Discurso durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a importância dos agronegócios para o crescimento da economia brasileira no transcurso, hoje, do Dia da Agricultura.

Autor
Augusto Botelho (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Considerações sobre a importância dos agronegócios para o crescimento da economia brasileira no transcurso, hoje, do Dia da Agricultura.
Publicação
Publicação no DSF de 22/09/2004 - Página 30044
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ATIVIDADE AGROPECUARIA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, BRASIL, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), ZONA RURAL, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, LARANJA, AÇUCAR, CAFE, FUMO, SOJA, FRANGO, CARNE BOVINA, APOIO, ATUAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), PESQUISA, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO.
  • ELOGIO, SUPERIORIDADE, PRODUTIVIDADE, ALCOOL, DESENVOLVIMENTO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, MATERIA-PRIMA, PRODUTO VEGETAL, REGISTRO, MIGRAÇÃO, PROVOCAÇÃO, PROGRESSO, CIDADE, INTERIOR.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. AUGUSTO BOTELHO (PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia 21 de setembro é consagrado à comemoração do Dia da Agricultura, setor econômico e social de máxima importância para o Brasil. A pujança da nossa agropecuária moderna, nos últimos anos, vem ocupando um lugar de destaque no desenvolvimento do País, na consolidação de uma economia nacional mais dinâmica e próspera, na ocupação de novas fronteiras agrícolas e de nosso espaço geográfico soberano e na criação de empregos e de riquezas.

Toda a cadeia econômica que se estende, desde a pesquisa, passa pelos insumos e equipamentos, inclui lavouras e pecuária cada vez mais eficientes e deságua no processamento industrial de seus produtos e na exportação ou na farta disponibilidade ao consumidor brasileiro, enfim, todo o agronegócio vem demonstrando admirável saúde e vitalidade. O produtor rural, pequeno, médio ou grande, revelou-se, nessa escalada de modernização, um grande contribuidor para o progresso do Brasil.

No ano de 2003, como sabemos, a economia brasileira teve, praticamente, crescimento zero. Pois bem, o PIB rural cresceu 5%! As atividades englobadas no agronegócio geram 17,7 milhões de empregos, 37% do total nacional. Elas renderam, em 2003, 30 bilhões de dólares em exportações, isto é, 42% das exportações do País.

Veja-se a evolução na produção de grãos, por exemplo. Na safra 1990/1991 produzimos 58 milhões de toneladas. Já na safra de 2003/2004 foram 130 milhões. Houve, pois, em 13 anos, um crescimento de 125%, mais do que dobrou a produção de grãos. Como a correspondente área plantada expandiu-se em apenas 24%, temos aí a espantosa medida do aumento da produtividade em nossas lavouras de grãos, onde a soja teve desempenho marcante.

O Brasil já era líder na exportação de suco de laranja, de açúcar, café e tabaco. Em 2003, passamos a campeões mundiais também na exportação de soja, de carne de frango e de carne bovina.

Essas vitórias não aconteceram por acaso. São fruto da competência brasileira e de anos de muito trabalho, de ousadia, de esforço tecnológico, de disposição para investir e de um aproveitamento inteligente de nossas vantagens em matéria de clima, de água, de território. Tivemos avanços que não se limitam ao campo: também compõem a cadeia do agronegócio a produção de insumos, como fertilizantes, pesticidas, rações, a fabricação de equipamentos, e as indústrias de processamento dos produtos do campo, bem como as organizações de comercialização e de exportação.

Lugar de singular importância na cadeia do agronegócio é ocupado pela pesquisa, em que participam muitas instituições universitárias, fundações privadas e centros nacionais de pesquisa. A pesquisa nos proporcionou uma verdadeira revolução tecnológica no âmbito da agropecuária. E no centro da rede de pesquisa brasileira destaca-se, sem dúvida, a Embrapa, com suas 40 unidades de pesquisa espalhadas por todo o País.

Com a Embrapa aprendemos a plantar no cerrado, esse imenso território de solos pobres e vegetação natural rala. E as lavouras do cerrado exibem alta produtividade. Não esquecer que a soja surgiu, no panorama da agricultura mundial, como planta de clima frio. Chegou no Brasil há 40 anos. Até há 30 anos ainda importávamos semente de soja dos Estados Unidos. Com notável esforço científico, conseguimos adaptar a soja a todas as variadas regiões brasileiras.

Houve evolução tecnológica também nos equipamentos que fabricamos para a lavoura. Hoje, já se pratica agricultura de precisão, com a condução da plantação controlada por satélites. Como exemplo, faço menção ao uso da agricultura de precisão pelos plantadores de arroz irrigado no Estado de Roraima. Avançamos muito, ao longo dos anos, na criação do gado bovino, dos suínos, do frango. Mas o mais importante em todos esses avanços científicos e tecnológicos é que conseguimos propagar essas técnicas mais apuradas por um vasto universo de produtores. O produtor rural brasileiro revelou-se um amante da modernização e mostrou ter aptidão para abraçá-la.

São notáveis e numerosos os exemplos dessa escalada de produtividade e de modernização. A cadeia do álcool combustível, por exemplo, ao longo dos anos, teve importantes ganhos de produtividade tanto na lavoura como nas refinarias. O vinhoto, dejeto que era transtorno poluente, foi transformado em fertilizante. O bagaço de cana é outro caso de subproduto que agora é aproveitado como combustível que gera energia elétrica até mesmo para a rede pública. O álcool brasileiro de cana-de-açúcar é produzido a um custo que é um terço do custo do álcool de milho ou de beterraba produzido em outros países.

O açúcar brasileiro é o mais competitivo do mundo. E açúcar, em toda parte, tem importância de primeira grandeza como insumo da indústria de alimentos. Grande progresso, qualitativo e quantitativo, tem havido também nas lavouras de café e de algodão, na criação de suínos, em nosso tradicional feijão. Surgiu no Nordeste uma forte fruticultura irrigada. Até mesmo um setor que tem sido retardatário, o leiteiro, agora se move e, nos últimos anos, vem alcançando bons índices de produtividade.

No que tange ao aumento de produção do conjunto da agropecuária, além do que se deve à expansão em novas áreas e às melhores técnicas, há também fenômenos recentes, como a substituição de pastagens por lavouras de soja. Isso não se deve apenas a circunstâncias de relação de preços no mercado do boi e da soja, mas também ao fato de que o progresso técnico da bovinocultura permite, para os mesmos rebanhos, ocupar áreas menores.

Vemos também surgirem novas oportunidades de fortalecimento do agronegócio brasileiro por via de novos produtos, como o biodiesel. Se partirmos, efetivamente, para a mistura de óleos vegetais ao diesel, serão criados muitos milhares de empregos. Pequenos produtores de mamona, no Nordeste, poderão vir a ser beneficiados. E o óleo de dendê, que tem alta produtividade na Região Nordeste, também.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a expansão da agropecuária criou um florescimento sem precedentes em dezenas de centros urbanos pelo interior brasileiro. Vemos surgirem novos fluxos de prosperidade, um tipo novo de migração produtiva, para dentro do País, novas cidades. É o interior não apenas se beneficiando do efeito multiplicador do agronegócio, mas desabrochando em formas modernas e saudáveis.

É preciso acentuar que toda essa modernização e expansão tem ainda um vasto potencial de continuidade e de crescimento, como indicam recentes estudos. Mesmo sem destruir floresta equatorial, a área de lavoura no Brasil, nas próximas décadas, pode quadruplicar, principalmente para a produção de grão. E isto em duas frentes: territórios hoje ainda mal servidos por vias de escoamento; e continuação da ocupação de áreas já abertas para pastagens.

Basta, para garantir a caminhada vitoriosa do agronegócio brasileiro, que os gargalos logísticos e de infra-estrutura sejam gradualmente superados e que se permita que a pesquisa agropecuária brasileira continue a avançar, sem obstáculos ideológicos artificiais que não servem aos interesses brasileiros.

Sr. Presidente, será memorável o dia em que pudermos alcançar, em toda a economia brasileira, o encadeamento feliz que, no agronegócio, se dá entre pesquisa, produção, insumos, processamento industrial e comercialização. É essa integração, e a vontade, o ânimo e a capacidade de milhões de brasileiros de progredir que vêm garantindo o sucesso do agronegócio brasileiro.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/09/2004 - Página 30044