Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise do desempenho do Partido dos Trabalhadores no último pleito eleitoral.

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Análise do desempenho do Partido dos Trabalhadores no último pleito eleitoral.
Aparteantes
Eduardo Azeredo, Heráclito Fortes, Leonel Pavan, Sergio Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2004 - Página 35061
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, RESULTADO, ELEIÇÕES, DEMONSTRAÇÃO, EFICACIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DIREÇÃO, PROCESSO ELEITORAL, ELEIÇÃO MUNICIPAL.
  • CONGRATULAÇÕES, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTICIPAÇÃO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ANALISE, ELEIÇÕES, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGIÃO AMAZONICA, DEBATE, APOIO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CAMPANHA ELEITORAL.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Marcelo Crivella, Srªs e Srs. Senadores, pela notoriedade do tema, qual seja, o pós-eleições, esperava-se que alguns pronunciamentos hoje se estendessem por mais tempo, para uma avaliação representativa de um conjunto político, de um partido político de âmbito nacional.

Pelo PT, certamente outras pessoas falarão com muito mais propriedade e com maior autoridade e representatividade do que eu, mas eu me inscrevi porque penso que deveria tecer também alguns comentários, principalmente no que diz respeito à parte do discurso do Senador Arthur Virgílio, com a qual concordo.

Concordo que uma eleição nos Estados Unidos vai interferir direta e indiretamente na economia de nosso País, assim como os sinais dados a partir da China, como também a situação da nova União Européia e tantas outras expectativas que temos na conjuntura internacional.

A onda da economia não nasce daqui para lá; certamente, ela nasce de lá para cá. É notório também que o resultado das eleições deste ano, encerradas em 31 de outubro, coloca uma nova forma, um novo desenho no mosaico da representação política do País. O que isso quer dizer? Quem ganha e quem perde? Infelizmente, ainda não ouvi nenhum pronunciamento tratando de uma alegria profunda por vitórias. Todas as avaliações que ouvi até agora tratam de uma grande preocupação, como se todos tivéssemos perdido a eleição. É claro que vencer uma eleição no Município de São Paulo representa uma simbologia para o PT, como para qualquer partido político. Mas o crescimento de partidos pequenos, como o PSB - quero usar esse exemplo aqui -, faz com que, obrigatoriamente, um partido maior tenha diminuída sua representatividade.

Estou muito feliz com os resultados que o meu Partido obteve nessas eleições. Estou muito feliz com a condução política que a nossa direção deu a esse processo eleitoral. Quero parabenizar o Presidente do PT, José Genoino, quero parabenizar a nossa Executiva Nacional, pela leitura que tiveram do processo, pela forma da condução. Vivemos a realidade que é notória no nosso Partido: não somos um Partido centralizado. E não vejo Partido algum com representação nesta Casa de forma centralizada. Ou seja, as nuances regionais, as nuances locais, municipais, prevalecem, em muitos dos casos, diferentemente da orientação nacional. E aí o maior exemplo que temos: a orientação do PT para São Paulo foi diferente da orientação nacional. Assim também com a orientação do PT para Porto Alegre, com a orientação do PT para Fortaleza. Enfim, a orientação do PT, em vários lugares, foi diferente da que se estabeleceu nacionalmente.

Discordo de alguns colegas que ficam tentando encontrar, personalizar, identificar em uma pessoa a responsabilidade pela derrota ou até mesmo pela vitória. Isso é muito enganoso! O que temos que admitir é que quem consegue fazer um somatório de acertos terá, com certeza, um resultado favorável. Um somatório de erros acarretará um resultado desfavorável.

Mas vejam a balança do surgimento de lideranças. Concordo com alguns que dizem que a nossa Prefeita Marta Suplicy sai dessas eleições, mesmo perdendo, com o nome nacionalizado, assim como, nos quadros do PFL, o Prefeito César Maia, do Rio de Janeiro, e uma série de outras lideranças que surgiram nesse mosaico político que estamos vivendo.

