Discurso durante a Reunião do Senado Federal, no Senado Federal

Tributo aos heróis anônimos que participaram de revoluções pelo Rio Grande e pelo Brasil.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Tributo aos heróis anônimos que participaram de revoluções pelo Rio Grande e pelo Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 21/09/2004 - Página 30004
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, BRASILEIROS, PARTICIPAÇÃO, REVOLUÇÃO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CONTRIBUIÇÃO, TRANSFORMAÇÃO, PAIS.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: não sei quantas luas já se passaram da morte do Negrinho do Pastoreio, nem quantas luas cheias se passaram da morte do Zumbi dos Palmares e nem das mortes de brancos e negros lanceiros na Revolução Farroupilha.

Porém, sei que o Brasil perdeu as seis luas cheias atrás, o seu maior historiador gaúcho, o inesquecível Décio Freitas.

            Décio era o homem que produzia ventos e não gostava de calmarias. Com os seus ventos decifrou a lenda dos Palmares, sendo o pioneiro na sistematização da figura mítica de Zumbi dos Palmares, decifrando o herói e dando-lhe a concretude. Foi também, o pioneiro na recuperação da luta contra a escravidão em Palmares. Após a publicação de seu livro de 1971, Palmares, a Guerrilha Negra, onde apresenta dados e informações que mudam a forma de encarar a resistência do Quilombo dos Palmares como a maior insurreição escrava da América Latina, Décio, abriu caminhos para que outros títulos abordassem o tema da Escravidão do Brasil.

Jamais vou esquecer de Décio Freitas. Quando fui eleito Senador da República, ele escreveu um artigo veiculado nos principais jornais do Rio Grande do Sul e que se chamou Zumbi no Senado Federal.

Quero com este discurso, saudar a todas as luas cheias que já se passaram e as que virão, como aquela que iluminou o Negrinho do Pastoreio que morreu chicoteado e jogado em um formigueiro, e que ilumina a todos os negrinhos que ainda são chicoteados e jogados em formigueiros de preconceitos e discriminações.

Como também, ao Zumbi guerreiro, morto em batalha e aos Lanceiros Negros, assassinados em emboscada e a todos os Zumbis e Lanceiros, que hoje estão aqui e aos que virão.

Fica aqui a minha saudação especial a Décio Freitas, extensiva aos gaúchos e brasileiros que, com as suas ventanias, contribuíram para desvelar uma outra história desses guerreiros anônimos que de uma forma ou outra, participaram ou participam da formação de uma nova consciência social, alicerçada no respeito tão latente no nosso povo gaúcho e brasileiro, dando visibilidade, sobretudo, às diferenças culturais, sociais e individuais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/09/2004 - Página 30004