Discurso durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcrição de artigo de autoria do Senador Arthur Virgílio, intitulado "Quetilquês na Política Externa", publicado no Jornal do Brasil, em 6 setembro do corrente.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Transcrição de artigo de autoria do Senador Arthur Virgílio, intitulado "Quetilquês na Política Externa", publicado no Jornal do Brasil, em 6 setembro do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 22/09/2004 - Página 30042
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), AUTORIA, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, CRITICA, POLITICA EXTERNA, GOVERNO FEDERAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a Tribuna neste momento para registrar o artigo de autoria do Líder do Partido da Social Democracia Brasileira-PSDB no Senado Federal, Senador Arthur Virgílio, publicado no Jornal do Brasil em sua edição de 6 de setembro de 2004.

No seu artigo, intitulado “Quetilquês na política Externa”, o ilustre senador mostra que o governo Lula tem se destacado na política externa mais pelas improvisações e desacertos do que pela consistência e coerência.

Para que conste dos Anais do Senado Federal, Senhor Presidente, requeiro que o artigo de autoria do senador Arthur Virgílio publicado no Jornal do Brasil de 6 de setembro do corrente seja dado como lido para que fique integrando este pronunciamento. O texto é o seguinte:

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR JOSÉ AGRIPINO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

JORNAL DO BRASIL

edição de 06/09/04, pág. A-11 

Quetilquês na Política Externa   

Arthur Virgílio Neto

No curso de suas viagens ao exterior, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai traçando as linhas do que ele imagina ser uma política externa avançada. Qual a consistência dessa política dita contemporânea?

Qualquer tentativa de consolidação das pérolas que o Presidente segue espalhando aos quatro ventos, acabaria por resumir no artigo 1º o mais fraterno afago aos ditadores sanguinários que intranqüilizam os povos de algumas nações.

O que é dito pelo governante petista em seus imbróglios de enredo confuso, complicado e mal elaborado, jamais é dado como não dito. Como se ele fosse o dono absoluto do pedaço, podendo por e dispor de tudo ao seu bel prazer.

De certa forma, explicam-se essas estranhas preferências de Lula. De pouco mais de 600 dias de suas agenda, ele passou 241 dias viajando pelo exterior, 212 pelo Brasil e 151 permaneceu em Brasília. Sua incrível aptidão para périplos internacionais explica a compra, inoportuna, de um novo e luxuoso avião.

Em mais de uma ocasião, o Presidente Lula mencionou a idéia de assegurar uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Não chega a ser uma má idéia nem é novidade. É mero desejo, não muito preponderante.

Relevante, sim, seria uma atuação firme para solucionar pendências do porte das negociações ligadas a exportações para a Argentina. De repente, um raio. E o cenário é sacudido para pior, em desfavor do Brasil. As restrições da Nação vizinha bem que mereciam um acompanhamento mais eficaz por parte das nossas autoridades. As negociações, informam os jornais, estão paralisadas.

Esse episódio é prejudicial principalmente para o Pólo Industrial de Manaus, pela redução das cotas de eletrodomésticos brasileiros. Alguma coisa, é justo proclamar, tem sido feita. Mas não parece suficiente, como a recente afirmação do Ministro Luís Fernando Furlan, do MDIC, para quem a indústria de Manaus precisa de maior divulgação. Isso equivale a algo parecido com o ditado se virem!

O Itamaraty, mais que um Ministério, é uma instituição de reconhecida competência, portanto eficiente e que, sobretudo, pauta sua atuação pela seriedade. Diante dessa notória verdade, não há como prevalecer a improvisação, muito menos arroubos movidos pela emoção de momentos de descontração.

Se aprouver ao Presidente circular a bordo de cintilantes Rolls-Royce, em ruas onde o ar cheira a tudo menos a democracia, em companhia de ditadores sanguinários, é dele a opção. Contudo, mesmo com a legítima credencial de quem fala em nome do Brasil - e por isso mesmo! - é prudente, de mais bom gosto e até para efeito de imagem, que os assuntos de política externa continuem sob a condução serena da Casa de Rio Branco.

A improvisação em política externa leva, entre outros desacertos, a comprometimentos. Isso, no mínimo, pede um pouco mais de reflexão.

Seria bonito se fosse certo perdoar a dívida de países mais pobres que o nosso. Essa política de socorro a nações empobrecidas vem sendo intensificada na gestão de Lula. O Brasil já abriu mão de R$l bilhão e 182 mil, contemplando o Gabão, Cabo Verde, El Salvador, Bolívia e Moçambique. Ao conduzir sua atabalhoada política externa, Lula age como se não houvesse fome no Nordeste.Não seria mais correto ao menos consultar o Congresso Nacional? O Senado e a Câmara provavelmente considerariam esses gestos com boa vontade. Com a análise de números postos à mesa. Jamais em cenários de rua.

Parlapatices lá fora e outros queltiquês improvisados não podem nem devem configurar preceitos da política externa brasileira.

* O autor é líder do PSDB no Senado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/09/2004 - Página 30042