Discurso durante a 160ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcrição de reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, hoje, intitulado "Fazendeiro se rende a invasores e deixa Pontal."

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA. MOVIMENTO ESTUDANTIL.:
  • Transcrição de reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, hoje, intitulado "Fazendeiro se rende a invasores e deixa Pontal."
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2004 - Página 36780
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA. MOVIMENTO ESTUDANTIL.
Indexação
  • CRITICA, OMISSÃO, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, EXCESSO, ARBITRARIEDADE, INVASÃO, SEM-TERRA, PROPRIEDADE RURAL, MUNICIPIO, PONTAL DO PARANAPANEMA, PROVOCAÇÃO, SAIDA, PROPRIETARIO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, DIVULGAÇÃO, PROTESTO, ESTUDANTE, ESTADO DE ALAGOAS (AL), DESAPROVAÇÃO, REFORMA UNIVERSITARIA, TUMULTO, SOLENIDADE, COMEMORAÇÃO, PROCLAMAÇÃO, REPUBLICA, DISCURSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no Governo atual, que sonha com a reeleição, as coisas só pioram. Para o povo. Para quem trabalha, principalmente. E especialmente, no campo. Os exemplos estão aí, à vista de quem quer ver. O Governo não quer ver. Definitivamente, não. Até o futuro reencontro com as urnas, em 2006.

            É bom que se registrem as mil e uma barbaridades, que ocorrem a todo instante, como se o Brasil fosse um mero Reino de Aladim da lâmpada mágica. Daqui a pouco, será a marca do Governo petista.

Enquanto o gênio não vem (quem sabe aparece em 2006), a vida já agora vai se tornando bem mais difícil. Como lembrou o ex-Senador Paulo Brossard na semana passada, tudo está pior.

Está tudo pior e tudo bem visível. Nas páginas dos jornais, por exemplo. Como hoje, na primeira página de O Estado de S. Paulo:

FAZENDEIRO DO PONTAL SE RENDE 12 ANOS DEPOIS

É uma história do tipo se não fosse trágico daria novela das 7. Depois de 12 anos resistindo, diz o jornal, e de ter montado uma barricada de areia em torno da casa-sede, atacada duas vezes a tiros, o fazendeiro Luiz Antonio de Barros Coelho Jr., de 36 anos, dono da Fazenda Nossa Senhora das Graças, em Caiuá, no Pontal do Paranapanema, decidiu jogar a toalha. Na semana passada, ele devolveu a propriedade ao pai e está de partida para Brasília, atrás de emprego.

Nesse jogar de toalha, sob o olhar beneplácito do Governo, o chamado agronegócio pode entrar em parafuso.

Estou juntando a reportagem do Estadão, publicada hoje, para que, como parte deste pronunciamento, passe a constar dos Anais do Senado da República O historiador do futuro ficará agradecido. Vai ter elementos para avaliar o Governo petista do Presidente Lula.

Era o que eu tinha a dizer. Obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, Inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Fazendeiro se rende a invasores e deixa Pontal.”

Quarta-feira, 17 de Novembro de 2004

Fazendeiro se rende a invasores e deixa Pontal  
Luiz Júnior, que chegou a cercar área com sacos de areia, quer emprego em Brasília

José Maria Tomazela

CAIUÁ - Depois de 12 anos resistindo aos sem-terra e de ter montado uma barricada com mil sacos de areia em torno da casa-sede, atacada duas vezes a tiros, o fazendeiro Luiz Antonio de Barros Coelho Júnior, de 36 anos, dono da Fazenda Nossa Senhora das Graças, em Caiuá, no Pontal do Paranapanema, decidiu jogar a toalha. Na semana passada, ele devolveu a propriedade ao pai e está de partida para Brasília. "Vou atrás de um emprego, pois continuar sendo produtor rural nessas condições é loucura."

A decisão foi tomada depois do último ataque, no fim de setembro, quando um grupo desceu de um caminhão de madrugada, e cortou mais de 4 quilômetros de cercas. Os homens, que o fazendeiro acredita serem integrantes do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), depredaram também um bebedouro que abastecia o gado.

Antes de irem embora, deram tiros na direção da casa-sede, onde ele dormia. Sem as cercas de contenção, o gado se misturou e saiu na rodovia. Segundo o fazendeiro, é impossível manter a produção e tirar o sustento nessa situação. Ele diz que só nos últimos cinco anos foram destruídos 97 quilômetros de cercas, em dezenas de investidas. "Cada quilômetro custa de R$3 mil a R$4 mil para ser refeito."

ANTIECONÔMICA

Coelho Júnior diz que a cada ataque a produção do gado atrasa um mês e a criação acaba se tornando antieconômica. "Os animais se misturam e têm de ser separados, levados para outros piquetes, com perda de peso, stress e desgaste. Isso sem contar os animais que foram abatidos ou furtados." Ele conta que, por causa dos ataques, o plantel de corte foi sendo reduzido e a produção de leite caiu de 350 litros para 70 litros diários.

A situação se agravou, segundo ele, quando os sem-terra passaram a visar sua pessoa. Em dezembro, a fazenda foi invadida por um grupo armado e encapuzado. Os funcionários foram feitos reféns e a casa-sede, protegida por alambrados e cães, recebeu mais de 200 tiros de escopetas calibre 12, espingardas e carabinas. "Fiquei deitado no chão quase quatro horas, vendo a minha sala pegar fogo depois que eles jogaram coquetéis molotov." Uma casa de empregados e um barracão com tratores e máquinas foram incendiados. Ninguém foi preso. "Foi aí que decidi erguer a barricada."

Assustados, os empregados pediram as contas. Em abril, a casa voltou a ser alvejada por dezenas de tiros, de cinco ou seis pessoas postadas nos fundos, num local não protegido pela barricada. "Eu estava na cozinha e os tiros vieram na minha direção." A geladeira sofreu quatro perfurações. Ele pôs sacos de areia no resto da casa e blindou as paredes do quarto.

"Sempre procurei a polícia, dei todas as pistas, mas ninguém nunca foi preso", reclama. Coelho Júnior pensou em cobrar os prejuízos do Estado, mas desistiu. "Vou ter mais custos e a chance é grande de ganhar e não levar."

AÇÃO

A fazenda, de 1.500 hectares, é objeto de ação discriminatória movida pelo Estado sob a alegação de que seriam terras devolutas. Ainda não há sentença, mas desde o início do processo, integrantes do Mast e do Movimento dos Sem-Terra (MST) passaram a assediá-la. Coelho Júnior conta que seu avô a comprou há mais de 60 anos. "Está toda documentada."

Os principais líderes do Mast, entre eles o presidente Lino de Macedo, estão presos na cadeia de Presidente Venceslau, acusados de formação de quadrilha e porte ilegal de armas por causa da invasão de outra propriedade. Coelho acha que, da prisão, eles continuam comandando os liderados. A nova líder do Mast, Marisa Barth Silva, nega que os ataques tenham partido do movimento.

O pai de Coelho, que já havia tirado a família da propriedade por causa dos ataques, não pretende se expor. Ele está arrendando a fazenda.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2004 - Página 36780