Discurso durante a Reunião do Senado Federal, no Senado Federal

Críticas às declarações da prefeita Marta Suplicy, ontem, durante palestra para empresários do setor financeiro, de que a vitória da Oposição, em São Paulo, pode provocar um "estado de crise política" no País.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Críticas às declarações da prefeita Marta Suplicy, ontem, durante palestra para empresários do setor financeiro, de que a vitória da Oposição, em São Paulo, pode provocar um "estado de crise política" no País.
Publicação
Publicação no DSF de 10/09/2004 - Página 29147
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, DECLARAÇÃO, MARTA SUPLICY, PREFEITO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APREENSÃO, RISCOS, CRISE, NATUREZA POLITICA, PAIS, POSSIBILIDADE, VITORIA, OPOSIÇÃO, ELEIÇÕES, PREFEITURA MUNICIPAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o disparate é tamanho e só pode ser interpretado na base do indesmentível ditado: de duas, uma: ou é desespero de quem vê a derrota muito próxima ou é o grito de quem acha que não pode perder (poder).

            O disparate é da petista Marta Suplicy, candidata à reeleição como Prefeita de São Paulo. O grito é de gente pouco afeita à vida democrática. O desespero é de quem está em vias de perder a eleição e finge acreditar que tudo irá por água abaixo.

            A Prefeita falou a empresários financeiros, como se estivesse diante de um bando de tolinhos. Tolice é o ela que disse: se vier a ser derrotada, o País será tomado por uma grave crise. Eis, textualmente, suas mirabolantes palavras: pode provocar um "estado de crise política" no País.

            Aonde chegamos. Quosque tandem abutere, Marta, patientia nostra?

            A Prefeita, o presidente do PT, José Genoíno, e outros petistas parecem não entender que, para os democratas, como os Tucanos, não há risco de quebra de seqüência do programa econômico em curso, todo ele baseado no Governo FHC.

            Se ameaça existe será contra o projeto do Governo de se perpetuar no poder, de implantar um Estado autoritário, com cerceamento da liberdade de imprensa e de opinião, controle das atividades artísticas e culturais. Essa sim é a ameaça que paira sobre o País.

            Sr. Presidente, estou incluindo neste pronunciamento o noticiário de hoje sobre o disparate que coloca o PT na nova senda, a senda do desespero. Assim, o historiador de amanhã encontrará nos Anais do Senado da República elementos para aferição do que terá sido a passagem do PT pelo Governo.

            Muito obrigado.

 

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            DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

            (Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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            Matéria referida:

            Marta diz que haverá crise no País se for derrotada  
Para ela, oposição planeja usar Prefeitura contra Lula, antecipando a campanha presidencial

            SILVIA AMORIM

            A prefeita Marta Suplicy (PT) disse ontem, durante palestra para cerca de 50 empresários do setor financeiro, que a vitória da oposição, em São Paulo, pode provocar um "estado de crise política" no País. Num discurso que, em sua maior parte, foi lido, ela advertiu, em tom solene, que "as forças organizadas da sociedade paulista deverão escolher com clareza o caminho que o País percorrerá nos próximos dois anos: o aprofundamento da atual política econômica ou o estado de crise política". Segundo ela, "o que deve ficar claro é que o objetivo da oposição é utilizar a Prefeitura como instrumento de oposição ao governo federal. E a escolha, concluiu, "vai ser do eleitor."

            Do começo ao fim a prefeita antecipou, na prática, a disputa presidencial de 2006, alternando elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Explicou, por exemplo, que a Prefeitura tem no governo Lula um grande parceiro e que isso traz vantagens para a cidade. Para mostrar a importância desse bom relacionamento, comparou-o com o período final do governo FHC, quando a Capital, segundo ela, ficou a "pão e água". "As torneiras para São Paulo foram fechadas no governo anterior", disse. "Para vocês terem uma idéia, no último ano do presidente Fernando Henrique, foi distribuído R$ 1,5 bilhão para a urbanização de favelas, mas São Paulo, que tem metade das favelas do País, não recebeu um tostão", afirmou. "Agora, em um ano e meio do governo Lula, já recebemos R$ 1,2 bilhão em convênios e empréstimos que haviam sido feitos anteriormente, mas que os recursos não foram liberados."

            Elogios - Os elogios ao governo Lula foram a tônica de sua fala. No mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, passou a participar das suas inserções publicitárias pela TV, a prefeita dedicou-se a elogiar a atual política econômica. "Partindo da gravíssima situação legada pelo governo de Fernando Henrique, Lula foi capaz de gerir a crise e lançar as bases para que o Brasil hoje experimente um crescimento da ordem de 4,5% do PIB", disse a prefeita, lendo o texto preparado por sua assessoria. E continuou: "O presidente Lula e o ministro Palocci em nenhum momento cederam à demagogia ou populismo e tiveram firmeza para conduzirem uma transição que era muito difícil."

            Por fim, a prefeita citou algumas conquistas do Planalto, como o controle da inflação, a geração de empregos e a recuperação a renda das camadas mais pobre da população, para concluir que "o caminho escolhido está certo".

            Essa não foi a primeira vez que Marta incluiu os feitos do governo Lula em seu discurso, mas em nenhuma outra vez a estratégia de federalização da campanha - que o PT dizia que iria evitar - foi tão evidente. Nos primeiros momentos da disputa, os petistas temiam que a baixa popularidade do governo Lula viesse prejudicar o desempenho dos candidatos. Em agosto, com os bons índices de recuperação da economia, a estratégia parece ter mudado: a boa imagem do governo Lula pode tornar-se um bom chamariz de votos.

             Direção nacional do PT eleva tom contra os tucanos  
Em passeata de apoio a Marta, em SP, Genoíno promete derrotar a arrogância do PSDB

            A direção nacional do PT elevou o tom contra o seu principal adversário, o PSDB, em passeata de apoio à candidatura da prefeita petista Marta Suplicy, no centro de São Paulo. "Vamos derrotar a arrogância do tucanato", discursou o presidente do partido, José Genoíno, às 500 pessoas que participaram do ato, segundo os organizadores. "É nas ruas que vamos ganhar", disse.

            O clima de confronto se acentuou na terça-feira, quando o candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, acusou o PT de ter "enorme dificuldade" de lidar com derrotas. O tucano afirmou, ainda, que os petistas estão usando a máquina administrativa municipal e federal nas eleições municipais.

            Genoino usou o mesmo recurso, com críticas ao governador paulista, Geraldo Alckmin, uma das principais estrelas nos programas do horário eleitoral de Serra na TV. "O governador virou garoto-propaganda. Mas com a militância, essa força e essa garra petista, ao lado do preparo da prefeita Marta, vamos derrotá-los", disse o presidente do PT.

            Genoino aproveitou para atacar os vereadores do PSDB, pelo fato de eles terem votado contra alguns projetos de Marta. "Eles não se mostram contra agora porque têm medo de perder voto. Mas tentaram evitar que esses projetos existissem", afirmou o presidente do PT, que já havia feito tal crítica no programa do horário eleitoral gratuito de televisão.

            A passeata começou por volta de 12h30 e durou cerca de uma hora. Os militantes petistas se concentraram na esquina das Ruas São Bento e São João. Caminharam pela Rua 15 de Novembro, até a Praça do Patriarca, próximo da sede da Prefeitura, de onde voltaram para a São Bento. Pelo trajeto, os militantes petistas distribuíam material de campanha e pediam votos para a reeleição de Marta.

            Estilo - Além de Genoíno, estavam presentes o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ex-marido de Marta, e o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "O corpo-a-corpo ajuda a potencializar o material que temos. Esse é o meu estilo de fazer campanha. É o estilo de o PT fazer campanha", disse o presidente do PT, em entrevista.

            Alguns candidatos a vereador petistas também participaram da passeata, entre eles o ex-secretário municipal da Habitação Paulo Teixeira, o ex-secretário municipal de Comunicação José Américo, Pampa e Soninha. Marta não esteve no ato, pois cumpria outra agenda.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/09/2004 - Página 29147