Eu gostaria de dizer ainda que temos uma democracia interna, a partir de uma orientação do Partido, mas evitando, é claro, a obediência pela obediência. Trata-se de uma convivência democrática de 24 anos, e a maioria de nossas referências atuais possui uma história bem anterior ao nascimento do Partido. Pessoas que passaram por situações as mais difíceis, que aprenderam a conviver com espaços reduzidíssimos de democracia, hoje protagonizam essa experiência em âmbito nacional.

Digo que o que ocorreu nas eleições em Porto Alegre e em São Paulo - fatos já refletidos em algumas avaliações da imprensa - ocorreu não pela política do Governo Federal, mas muito mais por uma avaliação bem localizada. E observem como se configura o quadro de representação. Se a eleição em São Paulo teve importância nacional, a imprensa contribuiu para isso. Todas as páginas dos principais jornais, todos os comentários de televisão, todos os comentários dos principais noticiários de rádio diziam que a eleição em São Paulo determinava o mosaico da política brasileira, assim como o resultado das eleições nos Estados Unidos.

Eu gostaria de fazer um balanço do quadro em minha região, a Amazônia. Saímos dessas eleições muito felizes, pois o quadro era o mais difícil possível: um PT com dificuldades no Amazonas, com dificuldades no Pará, com dificuldades em vários Estados...

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador Sibá Machado?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Concederei em seguida, Senador Heráclito Fortes.

Nossas principais lideranças na região eram pouco divulgadas, pouco conhecidas, mas saímos vitoriosos em quatro das nove capitais: Rio Branco, Macapá, Porto Velho e Palmas. Temos ainda participação na eleição de Teresa Jucá, em Boa Vista, e, no segundo turno, o apoio a Serafim Corrêa, em Manaus.

Concedo o aparte ao nobre Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª, que tem toda sua origem política ligada à Igreja, deve ter visto uma crítica feita hoje por Dom Tomás Balduíno ao partido de V. Exª, uma análise que ele faz da derrota. Seria muito importante ouvir de V. Exª alguma coisa sobre esse desabafo de Dom Tomás. Senador Sibá Machado, uma das coisas que vi no meu Estado e que importava muito foi a falta de cumprimento, pelo Partido de V. Exª, de alguns compromissos assumidos em praça pública. V. Exª se lembra daquele movimento que o PT comandou, inclusive com ala da Igreja o apoiando, sobre o fim da Alca, e hoje o Presidente da República é um dos grandes porta-vozes, um dos grandes defensores desse movimento. Dom Tomás faz uma análise de quem conhece a fundo, de quem participou dessa questão. E tenho certeza de que V. Exª - com essa ligação profunda que tem com os movimentos católicos, que fez com que V. Exª fizesse uma peregrinação, saindo da minha terra, o Piauí, indo para São Paulo e voltando hoje esse excelente Senador que o Acre manda para cá - deve ter lido essa matéria, que deve ser motivo de reflexão por parte do Partido de V. Exª. A militância espontânea que o Partido dos Trabalhadores tinha até então - e São Paulo é exemplo disso - foi substituída pelos visitadores e visitadoras pagos. Então, é preciso que essa análise seja feita com o pé no chão, sem nenhuma euforia. Mas acho muito importante que V. Exª, como autêntico representante da linha católica do PT, analise a questão. No mais, parabenizo V. Exª pela disposição, rara em seu Partido, de vir a esta tribuna dialogar sobre o resultado das urnas. Parabéns!

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Agradeço ao Senador Heráclito Fortes.

Há ainda dois pedidos de aparte, os quais ouvirei e, em seguida, tecerei alguns comentários sobre eles.

Ouço o aparte do nobre Senador Sérgio Guerra.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senador Sibá Machado, elogiável a sua atitude de, nesta tarde, defender o Governo e o Partido dos Trabalhadores. Aliás, minha convivência com o Senador permite-me ver que não lhe falta determinação na defesa do Governo e de suas posições. Ouvi algumas afirmações sobre as quais eu gostaria de mais explicação para obter maior clareza sobre elas. Em determinado momento, V. Exª afirmou que as eleições, em vários Estados, não seguiram a orientação do Partido. Citou um exemplo bastante público, o do Ceará, eleição que o PT ganhou perdendo, porque o discurso do Partido foi em uma direção, e os resultados das urnas, em outra. V. Exª também citou São Paulo e Porto Alegre, além de exemplos internacionais, que, na minha opinião, não têm nada que ver com o que se está tratando aqui, do ponto de vista local, como, por exemplo, a eleição do Presidente Bush. Pergunto-lhe qual foi exatamente a orientação do PT para São Paulo ou para Porto Alegre, que não foi seguida. V. Exª se referiu a outros Estados, dos quais agora não me lembro, mas citou esses dois, com certeza. Qual foi o conteúdo da discordância entre o PT nacional e o PT local de São Paulo, se há diferença entre os dois? O PT, apesar das vitórias citadas por V. Exª, seguramente é um Partido cuja consistência, fundamento e origem estão em São Paulo.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - É muito simples, Senador. Pretendíamos continuar governando as oito capitais que administrávamos, o que é natural, aliás, para qualquer Partido. Mas tínhamos a consciência - essa foi uma orientação - de ampliar as alianças. Foi pública e notória a orientação do PT para São Paulo, visando a uma aliança mais aberta, como ocorreu em diversos lugares. Assim era a orientação. Inclusive para Fortaleza, com uma candidatura do PCdoB, o que considerávamos importante naquele momento, essa orientação foi dada e foi pública. Essas três orientações não foram seguidas. Não houve, então, uma amplitude da aliança em São Paulo.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Mas, Senador, a aliança foi até o ex-Governador Paulo Maluf. Ela poderia ir até onde, se foi até Maluf?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - No primeiro turno, não houve.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Mas houve no segundo turno.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Não. Na discussão que foi feita, havia uma sugestão para participação do PMDB.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Houve aliança com Newton Cardoso, em Minas Gerais, e com Maluf, em São Paulo.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - A sugestão seria para composição de chapa com o PMDB. Se houvesse aliança, é provável que inclusive o ex-Senador José Serra não tivesse sido candidato.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - O PMDB é da base do Governo. Ampliar significa ir além, como buscar o apoio de Maluf. O PT foi buscar essa aliança em São Paulo.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Não, essa orientação se deu no primeiro turno. Estou falando das orientações de primeiro turno, não estou falando de resultado de segundo turno. Tínhamos essa orientação para todo o Brasil. Inclusive no caso de Fortaleza, que foi citado, o cabeça de chapa da candidatura não era para ser do PT, mas do PCdoB.

De acordo com essa hierarquia de comando partidário, não usamos o determinismo, a força do centralismo. As localidades acabaram apresentando alianças.

Quero dizer que foi correta a orientação nacional do meu Partido. Não estou dizendo que ela se refletiu integralmente em todas as localidades.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - A aliança com Maluf foi orientação do Partido?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Não foi a orientação do Partido. Foi uma determinação local.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - A orientação nacional do Partido foi contrária a essa aliança?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - A aliança que o Partido orientou foi para o primeiro turno. Precisávamos garantir a sustentação, inclusive da base, o que foi dito e publicado em toda a imprensa nacional. Foi algo que se configurou e que considero um dos problemas que surgiram para algumas dessas derrotas.

