O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há dúvida de que colaborarei com a Mesa, porque esta Presidência sempre foi muito tolerante com relação aos oradores que não têm a faculdade de falar a todo instante, aqui no plenário do Senado.

Venho a esta tribuna, em primeiro lugar, para dizer - e o faço para conforto dos que fazem a TV Senado, para regozijo daqueles que compõem o sistema de comunicação do Senado - que, de fato, andando pelo meu Estado do Rio Grande do Norte, durante a campanha eleitoral, pude constatar como a TV Senado é vista nas cidades do interior e também na capital. Não foram poucos os Municípios - e acredito que isso acontece com todos os outros Senadores - em que cheguei e fui abordado por pessoas que se dizem voltadas para a TV Senado, para o acompanhamento dos nossos trabalhos. É importante que possamos perceber e aquilatar isso para, cada vez mais, procurarmos melhorar o desempenho desse sistema de comunicação do Senado Federal. Tendo a dimensão do que representa isso, claro que um Presidente como o Senador José Sarney e todos aqueles que o auxiliam vão fazer com que a TV Senado tenha um prestígio maior e assim expanda o seu trabalho. Sei que há realmente uma grande luta do Presidente do Senado no sentido de que a TV se transforme em um canal aberto, para que tenhamos uma audiência maior dos trabalhos do Senado Federal.

Venho a esta tribuna não apenas para fazer esse registro, mas também para dizer que o Rio Grande do Norte recebeu, na semana passada, a visita do Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. S. Exª teve a oportunidade de visitar a grande feira de agronegócios que se realiza no nosso Estado, sob o nome de Festa do Boi. Hoje, essa exposição é conhecida em todo o Nordeste e em todo o País. Ela apresenta a pujança da nossa agropecuária e de toda a economia do Estado. O Ministro esteve percorrendo essa feira e, depois, durante três horas, numa audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa, discutiu os assuntos pertinentes à economia do nosso Estado, especificamente o agronegócio. O Ministro ouviu uma exposição sobre agropecuária, uma exposição sobre carcinicultura e uma exposição sobre fruticultura, verificando que esses segmentos do nosso agronegócio estão crescendo. Mesmo diante de determinados obstáculos, eles não estão deixando de fazer parte, de forma expressiva, da pauta de exportações do Rio Grande do Norte.

Atualmente, o Rio Grande do Norte é o maior produtor de caprinos do Brasil. Isso aconteceu em muito pouco tempo - o Senador Mão Santa sabe disso -, na medida em que nós, no Governo, tivemos a oportunidade de criar o programa do leite bovino e o programa do leite caprino. O Rio Grande do Norte é hoje o Estado que mais cultiva camarão no Brasil, o que tem levado aquele Estado a ser também o maior exportador de camarão do nosso País.

Temos também uma posição muito expressiva com relação ao melão, à manga, enfim à fruticultura. E o Ministro viu tudo de perto, constatou como isso chegou a ser realizado, como um Estado com 85% de seu território no semi-árido chegou a esse patamar privilegiado. Não é fácil, Sr. Presidente, Srs. Senadores, chegar a tais índices de produção, de produtividade, de exportação, sobretudo quando se fala de um Estado como o nosso, preso ainda ao problema grave de ter grande parte de seu território vivendo secas periódicas, freqüentes. No entanto, a irrigação, a grande mola, a grande alavanca da fruticultura, mais a resistência de nosso sertanejo, grande força de nossa caprinocultura, e o camarão deixam hoje o Estado nessa posição privilegiada que não podemos perder e que já é alvo da cobiça daqueles que, no exterior, não aceitam que o nosso País venda tanto e em tão pouco tempo. Daí a acusação de dumping que se lançou contra o produção de camarão.

Portanto, quero congratular-me com o Ministro pela sensibilidade demonstrada diante de tantos pleitos, que não deixaram de se avolumar na medida em que se ouviam os oradores e os expositores. Quero congratular-me com o Presidente da Assembléia, Deputado Robson Faria, com toda a Assembléia Legislativa do Estado, com os Deputados presentes e, sobretudo, com os produtores do meu Estado.

Ressalto que há uma falta de crédito que atinge a carcinicultura, a fruticultura, agravando o problema quando se fala na nossa pecuária. Sr. Presidente, percebo que não estou sendo aquele colaborador que prometi a V. Exª.

Desse modo, o grande problema hoje parece estar na possibilidade de o Governo ter canais mais abertos, programas mais receptivos, voltados para essas atividades. Afinal, não estamos falando aqui do velho Nordeste, do velho Rio Grande do Norte. Não estamos pedindo o SOS que se pedia antes, o socorro, as providências do Governo. Não estamos pedindo isso, e sim o crédito adequado, na hora certa. Estamos pedindo o incentivo do Governo por meio da infra-estrutura, para que esses setores do agronegócio do nosso Estado possam efetivamente disparar.

Congratulo-me, portanto, com o Ministro da Agricultura e do Abastecimento e digo a S. Ex.ª que a sua visita semeou uma expectativa muito grande, no Rio Grande do Norte, de que possamos exportar o nosso mamão para os Estados Unidos - estamos nessa lide há muito tempo - e atenuar o problema do dumping que se insere hoje no contexto da criação do nosso camarão, de modo que, a exemplo da pujança do Tocantins, meu caro Presidente Eduardo Siqueira Campos, possamos ter um Rio Grande do Norte revitalizado como se viu em nossa Feira do Boi, durante esses últimos dias em que foi realizada no Rio Grande do Norte.

Congratulo-me com a Anorc e com o seu Presidente, José Bezerra Junior, e digo desta tribuna do Senado Federal que estamos efetivamente no caminho certo. Não há por que deixar de dizer isso. Estamos perseverando, persistindo, obstinadamente, mas sozinhos não chegaremos ao que desejamos. Precisamos de apoio, sobretudo do Governo Federal, que se pode unir aos Governos Estaduais e às Prefeituras. Os produtores estão aí.

O que tenho a dizer a esta Casa, nesta tarde de segunda-feira, é que a luta eleitoral se está desenvolvendo. O que foi denunciado pelo Senador Mão Santa, aqui e acolá, também ocorre em meu Estado. Mas não seria eu, já que não disponho de maiores dados no momento, que me voltaria para o assunto. Portanto, solidarizo-me com o Senador Mão Santa por tudo o que S. Exª disse há pouco da tribuna.

E ao proferir meu pronunciamento, falo mais a respeito do futuro do Estado e da região do que do presente e do passado. Refiro-me ao futuro e digo que é preciso construí-lo com garra e pertinácia, como estamos fazendo, e também com a sensibilidade daqueles que tiveram a oportunidade de se desenvolver e que atualmente exibem os indicadores de progresso e de desenvolvimento. Certamente, o progresso e o desenvolvimento do Sul do País e de outras regiões foram alcançados pela pertinácia de seu povo. Não há como negar o fato. Mas tudo foi conseguido também pelo apoio e pelo incentivo do Governo Federal, que não pode faltar ao Nordeste, ao Rio Grande do Norte, àqueles que, como nós, estão procurando construir uma vida melhor para todo o nosso povo.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Obrigado pela compreensão. (Pausa.)