O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Heráclito Fortes, Srªs e Srs. Senadores, falarei sobre três assuntos e serei objetivo.

Primeiro, o Senador Marcelo Crivella encaminhou-me ofício para que possa, representando o Senado Federal e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, ir aos Estados Unidos para compor a subcomissão permanente de proteção dos cidadãos brasileiros no exterior, cujos membros visitarão brasileiros presos naquele país.

Como a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional se reunirá apenas na próxima semana, como Presidente da CRE, eu gostaria de encaminhar ao Presidente José Sarney meu parecer favorável à pretensão de S. Exª. Assim este ofício talvez possa ser examinado na sessão plenária de amanhã.

Em segundo lugar, eu também gostaria de aqui anexar ao meu discurso ofício que encaminhei ao Presidente da República no dia 25 de agosto de 2004, com uma carta da Srª Genilma Boehler, que relata como seu ex-marido, Eri Daniel Rojas Vilalba, em 4 de fevereiro último, utilizando o carro dela, levou de sua residência, em São Bernardo do Campo, para o Paraguai seus dois filhos, Guillermo Rojas Boehler, de 10 anos, e Arturo Rojas Boehler, de sete anos. Desde fevereiro último, ela está tentando localizar as crianças.

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a oportunidade, amanhã, de dialogar com o Presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos. Será muito importante que o Governo e a Justiça paraguaia cumpram o acordo internacional, baseado em leis brasileiras e paraguaias, a fim de que possa a Srª Genilma Boehler* ter seus filhos, que foram seqüestrados, de volta ao seio materno, se possível, em entendimento com o marido dela.

Anexo a carta da Srª Genilma Boehler ao Presidente da República, bem como a carta que eu próprio escrevi ao Sr. Eri Daniel Rojas Villalba, pai das crianças, em 28 de julho de 2004, na qual faço um apelo a fim de que cheguem a um entendimento e possam os filhos da Srª Genilma Boehler voltar para ela.

O terceiro assunto, Sr. Presidente, diz respeito à entrevista do Sr. Valdemir Garreta publicada na edição de hoje do jornal Folha de S.Paulo, no qual diz que graças à minha atuação teria a Prefeita Marta Suplicy perdido as eleições. Ora, falei há pouco com Valdemir Garreta, transmitindo a ele o quanto me empenhei na campanha a fim de que a Prefeita Marta Suplicy pudesse continuar. ocupando esse cargo, dado o direito de reeleição e dado que, na minha avaliação - como afirmei ao longo de todos esses meses, inclusive da tribuna do Senado -, entre todos os chefes do Poder Executivo Municipal de São Paulo, ela foi a melhor de todos, considerando homens e mulheres, inclusive aqueles que se destacaram como grandes prefeitos e prefeitas da Cidade de São Paulo, como por exemplo, Prestes Maia, Faria Lima, Luiza Erundina - por quem tenho muita estima e respeito - e outros. Considero extraordinário o desempenho da Prefeita Marta, que fez com que São Paulo caminhasse no sentido de construir uma cidade mais justa, mais civilizada. Em artigos publicados na Folha de S.Paulo, há dois domingos e no último dia 31, e no jornal O Estado de S. Paulo, junto com Marilena Chauí, destaquei a ação civilizatória de Marta Suplicy.

Quero dizer desta tribuna que divergi da coordenação de campanha. Disse muitas vezes à Prefeita Marta, a Duda Mendonça, a Manoel Canabarra e a outros coordenadores da campanha que seria importante dedicar todo o tempo, sobretudo, aos aspectos positivos, àquilo que a Prefeita Marta realizou em São Paulo na área da educação; com a construção dos CEOs; a distribuição de uniformes para todas as crianças da rede escolar; com o Vai e Volta*; o bilhete único no transporte coletivo, tão importante; o Passa-Rápido (presente também nas avenidas Teotônio Vilela, São João, Francisco Matarazzo, Embu e Imirim e tantas outras); a remodelação de avenidas, como a 9 Julho, que antes tinha um sistema de corredor de ônibus que não era bonito e cheio de grades, transformando-o em pontos de ônibus muito mais bonitos, com canteiros centrais, arborizados, com iluminação sem fiação área, mas subterrânea, tornando muito mais bonita essa avenida construída pelo ex-prefeito Prestes Maia.

