Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para o aumento das taxas de juros.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Alerta para o aumento das taxas de juros.
Publicação
Publicação no DSF de 17/09/2004 - Página 29629
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • ADVERTENCIA, RISCOS, AUMENTO, TAXAS, JUROS, PREJUIZO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS.
  • CRITICA, INSUFICIENCIA, CRESCIMENTO, ECONOMIA NACIONAL.

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O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pior do que a elevação, em 0,25%, das taxas de juros só o anuncio de que é apenas o começo, de que se trata de uma sinalização para posteriores reajustes dessa mesma taxa.

Essa medida vem na contramão da comemoração que faz o Governo, relativamente ao pífio crescimento da nossa economia verificado nos últimos meses. Um crescimento natural, vegetativo, conseqüência do bom momento vivido pela economia mundial. Crescimento que se dá muito aquém dos patamares alcançados pelos demais países emergentes, inclusive do crescimento verificado em todos os países da América do Sul, com exceção do vizinho Paraguai.

Se consideramos isso grave, mais grave consideram os líderes do setor industrial brasileiro, como, por exemplo, o Presidente da Fiesp, que afirma: “não se sabe onde os juros vão parar, não se sabe como a demanda vai se comportar nos próximos meses, tampouco a probabilidade de alguém continuar empregado ou encontrar um emprego, afirmou Horário Lafer Piva*, Presidente da Fiesp.

Esse é um alerta da maior seriedade, até porque, quando o Governo comemora o crescimento do emprego, verificamos que é uma comemoração injusta, já que os índices de emprego no País se alteraram nos últimos meses, exatamente em função do crescimento desmedido do desemprego no ano passado.

Agora, verifica-se que as empresas demitiram funcionários que recebiam salários mais elevados para contratar os mesmos empregados ou outros com salários muito inferiores, com rendimentos muito mais baixos; 54,3% dos novos empregos criados no setor formal foram ocupados por empregados com rendimentos entre um salário mínimo e um salário mínimo e meio. Por isso, houve um achatamento salarial como conseqüência do crescimento de número de trabalhadores que voltaram a ter o seu emprego com salários reduzidos, extremamente reduzidos.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Brasil se mantém nessa segunda posição de país de mais altas taxas de juros do mundo, muito próximo da Turquia, o campeão mundial de taxas altas. E isso é muito grave.

Nessa decisão do Copom, não sentimos nenhuma preocupação com o crescimento econômico. A nosso ver, houve um grave equívoco, porque é uma decisão que inibe o crescimento econômico sustentado, ou inviabiliza o crescimento econômico sustentado. E a movimentação do Ministro Palocci desejando elevar o superávit primário para 5% do PIB neste ano também é outra ameaça que poderá levar à recessão econômica, à inibição da economia, à destruição deste momento de crescimento econômico que, embora pífio, despertou esperanças na sociedade brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/09/2004 - Página 29629