, mais afastava a Nação do verdadeiro ideal republicano, não foram poucas as vezes em que o Exército procurou exercer uma influência moralizante na vida política nacional. Isso explica, por exemplo, a ação da jovem oficialidade, representada pelo tenentismo, nos movimentos de 1922, 1924 e na finalmente vitoriosa revolução de 1930.

Esse mesmo Exército sustentou a política modernizadora da Era Vargas. Esse mesmo Exército foi combater, nos campos da Itália, a barbárie nazi-fascista. Esse mesmo Exército deu sua notável contribuição na redemocratização do País, em 1945. Enfim, é motivo de orgulho para todos nós, brasileiros, termos um Exército servindo ao Estado Democrático de Direito. Finalizo enaltecendo o trabalho da assessoria parlamentar do Exército nesta Casa, sob o comando do competente General de Brigada Rubem Peixoto Alexandre, que representa com decência e elevado sentimento público a arma que, orgulhosamente, serve.

Em suma, Sr. Presidente, a História do Exército Brasileiro, outra coisa não é senão páginas de glórias, de amor à Pátria e de compromisso com os princípios e ideais com os quais nos identificamos. Por isso, desta Tribuna, registro a passagem de tão significativa data, cumprimento a todos os integrantes da instituição e congratulo o Alto Comando do Exército, na figura do ser Comandante maior - General de Exército Francisco Roberto de Albuquerque, pela condução serena e firme desta instituição da qual tanto nos orgulhamos e à qual tanto temos a agradecer.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2004 - Página 28882