Sugeri que dedicassem atenção aos programas que contemplaram tanto as populações de rua, que passou a ser atendida com o Projeto Boracéia e outros, quanto a população das favelas, com projetos, como, por exemplo, a transformação da Favela do Gato em Parque do Gato, com construções que proporcionam muito mais dignidade; que dessem atenção aos projetos de mutirão; aos projetos sociais, como a garantia de uma renda mínima, como o Começar de Novo, o Bolsa-Trabalho, a Operação Trabalho, o microcrédito, o apoio às formas cooperativas de produção.

Eram muitas as coisas que podiam ser mostradas. Podiam mostrar os aspectos de expansão da atividade econômica de turismo, o apoio que a Prefeita Marta Suplicy deu a atividades como a reunião dos Chefes de Estados (Unctad), realizada no início desse ano; a reunião dos prefeitos das principais cidades do mundo; as reuniões relativas às convenções e feiras - de 161 eventos havidos no Brasil este ano, 120 estão sendo realizadas no município de São Paulo graças à construção do hotel no Parque Anhembi -, assim como a infra-estrutura construída pela prefeitura e o apoio que a Prefeita vem dando a atividades como o Fashion Week e tantas outras como os festivais de cinema e as inúmeras atividades culturais que fizeram com que São Paulo tivesse, por exemplo, nos últimos quatro anos, aumentado de trezentos e pouco para mais de quinhentos hotéis. Aumentou também o número de cinemas, de teatros e a qualidade dos centros educacionais unificados com creches, construiu escolas de 1º e de 2º graus, piscinas, quadras esportivas as mais diversas, quadras de futebol; incentivou o ensino de música e de instrumentos musicais. Tudo isso levou à transformação de inúmeras pessoas, meninos e meninas, que passaram a ter outra forma de agir, de adquirir conhecimentos em virtude das oportunidades que lhes foram oferecidas. Muitas vezes indaguei da Prefeita Marta por que ficar insistindo tanto no fato de que o vice-prefeito de José Serra é Gilberto Kassab em vez de enaltecer.as qualidades do candidato a Vice-Prefeito, Rui Falcão. Valdemir Garreta, secretário de Marta Suplicy, pode ter sua opinião. No entanto, quero externar a opinião, que foi sempre expressa em comícios, em todos os lugares. Sempre enalteci o trabalho da Prefeita Marta Suplicy, que considero uma das pessoas de maior valor na vida política nacional.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Com prazer, nobre Senador. Vou só completar meu raciocínio.

Considero Marta Suplicy uma das pessoas de maior grandeza na história política contemporânea do Brasil. Muitas vezes, mostrou às meninas, às adolescentes do Brasil de hoje, como podem ter perspectivas de chegar à prefeitura de uma cidade como São Paulo e, por conseguinte, a cargos extraordinários no País. Isso faz bem para as pessoas. Se tais afirmações contribuíram para que a prefeita perdesse a eleição, desculpe-me o Sr. Valdemir Garreta. V. Sª poderia ter dialogado mais comigo e ouvido mais. Durante a campanha, como coordenador, resolveu não me ouvir nas inúmeras sugestões que fiz.

Concedo um aparte ao Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª, nesta Casa, é uma das figuras mais simpáticas e queridas, justamente por sua educação. Valdemir Garreta não merece crédito. Deveria dar uma entrevista inclusive salientando as suas restrições à entrevista que concedeu. E mais ainda: se ele é auxiliar da Prefeita, penso que amanhã S. Sª vai demiti-lo.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Quero transmitir que Valdemir Garreta me disse há pouco, por telefone, que a ênfase dada na chamada da Folha não era bem aquela que ele gostaria, entretanto ele falou o que estava na entrevista.

            Quero dizer das coisas que não são precisas, pois sempre me coloquei à disposição do horário eleitoral para gravar, porque, como viajava muito, atendendo à demanda das direção nacional, estadual e municipal, quando chegava a São Paulo, dizia que, se quisessem que fizesse qualquer gravação seria nesses horários. Isso fiz de fato. Agora, quem, em 9 de junho, telefonou para meu gabinete pedindo para que gravasse um programa para a candidata e prefeita Marta foi Valdemir Garreta; quem, ao final de julho, início de agosto, pediu que desse um longo depoimento, de três horas, para dizer das coisas positivas em favor de Marta, foi Duda Mendonça, que era o principal responsável pela campanha. Ele veio a minha casa, montou um estúdio e lá gravei por tanto tempo.

O que por vezes estranhei é que, embora no livro Coisas e Fatos, de 2001, de Duda Mendonça, ele diz que, nos últimos dez anos, tantas vezes tem repetido: quem bate perde! Pois bem, transmiti a Duda Mendonça que eu gostaria que aquele ponto de vista dele prevalecesse na campanha. Isso não estava acontecendo: no debate ocorrido na Rede Bandeirantes, estranhei quando Duda Mendonça, Valdemir Garreta e Luís Favre exultaram diante do bloco em que a Prefeita Marta resolveu ser bastante agressiva em relação a José Serra.

Eu, que testemunha fui do quanto ambos aqui dialogavam sempre e ao telefone, quando Serra era Senador e depois Ministro e Marta, Deputada Federal; eu, que sou testemunha do diálogo construtivo sobre a vida política brasileira que ambos tinham, estranhei a agressividade naquele dia. Pareceu-me algo que saiu do tom normal e civilizado das coisas. Por isso sugeri a Marta que, pelo menos no próximo debate, procurasse cumprimentar com um boa-noite o canditato José Serra, sugestão que ela acatou e fez no debate da Rede Globo.

Aliás, os últimos dias de campanha seguiram as proposições que eu tinha. Vamos fazer a apresentação das boas coisas. O que aconteceu? Marta subiu, só que precisava de mais tempo. Se isso tivesse ocorrido desde o começo, avalio que o resultado teria sido melhor.

Mas é a opinião dele que diz que gostaria que houvesse uma disputa no Partido dos Trabalhadores para que haja um outro pré-candidato ao Senado.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Senador Eduardo Suplicy, V. Exª me permite um aparte?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Efraim Morais, apenas eu gostaria de dizer perante meus Colegas e perante minha Líder, Senadora Ideli Salvatti, que, se Valdemir Garreta quiser ser pré-candidato ao Senado - eu também fui um pré-candidato à Presidência -, muito bem, ele poderá ser ou indicar quem queira ser, o que é muito saudável, e o PT tem a prática dos debates e da prévia.

Eram essas as considerações que queria tecer.

Concedo um aparte a V. Exª, Senador Efraim Morais.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Senador Eduardo Suplicy, nós, que somos seus companheiros nesta Casa, sabemos do carinho com que trata a todos, e V. Exª sabe do respeito que temos pela sua pessoa. É exatamente este aspecto que queria abordar. Não vou nem tratar mais das declarações do Sr. Valdemir Garreta. V. Exª já exprimiu sua posição. O que lamento é que o PT de São Paulo não tenha aceito essa sua orientação. Poderia até ter mudado o resultado das eleições. Todavia, V. Exª foi rejeitado naquele momento pela equipe que estava produzindo o programa. Parece-me que já há um trabalho do PT de São Paulo visando excluir V. Exª da sucessão de 2006, pois há muitos querendo candidatar-se a Governador, a Senador. Evidentemente, isso é de competência interna do seu Partido. Contudo, já estamos observando essa situação e já começamos a lamentá-la, pois V. Exª é uma das figuras mais sérias deste Governo. V. Exª, por muitos e muitos anos neste Plenário, quase sozinho, levantou essa bandeira e defendeu seu Partido. Entretanto, lamentavelmente, parece-me que a referida entrevista pode ter sido preparada e induzida no sentido de tentar excluir V. Exª do caminho tão brilhante, da carreira que V. Exª abraçou em defesa do povo paulista e do povo brasileiro. Solidarizo-me com V. Exª, que tem, aqui neste Plenário, amigos de todos os partidos, porque respeitamos V. Exª e sabemos a figura extraordinária que é o Senador Eduardo Suplicy. Então, conte com nossa solidariedade. E lamento que talvez esteja sendo traçado algo contra a figura extraordinária de Eduardo Suplicy dos companheiros do PT.

