Discurso durante a 144ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da adoção de campanhas oficiais de esclarecimento da população sobre a osteoporose.

Autor
Papaléo Paes (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Defesa da adoção de campanhas oficiais de esclarecimento da população sobre a osteoporose.
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2004 - Página 32541
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • IMPORTANCIA, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO, PREVENÇÃO, DOENÇA GRAVE, DEFICIENCIA, MINERAL, CORPO HUMANO, AMBITO, ORTOPEDIA, RISCOS, MORTE, PACIENTE, REGISTRO, AUMENTO, OCORRENCIA, DOENÇA, COMENTARIO, RECURSOS, MEDICINA, TRATAMENTO, DOENÇA CRONICA.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a ciência médica define que a osteoporose corresponde à “diminuição absoluta da quantidade de osso e à desestruturação da sua microarquitetura”, determinando um quadro de fragilidade propício à ocorrência de “fraturas após traumas mínimos”. É corretamente apontada como um dos maiores problemas de saúde pública e como um dos mais importantes males associados ao envelhecimento.

A osteoporose é mais preocupante quando se iniciam os riscos de fraturas, comumente a de punho, úmero, vértebras, costelas e, principalmente, a de colo do fêmur. Representam fatores de risco para a doença o histórico familiar de osteoporose; a raça branca; a vida sedentária; a reduzida ingestão de cálcio, ou vitamina D; o período da menopausa; fumo e bebidas alcoólicas em excesso; o corpo frágil ou magro; a ocorrência de prévia fratura espontânea; medicamentos como anticonvulsivantes, hormônio tireoideano, glicorticóides e heparina; e doenças de base como hepatopatia crônica; doença de Cushing; diabetes; hiperparatireoidismo; linfoma; leucemia; má-absorção; gastrectomia; doenças nutricionais; mieloma; artrite reumatóide e sarcoidose.

Comumente, aponta-se a fratura de fêmur como a conseqüência mais terrível da osteoporose. Entre 15% e 20% das suas vítimas, portadoras de fratura de quadril, morrem devido a esse episódio ou às complicações de cirurgia, ou mais tarde, como resultado de embolia ou problemas cardiopulmonares, em um período de três meses.

Em um semestre, morrem um terço dos fraturados; os restantes, em sua maior parte, irão apresentar variáveis quadros de incapacidade. Em cerca de 20% dos casos, há uma doença da qual a osteoporose é secundária; nos outros 80%, os pacientes são portadores de osteoporose pós-menopausa ou osteoporose senil.

A Medicina explica que “o remodelamento ósseo é um processo contínuo de retirada de osso para o sangue e formação de osso novo, ocupando 20 a 30% do esqueleto”, a cada instante. Com o remodelamento, “o tecido ósseo substitui células velhas por novas, como em todos os tecidos, podendo o organismo dispor de elementos importantes, como o cálcio, que são armazenados nos ossos.”

“Ao iniciar-se cada ciclo de remodelamento, os osteoclastos, que são as células responsáveis pela reabsorção, escavam o osso, formando lacunas na sua superfície e cavidades no seu interior”. Após duas semanas, aproximadamente, os osteoclastos são deslocados pelos que, em aproximadamente um trimestre, “preenchem a área absorvida com osso novo”.

Até os 30 anos de idade, aproximadamente, “a quantidade de osso reabsorvido e reposto é igual”. No entanto é quando começa “um lento balanço negativo que vai provocar, ao final de cada ativação das unidades de remodelamento, discreta perda de massa óssea”.

Inicia-se vagarosamente a osteoporose senil, num processo em que as mulheres, ao longo de suas vidas, “perderão cerca de 35% de osso cortical, como o fêmur, e 50% de osso trabecular, como as vértebras, enquanto os homens perderão dois terços dessa quantidade”.

A massa óssea do adulto corresponde ao acúmulo de tecido durante o crescimento. Consideram-se fatores que predispõem à osteoporose os que “induzem a um baixo pico de massa óssea” e aqueles que respondem por sua baixa produção ou perda excessiva.

Entre os fatores genéticos se alinham a “raça branca ou asiática; a história familiar; a baixa estatura; e a massa muscular pouco desenvolvida”. Entre os relacionados ao estilo de vida, “a baixa ingestão de cálcio; sedentarismo; exercício excessivo; pouca exposição solar e nuliparidade. Quando associados a outros fatores, tabagismo; alcoolismo; dieta vegetariana; alta e permanente ingestão de proteínas e de cafeína.

Entre os fatores ginecológicos, a menopausa precoce sem reposição hormonal; a primeira menstruação tardia; a retirada cirúrgica de ovários, sem reposição hormonal. Quando houver “risco de diminuição da função ovariana por insuficiência vascular”, a ligadura das trompas e a retirada parcial do útero.

O Dr. Plínio Brant, em pertinente depoimento para a revista FOCO, consigna que a osteoporose primária se relaciona com a menopausa, a pós-menopausa e com o envelhecimento. Na osteoporose secundária, as causas relacionam-se com as doenças endócrinas, reumáticas e de má-absorção intestinal, assim como a “alguns medicamentos, como a cortisona ou certos antiepiléticos”.

É uma patologia que evolui sem determinar qualquer queixa, “até que, de forma espontânea ou após uma simples queda, surge uma fratura”. Após a primeira delas, normalmente aparecem outros sintomas, como a “deformação da coluna, dores crônicas, mal-estar geral e redução da estatura”.

Com maior freqüência, as regiões afetadas “são as dos punhos, das vértebras e da parte superior do osso da coxa”, também conhecida como fratura do colo do fêmur. A quinta parte das suas vítimas morrem no transcorrer dos 12 meses seguintes à fratura.

Mulheres, e também idosos, que compõem o principal grupo de risco, podem beneficiar-se de medidas simples de prevenção, constituídas de mudanças de comportamento, de sorte a evitar o sedentarismo, o consumo de tabaco, de álcool em excesso e de dieta pobre em cálcio. Alinham-se, também, entre esses fatores, a “magreza; raça caucasiana ou asiática; história de osteoporose na família; e mulheres com menopausa precoce”.

Em resumo de nossa exposição, a Medicina considera que a osteoporose é um mal silencioso. A partir dos 50 anos de idade, começa o declínio da massa óssea, que denuncia a presença de fatores de risco, a serem devidamente considerados. Os doentes podem beneficiar-se de modernos medicamentos, que detêm a marcha da doença, “associados ao exercício físico e a uma alimentação correta”.

Antes de as pessoas sofrerem alguma fratura, devem procurar aconselhamento médico e submeter-se ao exame de densitometria óssea, que denuncia a presença de fatores de risco, a serem devidamente considerados. Os doentes podem beneficiar-se de modernos medicamentos, que detêm a marcha da doença, “associados ao exercício físico e a uma alimentação correta”. 

Para tanto, devem ser intensificadas as campanhas oficiais de esclarecimento da população, no sentido a redução da incidência de osteoporose e de suas dolorosas conseqüências em nosso País.

Era o que tínhamos a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2004 - Página 32541