O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, As atividades que o Serviço Social do Comércio (SESC) desenvolve, no cotidiano dos centros urbanos do País, há mais de 50 anos, nas áreas de educação, saúde, lazer e cultura, são de amplo conhecimento da população brasileira. Afinal, no ano passado, foram atendidas nas atividades da instituição mais de quatro milhões de pessoas matriculadas, além dos seus usuários regulares, o que evidencia a dimensão dos trabalhos de promoção social empreendidos pelo SESC, em prol, especialmente, da melhoria da qualidade de vida dos comerciários e de suas famílias.

O trabalho tradicionalmente realizado pelo SESC constitui, efetivamente, um gigantesco esforço de construção da cidadania, levado à frente em cidades espalhadas por todo o território brasileiro. O que muita gente não sabe, contudo, é que, no período mais recente, o SESC passou a dar a sua contribuição à política nacional de preservação da biodiversidade, por entender que a consciência ambiental é elemento indissociável da cidadania. Assim, a par de sua presença nos centros urbanos, o SESC foi embrenhar-se no ambiente pantaneiro.

O Dr. Antônio Oliveira Santos, Presidente da Confederação Nacional do Comércio e também do Conselho Nacional do SESC, fez-me chegar às mãos, recentemente, uma belíssima publicação, intitulada SESC PANTANAL.

No livro, de acabamento gráfico excepcional e primorosamente ilustrado com fotografias de alta qualidade artística, está reunida uma ampla gama de informações sobre a Estância Ecológica SESC Pantanal.

Localizada no Estado de Mato Grosso, a Estância Ecológica SESC Pantanal tem como sua principal unidade de atuação uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) com 106.644 hectares. Além dela, o SESC Pantanal é integrado pelo Hotel SESC Porto Cercado, com 60 unidades habitacionais - atualmente em expansão para 108 -; pelo Parque SESC Baía das Pedras, com 4.200 hectares; pelo Centro de Atividades de Poconé, com 3.800 metros quadrados de área construída; e, finalmente, por sua Base Administrativa, em Várzea Grande, cidade que, situada do outro lado do rio Cuiabá, forma um só centro urbano com a Capital daquele Estado.

Com efeito, a Estância Ecológica SESC Pantanal é uma importante iniciativa do Serviço Social do Comércio, representando relevante contribuição à política nacional de preservação da biodiversidade, ao proteger significativa parcela do Pantanal, área com excepcionais características.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao iniciar sua atuação na área ambiental, com a criação da Estância Ecológica SESC Pantanal, o SESC demonstra estar sintonizado com a crescente preocupação da sociedade com a qualidade de vida em sua mais ampla acepção. Ao mesmo tempo, acrescenta uma nova página à sua história de trabalho em prol do bem-estar social, integrando ao conjunto de seus programas e atividades a temática ambiental. Com essa iniciativa, o SESC pretende exortar as lideranças empresariais brasileiras a se somarem ao esforço nacional de preservação do meio ambiente e em defesa da vida no planeta.

Um chamamento dessa ordem às lideranças empresariais, políticas, governamentais e aos diversos segmentos da sociedade civil só será eficaz se feito por meio de idéias e iniciativas arrojadas, que tragam no seu bojo o espírito da mudança, do desenvolvimento com sustentabilidade. É esse, exatamente, o caso da Estância Ecológica SESC Pantanal.

O empreendimento vem sendo concebido por entusiastas da causa ambiental oriundos das mais diversas áreas do conhecimento. O que traz esses homens e mulheres juntos é o sonho comum que nutrem com idêntico fervor: o sonho de frear a degradação do meio ambiente. E havemos de convir que poucas atitudes poderiam ser qualificadas como mais altruístas do que o esforço de realizar e demonstrar a viabilidade de empreendimentos de preservação e conservação ambiental. Iniciativas dessa ordem nutrem as esperanças de que ainda é possível salvar nosso planeta. Na medida em que se concretizam em resultados palpáveis, persuadem consciências, se desdobram e se multiplicam.