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT - SP) - Muito obrigado, Senador Efraim Moraes. O meu respeito pela avaliação de V. Exª.

Senadores Heráclito Fortes e Efraim Moraes, eu prometi ser breve. Então, pedi a ambos que sejam serem breves, mas quero ouvi-los.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Eduardo Suplicy, temos que respeitar a inteligência do Sr. Valdemar Garrote.

O SR. EDUARDO SUPLICY (PT - SP) - Garreta.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Seja feita a retificação de V. Exª. Garrote é aquele laço que estrangula e ele está querendo estrangular a verdade. Se houve incompetência da campanha, ninguém coordena. Foi V. Exª um militante, foi um participante, não foi um oferecido. Quem leu os jornais de todo o período vai ver que V. Exª foi convocado pelo Presidente da República para ajudar na campanha. Isso é uma injustiça tremenda que comentem contra V. Exª. Agora V. Exª matou a charada. O Sr. Garreta quer notoriedade. O Brasil não sabia quem ele era; hoje está sabendo, porque escolheu exatamente um figura que é unanimidade nacional para agredir. E agredir da maneira mais irresponsável, mais leviana, mais azeda que, pelas circunstâncias, se pode agredir uma pessoa. Tem V. Exª uma sorte muito grande na sua vida. Quando jovem, como garoto, ninguém nunca lhe viu em São Paulo em briga de galo, porque senão ele iria culpá-lo por aquela infeliz viagem feita pelo coordenador de propaganda da campanha. Iria dizer que tinha sido idéia de V. Exª. Só faltou isso. Olhe, perder com dignidade é o que valoriza não só o candidato mas quem coordena a sua equipe. Esteja certo. E o velho Vitorino Freire já dizia que “jabuti não trepa em árvore; ou é enchente ou mão de gente”. Ele não está falando sozinho, mas em nome, evidentemente, de um grupo que, bem antes desse período eleitoral, já tentava alijá-lo da sucessão de 2006, que, aliás, é o grande problema que o Partido de V. Exª vem pagando. Ele priorizou a sucessão para o Governo de São Paulo, em detrimento do andamento do País e do Partido em outros Estados brasileiros. É a prioridade. E aí está exatamente o centro de todas as crises que o Governo vive, pelo menos, até o momento. Se V. Exª, que é um homem sereno, parar para pensar e avaliar as crises que o PT viveu neste período de governo, verá que a origem de tudo é a sucessão de São Paulo, 2006. V. Exª não precisa nem se justificar. O Brasil todo o conhece e não conhece o seu acusador. Muito obrigado.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Obrigado, Senador Heráclito Fortes.

Transmito a V. Exªs que a Prefeita Marta acaba de nomear Rui Falcão, Secretário de Finanças, Carlos Zarattini e Valdemir Garreta para comporem a Comissão de Transição.

