Discurso durante a 142ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem a medicina brasileira pelo Dia do Médico.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a medicina brasileira pelo Dia do Médico.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2004 - Página 31554
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MEDICO, DEFESA, IMPORTANCIA, EXERCICIO PROFISSIONAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, VULTO HISTORICO, COMBATE, DOENÇA GRAVE.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Sem apanhamento taquigráfico.) Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, transcorre hoje o Dia do Médico, a mais bela das profissões, aquela que, de tão sublime chega a se confundir com arte.

O próprio Pai da Medicina, Hipócrates, já lhe destinava essa qualificação ao formular, 400 anos AC, o Juramento reproduzido e louvado até nossos dias: “Conservarei imaculada minha vida e minha arte.”

Hoje é a data reservada para homenagear os que cuidam de nossa saúde como instrumentos da vontade divina que aqui os colocou para salvar seus semelhantes. Se existe algo que materialize o amor pregado por Cristo, podemos vislumbrá-lo, às vezes como exceção, entre a maioria das atividades humanas. Entretanto, nada superará o que é inerente à prática da Medicina como expressão máxima da ética e da abnegação. Daí, portanto, a importância de o Senado da República reverenciar as médicas e os médicos todos os dias, mas sempre dedicando especial atenção ao 18 de outubro, quando eles também homenageiam São Lucas, o padroeiro de sua profissão no dia que lhe é consagrado pela tradição litúrgica.

São Lucas nasceu em Antioquia, cidade localizada a sudeste da Turquia e que chegou a ser a capital da Síria. Exercia a profissão de médico quando foi convertido por São Paulo, que o chama de “médico bem amado”. Acompanhou-o em viagens missionárias e com ele esteve no cárcere. Dotado de sólida cultura científica e literária, escreveu o terceiro Evangelho e Os Atos dos Apóstolos. Consta ter sido pintor e deixado um belíssimo retrato de Nossa Senhora. Desconhece-se, com certeza, como foram seus últimos dias. Uma das versões oficiais assegura que pereceu sob martírio aos 84 anos de idade. Outra , oriunda de documento do século III, assegura que teve morte natural aos 74 anos. Seus restos mortais encontram-se na Basílica de Santa Justina, em Pádua, Itália.

Embora Hipócrates seja considerado o Pai da Medicina, sabe-se que esta ciência deu os primeiros passos na pré-história, conforme desenhos rupestres que indicam preocupação com algumas doenças e efeitos terapêuticos de plantas curativas.

O médico André Vesálio publicou a obra A Organização do Corpo Humano em 1543, proporcionando considerável avanço científico. Mas, seu trabalho baseava-se na dissecação de cadáveres e ele foi condenado à morte pela Inquisição. Hoje, as dissecações embasam a formação de médicos no início do curso com seis anos de duração, antes da residência e a especialização.

Diversos centros médicos brasileiros equiparam-se aos melhores do mundo, graças a uma tradição de excelência nesse campo desde o século passado, quando nossa Medicina projetou-se internacionalmente. Merecem destaque nomes como o de Carlos Chagas, descobridor, em 1909, da moléstia recebeu seu nome; Vital Brazil, portento do combate às epidemias de varíola, febre amarela e cólera, além de ser o criador dos soros antiofídicos; Oswaldo Cruz, destacado no combate à peste bubônica e à febre amarela; e Gaspar Vianna, o bacteriologista que descobriu a cura da leishmaniose.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho, pessoalmente, motivos de sobra para comemorar esta data. Primeiro porque aqui estou graças à dedicação e competência de uma plêiade de médicos que me salvou em momento crítico, como todos sabem. Depois, porque a comemoração de hoje estende-se ao meu lar, onde meu filho Rogério, graças ao firme apoio de minha esposa, Zilda, transformou-se num daqueles profissionais. É nele que louvo diariamente aquelas qualidades inerentes à profissão.

Para enaltecer o que representam os médicos trago uma poesia de autoria da Drª Murita L. da Cruz Rios Sampaio, pertencente ao Hospital Português da Bahia. É com ela que termino este pronunciamento:

            SER MÉDICO

Ser médico...

aliviar sofrimentos

penetrar fundo nos tormentos

da humanidade

Ser médico...

Dar de si profundamente

sentir a dor do doente

compreender a sua sorte

é se doar por inteiro

é romper o nevoeiro

que separa vida e morte

Ser Médico...

uma vida a dar vidas

a mão que cura feridas

a palavra que conforta

o olhar compadecido

ele é sempre o amigo

que ao bater lhe abre a porta

Ser Médico...

é infundir confiança

ao velho, ao jovem, à criança

é ser de Deus o instrumento

dando alívio à dor alheia

tecer fibra a fibra uma teia

seguindo o seu juramento

Ser Médico...

é ter na mão a leveza

agir com delicadeza

é ver em cada criatura

o pai, a mãe, o filho, o parente

para que seu trabalho apresente

o dom verdadeiro da cura

Ser Médico...

é empreender com carinho

conhecer e traçar seu caminho

sem jamais pensar no tédio

comprimidos não resolvem

nem diplomas se devolvem...

é uma paixão sem remédio!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2004 - Página 31554