Com suas cinco unidades operativas, antes mencionadas, integradas por contingências geográficas e sociais e por estratégias de educação, a Estância tem o Pantanal como o seu maior vetor pedagógico. A maior planície alagadiça da terra parece ter a capacidade de converter os homens a uma nova visão do mundo, talvez por sediar uma das mais fantásticas âncoras de vida animal e vegetal do planeta; talvez pela riqueza e beleza de sua biodiversidade; talvez pela sua susceptibilidade às mínimas agressões ambientais; talvez por ser o Pantanal, naturalmente, um revolvedor de mentes, que predispõe o ser humano a mudanças de concepções; talvez por facilitar a compreensão do mundo fora dos espaços acadêmicos e urbanos, assim em meio a uma cultura na qual o homem é parte intrínseca da natureza.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por meio da sua Estância Ecológica, o SESC está desenvolvendo no Pantanal brasileiro, a 145 quilômetros de Cuiabá - o grande centro urbano mais próximo -, um conjunto de ações que une consciência ambiental, responsabilidade social e cidadania. O projeto valoriza a vida em um ecossistema sem paralelo no planeta.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) que constitui o cerne da Estância Ecológica SESC Pantanal, com seus mais de 106 mil hectares, está localizada entre os rios Cuiabá e São Lourenço, na porção norte do Pantanal. Ela não é apenas um vasto trato de terra protegido por cercas e colocado a salvo da ação predatória do homem. Muito além disso, ela corporifica um espaço permanente de pesquisa, conhecimento, educação ambiental, preservação e valorização da vida, em todas as suas formas. Na verdade, o SESC Pantanal pretende ser, para as atuais e futuras gerações, um instrumento de construção da cidadania consciente no Brasil, com a inclusão da variável ambiental. Isso porque, para o SESC, no mundo de hoje, quem não tem consciência ambiental não é um cidadão atualizado.

A observação da curta, mas já intensa, história do SESC Pantanal evidencia claramente que o projeto guarda, em suas raízes, os ideais dos pioneiros fundadores do SESC/SENAC: a sintonia com a realidade do País e o comprometimento com uma vida mais justa e digna.

Para alcançar seus objetivos de fomentar a educação ambiental, estimular a economia auto-sustentável e preservar a biodiversidade do Pantanal, o SESC vem desenvolvendo, em sua Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), pesquisas em parceria com universidades e outras instituições. Essas pesquisas vêm permitindo acumular conhecimentos necessários ao manejo adequado de um extraordinário manancial de vida.

Ao assumir o desafio de preservar uma parcela do Pantanal, o SESC definiu como prioridade valorizar o habitante da região. Assim, 90% das 128 pessoas que trabalham na RPPN, no Centro de Atividades de Poconé e no Hotel são moradoras de Poconé e Barão de Melgaço, Municípios onde o SESC vem desenvolvendo projetos auto-sustentáveis de geração de renda e ações de apoio comunitário.

Quando, apenas oito anos atrás, o Dr. Antônio Oliveira Santos, Presidente do Conselho Nacional do SESC e da Confederação Nacional do Comércio, decidiu comprar algumas fazendas de gado, em fase de desativação, estava legando ao País um patrimônio de valor imensurável: hoje, pelo menos naquela ampla extensão territorial, a biodiversidade do Pantanal está a salvo das agressões humanas. A decisão do Dr. Santos, um marco na história do SESC, delineou uma área de preservação ambiental que vai ficar lá para sempre.

Com suas terras averbadas em cartório, a RPPN é uma reserva permanente, com o caráter de perpetuidade irrevogável. Para garantir a transparência e a participação da sociedade na gestão da reserva, foi criado, já em 3 de julho de 1998, um conselho consultivo externo composto por dez representantes de diversas instituições, sendo apenas dois do SESC. A instituição desse conselho guarda absoluta coerência com a concepção do SESC de que sua RPPN é um patrimônio do Brasil.

Apesar do curto período decorrido desde a criação da reserva, os esforços conservacionistas já apresentam resultados animadores. A arara azul, por exemplo, espécie ameaçada de extinção no Pantanal, tem sua população em franco crescimento na Estância Ecológica SESC Pantanal. No início das atividades da reserva, em 1997, elas eram cerca de 15. Hoje, são 210, com hospedagem garantida nos 43 ninhos nas árvores de manduvi, mulateira e ximbuva. Estão lá porque encontram proteção e alimento. E, se depender dos esforços do SESC, vão encontrar muito mais. Recentemente, foram plantadas 2.000 das 10.000 mudas de bocaiúva planejadas para plantio, palmeira da qual as araras azuis extraem alimento. E esse é apenas um dos projetos em andamento na RPPN que já apresenta resultados visíveis.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao iniciar sua atuação na área ambiental, com a criação da Estância Ecológica SESC Pantanal, o Serviço Social do Comércio demonstra estar sintonizado com as crescentes preocupações da sociedade brasileira e mundial no que se refere à preservação da natureza. Contribuindo com a política nacional de preservação da biodiversidade, o SESC fortalece seus notáveis esforços de construção da cidadania em todo o País.

A organização do novo empreendimento espelha os múltiplos objetivos e desafios a que se propõe o SESC, cujo eixo é a construção da cidadania consciente no Brasil.

A criação da Estância Ecológica SESC Pantanal evidencia a capacidade do Serviço Social do Comércio de fazer frente aos inadiáveis desafios sociais, econômicos e ambientais do nosso País, ao mesmo tempo em que reafirma a confiança da instituição no futuro do Brasil e o seu compromisso fundamental com a valorização da vida.

Por isso, Sr. Presidente, desejo parabenizar o Serviço Social do Comércio pela edição da belíssima obra intitulada SESC Pantanal e, principalmente, pela implantação desse notável empreendimento que é a Estância Ecológica SESC Pantanal.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado!