Pronunciamento de Arthur Virgílio em 17/09/2004
Discurso durante a 130ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Transcrição do artigo "Leve brisa de otimismo", de autoria do líder do PFL no Senado Federal, Senador José Agripino, publicado no jornal O Globo, edição de 7 do corrente.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
- Transcrição do artigo "Leve brisa de otimismo", de autoria do líder do PFL no Senado Federal, Senador José Agripino, publicado no jornal O Globo, edição de 7 do corrente.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/09/2004 - Página 29931
- Assunto
- Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), QUESTIONAMENTO, MELHORIA, INDICE, POPULARIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SIMULTANEIDADE, ANALISE, INEFICACIA, POLITICA FISCAL, INFRAESTRUTURA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ocupo a Tribuna neste momento para registrar o artigo intitulado “Leve brisa de otimismo”, de autoria do atual líder do Partido da Frente Liberal-PFL no Senado Federal, José Agripino, publicado no jornal O Globo de 7 de setembro do corrente.
No seu artigo, o líder do PFL avalia que a melhora pessoal do presidente Lula nas pesquisas de opinião não atesta o êxito de seu governo. A realidade brasileira demonstra que o país sofre com a elevada carga tributária, com as estradas danificadas e com denúncias de irregularidades por parte de membros do alto escalão do governo. Além disso, os bons índices econômicos são transitórios, pois o parque industrial opera em sua capacidade máxima e o Brasil carece de novos investimentos.
Sr. Presidente, requeiro que o artigo publicado no jornal O Globo de 7 de setembro do corrente seja considerado como parte integrante deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal. O texto é o seguinte:
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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arthur.virgilio@senador.gov.br
O Globo
Publicado em: 07/09/2004
Leve brisa de otimismo
José Agripino
O fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se recuperado nas pesquisas de opinião não significa, cartesianamente, que seu governo finalmente esteja dando certo, como alguns petistas querem nos convencer. Questões complexas e exemplos históricos devem ser observados. Um fator quase fundamental para a aclamação popular, sem dúvida, é o crescimento ou a recuperação da economia. Bill Clinton, nos Estados Unidos, Carlos Menem, na Argentina e Fernando Henrique Cardoso são exemplos de homens públicos reeleitos pelos bons momentos econômicos de seus países. De um lado oposto, o caso de Hitler, na Alemanha da década de trinta, é emblemático. O ditador nazista perseguiu judeus, socialistas, liberais, ordenou assassinato de seguidores. Também implantou a censura, criou uma violenta polícia secreta, determinou a construção de campos de concentração. Sua popularidade, entretanto, foi às alturas após alguns anos de governo. O principal motivo para tamanho sucesso foi o fim do alto desemprego. A economia alemã estava muito bem após taxas inimagináveis de inflação e arrocho financeiro. “Os alemães não se importavam muito com o fato de os nazistas estarem resolvendo o problema pela expansão da indústria bélica”, escreveu o brigadeiro Peter Young, um dos principais historiadores da Segunda Guerra. Mas a tese da popularidade colada à economia não é absoluta nem válida para todas as nações. No final da década de 90, Nelson Mandela deixou o governo da África do Sul com a economia em situação mais delicada do que a encontrada quando assumiu. Mesmo assim foi coroado de êxito. A necessidade de liberdade do povo oprimido pelo apartheid foi maior do que eventuais benefícios materiais. Já o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, atingiu o auge da popularidade quando resolveu enfrentar o desprestigiado Legislativo de seu país. Além de não cumprir a promessa de resolver os problemas sociais, Chávez tentou implodir uma das mais longevas democracias da América Latina, indicando o autoritarismo como o caminho a seguir. Uma explicação para a subida dos índices do governo Lula é a vontade da população brasileira de que finalmente as coisas dêem certo. As pessoas se preocupam com seu dia-a-dia e querem a quase todo custo um futuro melhor. A esperança depositada no ex-metalúrgico eleito presidente da República ainda é muito grande. Há, por parte da União, incompetência administrativa, aparelhamento do Estado, pouco investimento e padrão ético comprometido. As estradas continuam esburacadas enquanto o processo de compra do avião presidencial importado por R$ 176 milhões continua. A despeito disso, principalmente pela situação favorável da conjuntura internacional, os índices macroeconômicos melhoraram. E, por enquanto, isso bastou para reacender o otimismo. É preciso, no entanto, registrar que grande parte dos índices econômicos favoráveis tem como base o Produto Interno Bruto negativo de 2003. As taxas de juros ainda estão entre as mais altas do mundo. A carga tributária continua asfixiante, 40,01% do PIB segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. A máquina de propaganda maximiza uma elevação do PIB prevista para 3,5% enquanto outros países emergentes crescerão entre 6% e 8%. Os marcos regulatórios não encorajam os investimentos. As denúncias de irregularidades contra os presidentes do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e do Banco Central, Henrique Meirelles, não são objeto de enérgicas providências. Pelo contrário. Esse é o quadro permanente. Transitórios são os índices apresentados pelo governo, produto apenas de expansão no uso da capacidade instalada do parque fabril. Faltam novos investimentos para realimentar e auto-sustentar o processo de crescimento do país. De acordo com estimativas da MCM Consultores, o Brasil vai receber em 2004 US$ 8,5 bilhões em investimentos diretos, um quarto do que foi investido em 2000. No caso do Brasil, parece que basta uma leve brisa para fazer o povo voltar a acreditar nos governantes. Com um sopro contrário, tudo se acaba. A esperança é que a subida de popularidade do presidente também não descambe para medidas autoritárias. Infelizmente há sinais de fumaça, como no caso da tentativa de disciplinar as atividades dos jornalistas, de controlar a produção cultural e na armação para desviar dinheiro do Banco do Brasil com a intenção de construir a sede do PT. Que Lula ter andado em carro aberto no Gabão ao lado do ditador Omar Gonbo Ondimba, há 37 anos no poder, não signifique nada.
JOSÉ AGRIPINO é líder do PFL no Senado.