Discurso durante a 148ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Retomada da atividade econômica, em especial a da Zona Franca de Manaus.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Retomada da atividade econômica, em especial a da Zona Franca de Manaus.
Publicação
Publicação no DSF de 27/10/2004 - Página 33368
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, ZONA FRANCA, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), ANALISE, DADOS, ESTATISTICA, COMPROVAÇÃO, AUMENTO, PRODUÇÃO, EMPRESA, REGIÃO, EXPECTATIVA, CONTINUAÇÃO, CRESCIMENTO.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, diversos indicadores econômicos vêm apresentando, nas últimas semanas, sinais claros de entrada do País em um ciclo de crescimento. Ainda que seja apenas um início de saída da estagnação, algumas conseqüências da mudança de conjuntura já se fazem sentir, especialmente nas pesquisas de opinião sobre o Governo, que mostram a tendência ao crescimento da aprovação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas campanhas eleitorais para a prefeitura de nossas maiores cidades, os candidatos oposicionistas já se vêem obrigados a mudar sua estratégia inicial de federalização dos pleitos locais, explorando a insatisfação popular com o Governo Federal.

As notícias positivas podem ser inesperadas para quem enxerga o País a partir das dificuldades e contradições do Centro-Sul, mais desenvolvido e mais estagnado neste momento. Quem acompanha a economia da Amazônia e conhece seu dinamismo, porém, não está surpreso. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, vive verdadeiro florescimento, de acordo com reportagem publicada no periódico Valor Econômico do dia 3 de agosto.

A unidade fabril da Honda, fabricante de motocicletas, aumentou em 10,3% o número de trabalhadores em relação ao ano passado, passando para 6 mil e 400 empregados, para dar conta da demanda. Até o final deste ano, segundo a direção da empresa, deverão ocorrer mais 300 contratações. Outras empresas, como a LG, a Semp Toshiba e a Siemens, já programam investimentos na ampliação da produção e pensam em contratar mais trabalhadores. Os investimentos programados dessas quatro empresas, somados, passam dos US$100 milhões.

É o aquecimento da demanda interna que está produzindo esses efeitos. As exportações, que vinham garantindo a lucratividade das indústrias instaladas na Zona Franca, tiveram de recuar em 30% este ano, em face da necessidade do atendimento ao mercado nacional. As vendas totais e o faturamento continuam em alta: a receita da Zona Franca alcançou, em maio deste ano, US$1,114 bilhão, 30% a mais que o do mesmo mês de 2003. O Sr. Maurício Lourenço, Presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Ciem), estima que, em 2004, o faturamento total do pólo industrial atinja facilmente os US$12 bilhões.

Mantendo-se a atual política econômica, acrescenta Maurício Lourenço, projeta-se para o próximo ano um total de US$14 bilhões. Confiança em um crescimento continuado é o que mais encontra qualquer pessoa que entreviste os empresários amazonenses. É um estado de espírito contagiante.

De acordo com números da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), as 327 indústrias recebedoras de incentivos empregavam mais de 72 mil pessoas no último mês de maio, número superior ao pico de atividade de novembro do ano passado. Já o Ministério do Trabalho informa que o emprego formal na indústria cresceu 13% no Amazonas, contra 6,05% da média nacional.

De fato, é a primeira vez, desde 1990, quando o plano Collor fez o emprego na Zona Franca desabar de 76,8 mil para 37,7 mil trabalhadores, que conseguimos ultrapassar novamente a marca dos 70 mil empregados. Nem mesmo no auge da paridade cambial, em 1996, o emprego chegou a ultrapassar os 51 mil trabalhadores.

A LG tem suas duas unidades fabris completamente ocupadas, e já planeja a construção de nova fábrica, que lhe permitirá dobrar a produção de seus condicionadores de ar e aumentar em 50% a produção de televisores e aparelhos de DVD. A Semp Toshiba também está investindo R$15 milhões na expansão de sua capacidade de produção de aparelhos de televisão.

As motocicletas, porém, apresentam o maior crescimento de demanda entre todos os produtos da Zona Franca. Este ano, deverão sair das fábricas da Honda mais de 930 mil motocicletas, cerca de 10% a mais que no ano passado. A montadora pretende investir US$60 milhões na expansão de sua fábrica, para alcançar, em 2005, a capacidade de produção de 1 milhão e meio de veículos por ano.

A indústria de aparelhos de telefone celular também cresce em ritmo impressionante. A Siemens anunciou o investimento de US$40 milhões na construção de sua segunda fábrica em Manaus, a entrar em operação no ano vindouro.

O que procurei apresentar aqui, Srªs e Srs. Senadores, são alguns dados que mostram a participação da Amazônia na retomada da atividade industrial do País e na construção do espetáculo do crescimento. Também mostram como a instituição de áreas de incentivo fiscal, como a Zona Franca de Manaus, possibilitam o fomento do progresso de nossas regiões Norte e Nordeste, que ficaram, por razões históricas, para trás no desenvolvimento.

É hora de acreditar na retomada da atividade econômica do País e de investir. A Amazônia vem dando a melhor resposta à crise de confiança, que é o que mais causa estagnação e atraso.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/10/2004 - Página 33368