Faço aqui a seguinte sugestão à Prefeita Marta: no que diz respeito à transição, siga o exemplo do Presidente Fernando Henrique. S. Exª promoveu a transição à equipe do Presidente Lula, quando Antonio Palocci foi designado coordenador e pôde trabalhar desde o dia em que o Presidente Lula venceu a eleição até 1º de janeiro, dia da posse, conhecendo todas as informações de cada Ministério - no caso de São Paulo, seriam as Secretarias. Tenho convicção de que, assim, o Prefeito eleito José Serra, a quem manifesto meus respeitos e transmito meu cumprimento pela vitória democrática que obteve, terá mais consciência sobre todos os programas, projetos e realizações da Prefeita Marta Suplicy, da atual administração, do que tinha durante a campanha, graças ao acesso que lhe será dado inteiramente, e fará melhor avaliação.

Essa é a sugestão que aqui formulo. E tenho certeza de que José Serra deverá seguir a disposição da Prefeita Marta Suplicy.

Sugiro, então, que todas as informações sejam dadas ao Prefeito eleito José Serra e que haja um sentido de cooperação e de defesa do interesse público.

Concedo um aparte ao Senador Tasso Jereissati.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Senador Eduardo Suplicy, acredito que todos que o conhecem - tenho certeza de que São Paulo todo o conhece muito bem - ficaram surpresos com as declarações que saíram hoje no Jornal Folha de S.Paulo. Eu queria dar uma declaração pública de que fiquei mais surpreso ainda porque sou testemunha do seu empenho no sentido de ajudar a gestão da Prefeita Marta. Em determinado momento, nesta Casa, houve um pedido de empréstimo para a Prefeitura de São Paulo, que, a princípio, eu considerava irregular por ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal e, por isso, pedi vista. O empenho de V. Exª não apenas junto a mim, mas junto a todos os Parlamentares do PSDB, do PFL, da Oposição e perante todos os representantes do Nordeste, foi fundamental, visto termos sido mal-entendidos pela Prefeita. V. Exª, após as dificuldades que já haviam sido sanadas, transpôs novas dificuldades criadas e, graças ao seu empenho pessoal, o projeto foi aprovado no Senado com uma determinação impressionante. Todos nós notamos sua determinação e seu empenho em ajudar naquele momento. Portanto, para nós é absolutamente chocante que esse senhor, que não conheço - creio que poucos devem conhecê-lo -, venha a público tentar transferir a incompetência e os erros justamente para uma pessoa que não tem relação com o insucesso.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Tasso Jereissati, agradeço o testemunho de V. Exª. De fato, quando a Prefeita Marta avaliou que seria importante a minha cooperação no Senado, procurei fazê-lo da melhor maneira possível, para que os Senadores aprovassem, o quanto antes, tanto as operações do BNDES como as do BID. E não foi tão fácil. A Presidente da Emurb, inclusive, transmitiu à Marta, porque ela aqui estava, o quanto eu havia me empenhado. E assim estarei até o final do seu mandato, sempre e em qualquer circunstância. Tenho o maior respeito por Marta. É a mãe querida de meus filhos. O que se passou, passou. Respeito Luís Favre, hoje seu marido. Sempre conversei com ele com cortesia e respeito. Posso ter divergências, como as que aqui expresso. Estranho um pouco o fato de Duda Mendonça gostar de briga de galos, e por ter acreditado que, de repente, Marta e José Serra pudessem ter uma disputa que lembrasse uma rinha. Eu, quando jovem, não tinha qualquer apreço por esse tipo de atividade, contudo, tive outra atividade que guardava também uma certa violência. Quando menino e adolescente, pratiquei boxe. Assim, aprendi o que é concernente a esse esporte. Todos sabem o quanto faço para que jamais se use a violência.

Concluo o meu pronunciamento para dizer que respeito inteiramente a decisão democrática do povo norte-americano de escolher George Walker Bush. Creio que será muito importante que ele reflita sobre as críticas formuladas por John Kerry e por todas as pessoas no mundo, sobre a ação que considerei tão precipitada, que foi iniciar belicosamente a ocupação do Iraque, com mortes que não param de acontecer.

Espero que ele possa lembrar mais das lições dos homens de paz que sempre acreditaram em soluções não violentas, como foi Martin Luther King Junior.

Muito obrigado.