A SRª HELOÍSA HELENA (PSOL - AL. Para uma explicação pessoal. Sem revisão da oradora) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os Senadores Heráclito Fortes e Efraim Morais, nos apartes que fizeram ao pronunciamento do Senador César Borges, acabaram - tenho certeza que em tom de brincadeira, cordial - atribuindo a mim, digamos, a coordenação do evento da Juventude no Estado de Alagoas, que vaiou o Presidente Lula.

Devo dizer a V. Exª que não tenho nada com isso, até porque eu nunca gastei, nem na época do movimento estudantil, do movimento sindical, nunca fui dada a gastar ovo, tomate, hortaliças em geral, com político nenhum. Efetivamente, nada tenho a ver com isso.

Mas V. Exª acabou por me dar a possibilidade de fazer um comentário extremamente precioso, até em respeito ao povo da minha querida Alagoas. Sabem todos nesta Casa como eu sou apaixonada pelo Estado de Alagoas. Até porque o Estado de Alagoas, por generosidade e bravura, colocou uma mulher do povo aqui, acabando inclusive com a velha tradição de que só vinha tocar os tapetes azuis do Senado filhos das famílias tradicionais ou os habitantes das varandas dos usineiros ou das cozinhas do crime organizado no Estado de Alagoas. Assim, eu sou muito agradecida ao Estado de Alagoas.

O Presidente, procurando desqualificar a atitude dos estudantes que o vaiavam em Maceió, tentou, mais uma vez, trazer essa palavrinha, esse chavão, essa frase feita e disse que não entendia as vaias. Se elas viessem das oligarquias alagoanas, até entenderia. Ele disse isso, primeiro, porque legitima no imaginário popular as oligarquias nordestinas, embora, além delas, também exista a oligarquia fria, cínica e dissimulada na elite paulista. Mas o que é que ele fez? Ele disse: “Ah, se fosse a oligarquia alagoana...” Aí, Senador Valadares, além desse tipo de memória que a ambivalência e a demagogia eleitoralista criam, esqueceu-se de lembrar que a podre oligarquia alagoana está com ele, está no seu Governo: os usineiros, a tropa de choque colorida. A oligarquia alagoana está no Governo Lula!

Assim, tentar desqualificar uma movimentação de estudantes para legitimar, no imaginário popular, algo contra o Estado de Alagoas não fica bem, efetivamente. Nem vou falar das outras oligarquias, porque esse é o problema que se instala. É por isso que o povo odeia político, porque a demagogia eleitoralista e a vigarice política permeiam os discurso e as pessoas verbalizam coisas que consolida um abismo entre o que são e os acordos que fazem efetivamente.

Em relação ao movimento estudantil, nada tenho a dizer.

Contudo, esse foi o simples reparo que procurei fazer: tentou-se legitimar no imaginário popular a podre oligarquia alagoana, que efetivamente existe, como também existe a fria e cínica elite paulista. O Governo de Lula, assim como o irresponsável Governo de Fernando Henrique, fez a opção de encher a pança dos banqueiros enquanto esvazia o prato, o emprego, a dignidade e as políticas públicas do povo brasileiro. Entretanto, a oligarquia alagoana, vale ressaltar, a podre oligarquia alagoana é queridinha, é amor primeiro, está nos cargos, é da base de bajulação do Governo de Lula.