Pronunciamento de Mário Calixto em 16/09/2004
Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários à carta enviada por Samuel Sales Saraiva, jornalista brasileiro residente nos Estados Unidos, ao Presidente Lula.
- Autor
- Mário Calixto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
- Nome completo: Mário Calixto Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.:
- Comentários à carta enviada por Samuel Sales Saraiva, jornalista brasileiro residente nos Estados Unidos, ao Presidente Lula.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/09/2004 - Página 29768
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
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- COMENTARIO, CARTA, AUTORIA, CIDADÃO, NACIONALIDADE BRASILEIRA, RESIDENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ENDEREÇAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SUGESTÃO, ESTABELECIMENTO, PROGRAMA, VIABILIDADE, MOBILIZAÇÃO, BRASILEIROS, EXTERIOR, REMESSA, AUXILIO, POPULAÇÃO CARENTE, BRASIL.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. MÁRIO CALIXTO (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Sr. Senadores, ao longo da história brasileira, muitas e muitas tentativas de mitigar a miséria de nosso povo fracassaram terrivelmente. Tais fracassos, no entanto, podem servir para mostrar que a solução não se encontra no grandioso, no complexo e no sofisticado. A solução se encontra no simples, naquilo que possa ser feito sem que os nossos já escassos recursos sejam desperdiçados com uma estrutura administrativa pesada e ineficiente.
É, pois, com satisfação, que trago ao conhecimento de meus Pares carta enviada por Samuel Sales Saraiva, jornalista brasileiro que atualmente reside nos Estados Unidos, ao Presidente Lula. O jornalista, gentilmente, enviou-me uma cópia do texto. Aproveito, pois, esta oportunidade para trazer ao conhecimento de todos as idéias de Samuel, que, apesar de longe de casa, não se esqueceu dos seus compatriotas.
Sua proposta é muito simples, e acredito que possa ser bastante bem-sucedida de forma a reduzir o número de brasileiros que vivam em situação de penúria.
E o que ele propõe? É bastante simples. Ele sugere que sejam estabelecidas as bases de um programa de incentivo para que, voluntariamente, milhares de brasileiros residentes no exterior possam enviar, por meio do correio e de forma regular, uma caixa contendo comida pré-cozida, roupas e material escolar básico para crianças desassistidas de regiões remotas do Brasil, onde os recursos públicos são insuficientes e as demandas da população, especialmente daquela mais carente, são enormes.
Samuel Sales Saraiva sugere que, nas embaixadas e consulados brasileiros, esteja disponível um banco de dados com o nome de crianças e de seus responsáveis legais incluindo fotografia. Para essas crianças, seria enviado o material. É de se ressaltar que não haveria nenhum custo para o Governo Brasileiro. O único trabalho do Governo seria o de estabelecer o cadastro das crianças carentes a ser disponibilizado em nossas embaixadas.
O envio direto para os beneficiários teria importantes conseqüências, sendo a principal delas a não existência de gastos com a criação e manutenção de mais uma estrutura administrativa. Como ele próprio observa, “a remessa postal direta seria a forma factível de fazer chegar o benefício integralmente, sem que parte dele caia nas garras da corrupção ou da ineficiência da gigantesca e inoperante burocracia, responsável pela deterioração de doações, emperradas nas alfândegas e aduana”.
Além disso, é importante frisar que tudo seria custeado por aqueles muitos brasileiros que moram no exterior, mas não se afastaram espiritualmente e emocionalmente de sua pátria. Tenho a certeza de que esses brasileiros, lá fora, não se furtariam a participar de um programa como esse!
A carta enviada por Samuel Sales Saraiva é prova de como os brasileiros lá fora não se esqueceram de nós nem deixaram de se preocupar com os nossos problemas. Como ele ainda observa, “a proposta encaminhada possui forma que permite o atendimento imediato a milhares de pequenos brasileiros que clamam por urgente gesto de solidariedade”, e “os milhares de concidadãos residentes pelo mundo afora apreciariam ter acesso fácil a um projeto que permita, com tão pequeno esforço, proporcionar uma alegria significante ao coração de um brasileirinho”. E mais: “teriam como recompensa simultânea a alegria que inunda a alma do doador, que, ao mesmo tempo, sente a descompressão da imensa saudade desse Brasil amado através do exercício da solidariedade e da ajuda voluntária”.
Samuel Sales Saraiva faz, ainda, uma lúcida análise do combate à fome ao afirmar, com precisão, que “somente uma ampla mobilização de brasileiros, dispostos a arregaçar as mangas e a promover a convergência do apoio externo, [poderá tornar eficaz] a assistência a nossos irmãozinhos mais vulneráveis e entregues à própria sorte”.
Samuel Sales Saraiva, por fim, afirma ao Presidente Lula, e concordo inteiramente com ele, que “os brasileiros atualmente residindo nos países ricos não deixarão de atender a um pedido seu para que, periodicamente, enviem uma caixinha com doação para uma criança desassistida no Brasil”.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de acordo o Ministério das Relações Exteriores, no ano de 2001, 1 milhão 887 mil e 893 brasileiros residiam no exterior. Segundo informações colhidas pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2003, esse contingente enviou US$2,6 bilhões para o Brasil. É gente trabalhadora, honesta e decente, que se encontra no exterior apenas porque não conseguiu trabalho aqui. São, e o sentimento que tenho certamente é compartilhado por todos desta Casa, brasileiros e patriotas no melhor sentido da palavra. São pessoas que amam profundamente esta Nação e tenho a mais absoluta certeza de que jamais se furtariam a colaborar com os seus conterrâneos.
Para concluir, peço que o Sr. Presidente da República leia atentamente a carta enviada por Samuel Sales Saraiva. As sugestões que ele apresenta são pertinentes e, se seguidas, são capazes de transformar este País em um País melhor, mais justo e mais igualitário.
Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.