Discurso durante a 157ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat.

Autor
Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do Presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2004 - Página 36126
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, YASSER ARAFAT, LIDER, ORGANIZAÇÃO DE LIBERTAÇÃO DA PALESTINA (OLP), ELOGIO, EMPENHO, LUTA, OBTENÇÃO, ENTENDIMENTO, PAZ, ORIENTE MEDIO.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Para encaminhar a votação. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, subscrevi o requerimento de autoria do nobre Senador Tião Viana, apresentando condolências pelo falecimento de Yasser Arafat. Tive oportunidade de conversar em diferentes ocasiões com o Presidente Yasser Arafat, em reuniões multilaterais ou em entrevistas bilaterais - uma vez no Brasil, outra na Colômbia - na reunião do Grupo dos 77 dos Não Alinhados - e duas em Nova Iorque. Pude apreciar, ao longo desses nossos entendimentos, o seu vivo interesse pela causa palestina. Ninguém desconhece que sua morte gera um sentimento de consternação não somente na Palestina, mas também em todo o mundo.

Arafat foi apóstolo de uma causa e a ela entregou toda a sua vida. Lutou pelos ideais e deu uma contribuição para que pudéssemos ver concluído, de forma pacífica, um processo de entendimento no Oriente Médio.

Ainda há pouco, falando desta tribuna, o nobre Senador Pedro Simon lembrou a posição brasileira, que tem sido, ao longo do tempo, no sentido de fazer cumprir a Resolução nº 242 da ONU, que, a meu ver, é o instrumento adequado para, ao final, vermos triunfar o entendimento no Oriente Médio, criando condições, assim, para o desabrochar de um amplo movimento de paz, não somente naquela região mas no mundo.

Espero que o exemplo que Arafat deixou, lutando pela causa palestina, possa de alguma forma frutificar. Num de seus textos, Carlos Drummond de Andrade diz, em Resíduos, que “de tudo ficou um pouco (...) ficou um pouco de luz”. Posso dizer que o Presidente da ANP, com o seu desaparecimento, deixou um pouco de luz com relação a essa questão. No momento em que o mundo, confrangido, toma conhecimento de sua morte, talvez seja a ocasião de reabrir o processo de paz e de entendimento no Oriente Médio.

Todos esperamos que o Século XXI seja o século da paz. Embora iniciado com conflitos de grande extensão e com o florescimento do terrorismo, isso não nos deve levar, todavia, a uma posição de pessimismo com relação ao futuro. Quem sabe, possamos ver, sob a égide da ONU, renascer um entendimento que leve a paz ao Oriente Médio, que certamente - insisto mais uma vez - muito concorrerá para que, enfim, o mundo possa conhecer um ciclo de paz duradouro, capaz de ensejar o florescimento de uma sociedade que cultue o entendimento, a tolerância e, assim, o estabelecimento de uma verdadeira justiça internacional.

Concluo minhas palavras, expressando a convicção de que a morte de Arafat possa nos aproximar da paz. Certa feita, Rui Barbosa disse que “a morte não divorcia, aproxima”. Espero que, com o desaparecimento de Arafat, possamos nos aproximar dos ideais que ele defendeu, entre os quais se encontra a busca do entendimento e da paz.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2004 - Página 36126