Pronunciamento de Paulo Paim em 18/11/2004
Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apoio à decisão do Governo Federal em não realizar a reforma trabalhista destinada à flexibilização da CLT.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.
POLITICA DE EMPREGO.:
- Apoio à decisão do Governo Federal em não realizar a reforma trabalhista destinada à flexibilização da CLT.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/11/2004 - Página 36965
- Assunto
- Outros > LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. POLITICA DE EMPREGO.
- Indexação
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- CRITICA, LOBBY, SETOR, EMPRESARIO, ALTERAÇÃO, CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT), ALEGAÇÕES, COMBATE, ECONOMIA INFORMAL, DESEMPREGO, DEFESA, DECISÃO, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, REFORMULAÇÃO, FLEXIBILIDADE, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.
- EXPECTATIVA, CONTINUAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, RETOMADA, AUMENTO, EMPREGO, COMPROVAÇÃO, DESNECESSIDADE, REVISÃO, CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT), NECESSIDADE, ATENÇÃO, PRESERVAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, COMBATE, TRABALHO ESCRAVO, EXPLORAÇÃO, TRABALHO, INFANCIA.
- SUGESTÃO, REDUÇÃO, JORNADA DE TRABALHO, OBJETIVO, AUMENTO, EMPREGO, JUSTIFICAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIA, ORADOR.
- DEBATE, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO, SINDICATO, DEFESA, MANUTENÇÃO, DIREITOS, RECONHECIMENTO, CENTRAL SINDICAL, REFORÇO, ORGANIZAÇÃO, TRABALHADOR, LOCAL, TRABALHO, LIVRE NEGOCIAÇÃO.
O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sob o falso argumento de que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) se constitui em entrave para as relações do trabalho e fator de estímulo ao trabalho informal, setores do empresariado nacional têm defendido a flexibilização da CLT como panacéia para a questão do desemprego.
Felizmente o Governo soube resistir a esse tipo de pressão e rendeu-se à realidade que já foi objeto de manifestações nossas aqui nesta tribuna, de que a solução para o desemprego está na retomada do crescimento econômico e não na flexibilização da legislação trabalhista.
A informalidade no mercado de trabalho se aprofundou nos últimos anos, porque há mais de duas décadas a economia brasileira não experimentava nenhum momento de crescimento, como ocorre hoje. A informalidade, ou o desemprego, nunca tiveram como causa a CLT.
Muito ao contrário. Foram os direitos trabalhistas que proporcionaram a criação de empregos com bons salários para sustentar as fases de melhor desempenho da economia nacional, como está se repetindo agora.
Depois de um primeiro ano enfrentado a continuação das adversidades no campo econômico, o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prestes a brindar a Nação brasileira com o seu melhor Natal dos últimos anos.
O melhor dos presentes são os mais de um milhão e quinhentos mil empregos criados durante este ano, graças à recuperação da economia.
A indústria não pára de crescer, o comércio vende como nunca, a renda melhora e os novos empregos sustentam esse crescimento.
A recuperação do emprego formal - são 1,5 milhão de empregos com carteira assinada, com todos os direitos trabalhistas - acontece sem que tenha sido mudada uma vírgula da CLT.
Isso só comprova a nossa tese, de que não é a flexibilização da legislação trabalhista que vai levar a classe operária ao paraíso.
Pelo contrário, nunca é demais lembrar, os países que buscaram nessa flexibilização a solução para o desemprego só aprofundaram o problema.
Na Alemanha, ele aumentou de 4,8% para 8,7%; na França, subiu de 9% para 11,3%; no Japão, aumentou de 2,1% para 4,7%; na Argentina, o desemprego aumentou de 7,5% para 14,3%.
No Brasil, depois que conseguiram implantar algumas mudanças, como a instalação da comissão de negociação dentro da fábrica, o contrato temporário, a extinção da política salarial, o desemprego pulou de 3% para 9,6%. Um salto triplo.
Somos um país em que os direitos trabalhistas são negados sob diversas formas, onde as denúncias de trabalho escravo ainda são comuns.
Somos um país onde a exploração do trabalho infantil ainda é praticada em larga escala para aumentar ainda mais os rendimentos dos capitalistas.
O trabalhador brasileiro está entre os mais desprotegidos do mundo. Nessa situação não pode prescindir dos direitos assegurados pela CLT.
A decisão do Governo de recuar nessa questão da reforma trabalhista, baseada na recuperação da economia e do emprego, segundo o ministro Ricardo Berzoini, nos remete à necessidade de aumentarmos ainda mais a geração de empregos.
Podemos fazer isso combatendo o trabalho infantil. Reduzindo encargos sociais sobre a folha de salários. Transferindo parte desses custos para o faturamento das empresas. Proibindo as horas extras e reduzindo a jornada de trabalho.
Medidas dessa ordem podem reduzir os custos de contratação e com isso induzir a uma redução da informalidade onde se encontram 60% da nossa força de trabalho.
Só a redução da jornada permite criar mais de três milhões de empregos. Uma PEC de nossa autoria fixando em 40 horas a jornada semanal já foi aprovada em Comissão Especial da Câmara dos Deputados.
Nossa jornada ainda é uma das mais elevadas do mundo. Enquanto o operário brasileiro trabalha em média 2.100 horas por ano, na Holanda esse número cai para 1.400 horas. São 700 horas a menos.
Entendo que é esse caminho de uma reforma trabalhista. O de ampliar o mercado de trabalho e de reduzir a exploração do trabalhador brasileiro.
O mesmo sentido deve ter a reforma sindical, da qual parece que o Governo ainda não desistiu.
Ainda esta semana, o Presidente Lula disse que nunca os trabalhadores estiveram tão presentes no centro das decisões nacionais.
Concordo com o Presidente, mas certamente essa presença se deve, sobretudo, à nossa legislação sindical.
Foi a legislação sindical que permitiu o surgimento das nossas lideranças, a criação do PT e a eleição pelo partido de milhares de vereadores, centenas de prefeitos, deputados estaduais, distritais e federais, senadores, governadores e até o Presidente da República.
Uma reforma sindical proposta por um governo de trabalhadores não pode ignorar essa realidade.
Por isso, entendo que ela deve observar a preservação e a ampliação dos direitos trabalhistas; o reconhecimento oficial das centrais sindicais; o fortalecimento da organização dos trabalhadores, aposentados e pensionistas.
Uma reforma sindical precisa garantir a organização dos trabalhadores por local de trabalho; garantir a livre negociação, mas sem prejuízo da lei; e garantir estrutura financeira sólida para que as entidades sindicais exerçam suas atividades.
Essas são as considerações que gostaria de fazer diante da decisão do Governo de desistir de fazer a reforma trabalhista, por um lado, e do iminente envio ao Congresso da sua proposta de reforma sindical.