Discurso durante a 145ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem a Legião da Boa Vontade, pela inauguração do Templo da Boa Vontade em Brasília, há quinze anos.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a Legião da Boa Vontade, pela inauguração do Templo da Boa Vontade em Brasília, há quinze anos.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2004 - Página 32641
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, TEMPLO, INSTITUIÇÃO BENEFICENTE, DISTRITO FEDERAL (DF), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, RELIGIÃO, SOCIEDADE.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta Casa, nobre Senador Paulo Paim, prezado Senador Mozarildo Cavalcanti, autor do requerimento desta bela homenagem, jovem Pedro de Paiva Netto, que integra a Mesa e representa tão bem o seu pai e a instituição. Eu gostaria de saudar ainda José Eduardo de Paiva e, ao fazê-lo, saudar todos os integrantes, coordenadores e participantes deste orgulho brasileiro que é a LBV. (Palmas.)

Nobre companheiro Paulo Paim, quando nos cabe o exercício da Presidência desta Casa, costumo destacar sempre a presença daqueles que estão em nossas galerias, nas tribunas de honra, a presença dos Senadores que acompanham as sessões, os telespectadores que nos ouvem, porque acredito muito que o homem é, na verdade, aquilo que diz. A força da palavra demonstra a intenção e aquilo que está no nosso interior.

Quero dizer a V. Exª, Sr. Presidente Paulo Paim, e a todos os integrantes da LBV e àqueles que nos assistem no País inteiro que, quando criança, desde muito cedo ganhei um apelido em minha casa: o Sr. Repórter Esso. Isso porque eu vivia atrás de um rádio para ouvir alguma coisa. E Deus, Senador Paulo Paim, quando colocou sobre a face da terra os homens e as mulheres, teve o cuidado de não permitir que viessem com a mesma digital ou com a mesma caligrafia, para dar a cada um deles uma missão e um destino.

Um pedido primeiro que está aqui nas páginas da LBV: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Essa frase expressa bem a missão e o destino de cada um daqueles que integram a LBV, daquilo que processam no seu dia-a-dia, no exercício da solidariedade, tão necessária no nosso País. (Palmas.)

Sr. Presidente, eu gostaria de abrir aspas para algumas palavras de José de Paiva Netto:

Jesus, a mais completa expressão de amor de todos os tempos da humanidade, é o maior religioso, é o maior legislador, é o maior jurista, é o maior político, o maior economista, o maior sociólogo, o maior filósofo, como também o maior cientista, o maior ecólogo, o maior desportista, o maior sexólogo, e assim por diante. Para que as soluções de todos os problemas humanos, dos mais simples aos mais complexos, sejam encontradas é preciso ter amor no coração. Esse é o sentimento sagrado que move a Legião da Boa Vontade.

Eu dizia, relembrando a minha infância, Senadores Paulo Paim e Mozarildo Cavalcanti, que desde muito cedo dei atenção e me senti atraído pelas notícias, porque, afinal de contas, naquele tempo - permitam-me dizer que já não sou tão jovem assim com os meus 45 anos e tendo uma filha de 23 anos, que cursa o 3º ano de Medicina -, recordo-me que a televisão, com suas válvulas tão misteriosas para nós, crianças, era algo que só se ligava aos domingos, com pouca programação. O rádio era a nossa companhia diária, e eu ouvia muito Alziro Zarur. Coisa interessante: não apenas pelo nome único, recordo-me de suas pregações.

Fiquei feliz ao acompanhar meu pai durante toda sua trajetória, que nos levou do interior de São Paulo ao norte de Goiás, hoje Tocantins. Ao vir para Brasília assim que ele se elegeu Deputado Federal pela primeira vez, em 1970, pude acompanhar a criação do Templo da Boa Vontade e conhecer as ações da Legião da Boa Vontade.

Fico feliz, meu jovem Pedro, que vocês tenham trazido a expressão máxima daqueles que dirigem, mas também da daqueles que recebem toda essa boa vontade, que são as crianças. É uma emoção! (Palmas.)

Que a pureza dessas crianças, que a infância que sempre é repleta de tanta esperança, fique por este plenário por muito tempo, que esteja sempre presente aqui.

Eu, de forma muito simples, quero deixar registradas as minhas palavras de reconhecimento.

Dias atrás, acompanhando minha filha, pude dar um depoimento ao também médico Senador Mozarildo Cavalcanti, ao também integrante da Região Norte deste tão sofrido País, tão grande, tão rico e, ao mesmo tempo, tão carente, de que a minha filha, ao abraçar o curso de Medicina, permitiu-me devolver-lhe a provocação que me fez quando me candidatei a Deputado Federal pela primeira vez, tendo tido a honra de ser companheiro de Câmara dos Deputados do eminente Presidente Paulo Paim. Ela me disse: “Estou perdendo meu pai para a vida pública, pois quase já não o encontro”. Dias atrás, eu lhe disse: “Estou perdendo minha filha para a Medicina, porque quase já não a vejo”. Ela passa os finais de semana, praticamente os dias inteiros, estudando.

Num desses finais de semana, Senador Paulo Octávio, a minha filha me disse: “Meu pai, estou precisando ir à biblioteca do Senado, mas hoje é sábado”. E eu disse a ela: “Minha filha, você tem razão. Lamentavelmente, a biblioteca está fechada”. E V. Exª tem idéia, Senador Paulo Octávio, de onde ela foi parar? No Templo da Boa Vontade, porque lá existem salas de estudo, com Internet gratuita, à disposição da juventude.(Palmas.) E fui deixar a minha filha no Templo da Boa Vontade. Como é bom deixar um filho em algum lugar de tanta riqueza espiritual!