Não quero julgar a personalidade de ninguém. O Governo de Marta Suplicy, como era sabido, tinha uma aceitação, entre ótimo e bom, perto de 50%. Se considerarmos o número de irregulares, essa porcentagem sobe muito mais. Mas essa aceitação não se configurou em voto, e estamos cheios de experiência sobre governos que são muito bem avaliados pela população e que não têm essa avaliação revertida em votos.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Sibá Machado, V. Exª me concede um aparte?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - O PT sai dessa eleição muito bem votado, tanto em primeiro quanto em segundo turno. Não temos do que reclamar. A população nos procurou, nos deu um voto de credibilidade, que não resultou em vitória em duas localidades extremamente importantes para o mosaico nacional: Porto Alegre é o resultado de 16 anos de experiência; e São Paulo tornou-se o epicentro da política brasileira.

Concedo um aparte ao Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Sibá, estamos aqui tentando encontrar o caminho que V. Exª faz, porque não estamos conseguindo achar o culpado pela vitória ou pela derrota de alguns candidatos do PT. Em Porto Alegre, Raul Pont acusa a política do Governo Lula pela derrota, e o Professor Luizinho disse que o Raul Pont não venceu porque não levou Lula para Porto Alegre. Estamos perdidos. O Garreta diz que a Marta Suplicy perdeu por causa do Suplicy. Queria saber se, de repente, a culpa da derrota do PT não é do Bush. Vimos há pouco o Suplicy dizer que é contra o Bush e já ouvimos, de pessoas ligadas ao PT, pela amizade que o Lula tem com o Bush, que é a favor. V. Exª mesmo, que diz que segue a orientação do PT, está contrariando o que o Suplicy disse há pouco. Ele é Bush, e o Suplicy é contra. Será que V. Exª não poderia achar o culpado pelo fato de o PT não seguir no Senado e na Câmara Federal a orientação da sua base eleitoral de, no passado, ser contra a dívida externa, a Alca, o FMI? Quem é o culpado disso tudo? É o Suplicy pela derrota da Marta? É o Lula pela derrota de Raul Pont? Ou será Bush o culpado pelo PT não ter ido bem? Com relação a Florianópolis, o Presidente Nacional do PT, José Genoino, falou comigo por telefone e disse que lá o PT apoiaria o PFL e o PP, porque em São Paulo o Maluf apoiaria a Marta. Perguntei se não poderíamos fazer uma frente em Florianópolis, e ele me respondeu que isso não seria possível, porque haviam trocado o apoio do Maluf para Marta em São Paulo pelo apoio ao PFL e ao PP em Florianópolis. Não estou conseguindo entender a que caminho V. Exª quer chegar. Seria bom explicar se o Bush é culpado; se o Suplicy é culpado em São Paulo; se o Lula é culpado em Porto Alegre; ou se a Luiziane venceu porque o PT era contra. Seria bom explicar essa confusão. A impressão é de que se trata de família de delegado: ninguém sabe quem é parente, quem é filho, quem é pai. Mas V. Exª, que é estudioso do PT, poderia responder à indagação do Senador Heráclito Fortes sobre o Bispo Dom Tomaz. São muitas coisas a responder a partir dessa grande explanação de V. Exª na tentativa de achar o culpado pelo fato de o PT não ter sido feliz nessas eleições.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Senador Leonel Pavan, gostei da provocação. Devo dizer a V. Exª que os principais culpados por essas derrotas foram os vencedores: José Serra, em São Paulo; José Fogaça, em Porto Alegre, entre outros.

Mas quero deixar bem claro que temos consciência da nossa responsabilidade. Houve uma orientação nacional que mandava obedecer à aliança da base de sustentação do Governo Lula. Essa situação, em algumas localidades, não foi considerada. Em algumas delas, obtivemos vitória; em outras, perdemos a eleição. Está de parabéns a nossa direção pela orientação que deu ao processo eleitoral em todo o nosso País.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Permite-me V. Exª um breve aparte?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Concedo um aparte ao Senador Heráclito Fortes.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Houve orientação do Partido de V. Exª em nível nacional para não se falar, durante a campanha eleitoral, em plebiscito da dívida externa, em rompimento com a Alca, em críticas ao FMI e em se dobrar o salário mínimo? Esses foram os temas mais abordados na eleição do Presidente Lula e não foram tratados nessa eleição. Como V. Exª disse que tudo isso é produto da orientação partidária, gostaria de saber se o Partido orientou a não tratar desses assuntos. Gostaria de saber se o Partido orientou ou desorientou os militantes a não tratar desses temas que lhe foram tão positivos há dois anos.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Houve, sim, orientação nesse sentido.