Portanto, não há brasileiro que não tenha um exemplo, uma passagem, ou, no mínimo, o grande reconhecimento do trabalho inspirado por esse movimento fundado por Alziro Zarur, que tem sido levado à frente com espírito de solidariedade, com coragem, abnegação e dedicação tão grandes por José de Paiva Netto - quando digo isso, refiro-me a todos os responsáveis pela Legião da Boa Vontade. (Palmas.)

Tive a oportunidade, desde a minha infância até os dias atuais, como Senador da República e com a responsabilidade que temos no nosso dia-a-dia, de constatar que é realmente muito importante que venha da nossa sociedade a organização do dito terceiro setor, para que a população não fique apenas à mercê das políticas e ações governamentais. Como todo poder nasce do povo e em seu nome deve ser exercido, a sociedade deve-se organizar.

O importante trabalho realizado pelo Senador Mozarildo Cavalcanti identificou, se não me falham a memória e o conhecimento dos dados, mais de 200 mil ONGs em funcionamento no Brasil. Eu diria que muitas delas devem estar prestando um bom serviço; de muitas delas não se têm notícias nem do local de funcionamento, mas não há quem não conheça a Legião da Boa Vontade; não há quem não reconheça, dentro desse espírito das palavras “amai-vos uns aos outros assim como vos amei”, a importância de que está implícito nesse amor não cruzar os braços, não fechar o vidro quando nele batem as mãos daqueles que, na primeira infância, já estão na rua para pedir alguma coisa - às vezes, apenas um sorriso, um abraço, a nossa atenção.

Senador Mozarildo Cavalcanti, o Jornal Nacional de ontem apresentou extensa matéria sobre a boa vontade que está movendo desde grandes centros de hortifrutigranjeiros, das centrais de distribuição, até pequenas mercearias em que os próprios consumidores vão separando aqueles produtos que não estão com a melhor aparência, mas que têm a integridade do seu valor nutricional. As mãos dos consumidores são sucedidas pelas mãos daqueles que consomem e necessitam externar e praticar a boa vontade. Essas mãos, que não vão comprar, recolhem alimentos em perfeitas condições de consumo para levar a algum local onde será preparado algo semelhante à sopa do Zarur, que marcou a minha infância juntamente com suas palavras. Dizia a reportagem do Jornal Nacional que milhares de brasileiros passam o dia com uma única refeição, que chega pelas mãos de quem tem boa vontade.

Portanto, Senador Mozarildo Cavalcanti, dentre todas as ações de V. Exª nesta Casa, na sua atuação como médico ou como Senador que representa um Estado integrante da nossa Amazônia, na sua presença diária na tribuna, quero crer que esta homenagem, muito mais do que uma simples sessão de homenagem que prestamos, com grande justiça e mérito para aqueles que assinam o requerimento, como V. Exª, pode-nos deixar algo mais.

É sempre tempo de renovarmos a nossa fé e a nossa esperança. Devemos ter muita responsabilidade com nossas palavras, pois há tantos que nos ouvem e seguem, aqueles que nos constituíram como seus legítimos representantes para sermos portadores e agentes transmissores da boa vontade, do amor ao próximo, da nossa fé.

O nosso Estado do Tocantins é muito jovem. No dia 05 de outubro, completamos 16 anos de sua criação pela Assembléia Nacional Constituinte. Eu não deixaria jamais uma reclamação ou reivindicação aqui, mas estou esperançoso de ver chegar a Palmas, Tocantins, uma unidade da Legião da Boa Vontade. (Palmas.) E quem sabe, tendo em vista à juventude de Pedro, José Eduardo e de todo ser humano que se dedica ao amor ao próximo e à caridade, eu não venha, senão daqui a 15 ou 20 anos - não sei quanto tempo -, ver inaugurado, lá também, um Templo. Antes da construção do Templo, pretendo ver acontecer no meu Estado, na minha jovem capital, essa ação solidária tão importante para a formação de uma Nação mais rica, sobretudo do ponto de vista interior: a fé, os valores e, principalmente, a solidariedade, pela qual todos somos responsáveis.

Deixo aqui minha homenagem - tenho a certeza de que a faço em nome de toda a representação do Estado do Tocantins nesta Casa e na Câmara dos Deputados e de toda a população do meu Estado - a Alziro Zarur, a José de Paiva Netto e a todos que trabalham e que se dedicam e aos que recebem essa ação solidária, principalmente as crianças. Há, aqui, um pequeno grupo, dentre as milhares delas espalhadas por todo o Território Nacional, que recebem diariamente a atenção da LBV.

Senador Paulo Paim, fico muito orgulhoso por poder participar dessa homenagem. Fico muito honrado, Senador Mozarildo Cavalcanti, por saber que nesta Casa, dentro de sua diversidade, que tem a missão de representar o povo brasileiro, existem aqueles que se encarregam de não deixar faltar ao todo essa parte importante. O requerimento de V. Exª é digno do aplauso de toda a Casa e de toda a Nação brasileira.

Portanto, recebam minhas homenagens, meus caros integrantes da LBV, que aqui estão sentados nos lugares de pessoas que já governaram o Brasil - temos Senadores que já passaram pela Presidência da República, que já foram Ministros, que já foram Governadores, Prefeitos, como eu, Deputados Federais -, porque tenho a certeza de que a mais importante de todas as experiências repousa em cada um dos senhores, sentados nas nossas cadeiras, hoje, nas cadeiras do povo brasileiro: é a experiência de emprestar um pouco daquilo que Deus nos deu - a bênção da vida para auxiliar o próximo.

Parabéns a todos vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/2004 - Página 32641