Quero devolver uma pergunta a V. Exª: é ou não importante fazer reflexões a partir do momento em que se vive determinada conjuntura, pois, por mais que se batesse no PT, levaram-se essas idéias de política a público. O PT apanhou demais por isso. No momento em que deixa de debater esse assunto, continua apanhando porque não mais está debatendo. Mas isso faz parte da nossa história de 24 anos.

Nosso Partido está amadurecendo, caminhando cada vez mais para a governabilidade. A população nos avalia de forma bastante salutar para nosso crescimento, e estamos felizes com os resultados que obtivemos Brasil afora, especialmente em algumas regiões, como o Nordeste, onde era impossível pensar em ter o PT, e o nosso crescimento na Amazônia. Não somos crianças para dizer que não estamos sentidos com a derrota em São Paulo, a capital responsável pela atenção de todo o Brasil, e não é de agora. Estamos falando da maior cidade do nosso País, da maior economia, da maior população, da maior representação política, onde perder ou ganhar uma eleição aponta para a necessidade de uma reflexão mais aprofundada.

Senador, eu gostaria de ouvir V. Exª.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Sibá Machado, não encerre seu pronunciamento sem analisar a entrevista Dom Thomas. Eu gostaria de ouvir de V. Exª, um homem ligado à Igreja, algumas considerações sobre essa entrevista.

            O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Consideraremos não só a avaliação de D. Thomas, mas também todas as outras, no momento em que nos reunirmos para conversar sobre o nosso resultado. Isso se dará em breve, na próxima semana.

            Sr. Presidente, dado o avançado da hora, solicito...

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella. PL - RJ) - Senador Sibá Machado, regimentalmente, o horário da sessão está terminado. Portanto, peço a V. Exª que conclua o seu discurso.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador, V. Exª me permite um aparte?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Sr. Presidente, permita-me ouvir o Sr. Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Sibá Machado, nessa campanha, estranhei e, com muito espanto, vi uma cena patética estampada nos jornais de Minas Gerais de Deputados do PT, Partido que foi um dos mais críticos e chegou a pedir o impeachment do ex-Governador Newton Cardoso, aqueles mais radicais do PT, aplaudindo a união do Newton Cardoso com o PT em Contagem. Senador, é orientação do Partido aliar-se a pessoas que eram criticadas de maneira árdua no passado?

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Não só a Newton Cardoso, mas também a outros que queiram contribuir para o sucesso da administração petista. Será muito aprazível a vinda de qualquer pessoa que queira votar conosco e queira ver a continuidade do nosso Governo. Damos parabéns a essas pessoas que refletem, reavaliam a sua vida passada, e desejem conosco administrar o Brasil.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Não se trata de voto, não, Senador. Na verdade, houve uma união para governarem juntos. Essa é a estranheza. Não se trata de receber voto. Receber votos, tudo bem, todos recebem; mas, na verdade, houve uma união, agora reafirmada, e o grupo Newton Cardoso participará, junto com o PT, da direção da Prefeitura.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Da Prefeitura de Belo Horizonte? De Contagem!

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - De Contagem.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Certamente. O Partido que está no comando terá de dar a carta da orientação. Eu espero sempre, de qualquer experiência dessa natureza, o que há de melhor para o sucesso da governabilidade do município e do nosso País.

Sr. Presidente, agradeço a tolerância de V. Exª.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2004 - Página 35061