Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Realização da Exposição "O Olhar modernista de JK". (como Líder)

Autor
Paulo Octávio (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Paulo Octávio Alves Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. POLITICA CULTURAL. HOMENAGEM.:
  • Realização da Exposição "O Olhar modernista de JK". (como Líder)
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães, Cristovam Buarque, João Batista Motta, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2004 - Página 36956
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. POLITICA CULTURAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • APOIO, DISCURSO, JOÃO BATISTA MOTTA, SENADOR, VALORIZAÇÃO, POLITICA EXTERNA, BRASIL, VISITA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, RUSSIA.
  • SAUDAÇÃO, EXPOSIÇÃO, ARTES PLASTICAS, ITAMARATI (MRE), REPRODUÇÃO, OCORRENCIA, EPOCA, GESTÃO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PREFEITO, MUNICIPIO, BELO HORIZONTE (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ANALISE, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, INCENTIVO, MODERNIZAÇÃO, CULTURA.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, Senador João Batista Motta, a gentileza. Ressalto que a visita do Presidente da Rússia é realmente muito importante para o País, e o pronunciamento de V. Exª mostra a todos nós Senadores que devemos estar atentos à política internacional do Brasil. O País mostra a sua importância no momento em que se abre para o mundo - há poucos dias, recebemos o Presidente da China - e passa a ser uma referência no comércio e na diplomacia internacionais.

Manifesto o meu contentamento em ouvir o pronunciamento de V. Exª, principalmente no que se refere aos dados sobre o comércio bilateral entre Brasil e Rússia e a tudo o que pode ser feito no futuro.

Sr. Presidente Senador Heráclito Fortes, Senador Mão Santa, venho com muita alegria a esta tribuna dizer a todo o Plenário que participei, no dia 10 de novembro, no Palácio do Itamaraty, de um dos momentos emocionantes da minha vida pública, quando tive a oportunidade de reviver uma das passagens mais marcantes da vida artística e cultural brasileira do século passado.

Refiro-me à inauguração da exposição “O Olhar Modernista de JK”, uma iniciativa da curadora Denise Mattar, com o apoio da Fundação Armando Álvares Penteado, do Memorial JK e do Governo Federal, por intermédio dos Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores.

A exposição apresenta uma remontagem da mostra modernista realizada em Belo Horizonte em 1944, quando então JK era prefeito da cidade e promoveu o denominado “movimento de arrancada da arte mineira para o futuro”. Organizada em sua montagem original por Alberto Guignard e J. Guimarães Menegale, 22 anos depois da famosa Semana de Arte Moderna de São Paulo, ficou conhecida como a “Semaninha de Arte Moderna de Belo Horizonte”.

A exposição causou grande furor em Belo Horizonte, sendo discutida nas praças, nos cafés e nos bondes pela população. Jornais mineiros, paulistas e cariocas noticiaram sua inauguração, a reação dos visitantes, além do famoso ataque de gilete sofrido por algumas delas, fato que deu ainda maior notoriedade à exposição mineira. Uma das obras atacadas, aliás, pertencente à neta de JK, Anna Christina Kubitschek, encontra-se em exposição.

Na época, o prefeito Kubitschek convidou artistas e intelectuais de São Paulo e do Rio de Janeiro para ver a exposição e, ao mesmo tempo, apresentar o Conjunto Arquitetônico Modernista da Pampulha e a Escola Guignard, responsável, ao longo dos anos, pela formação de importantes artistas brasileiros, como Amílcar de Castro e Mary Vieira.

Juscelino Kubitschek foi, certamente, o político mais importante do século passado. Sua saga desenvolvimentista, responsável pela industrialização do Brasil, como se pode testemunhar nessa exposição, irradiou-se também para a produção artística. Desde que assumiu a prefeitura de Belo Horizonte, em 1940, passando pelo Governo do Estado de Minas Gerais, de 1951 a 1954, até chegar à Presidência da República, em 1956, o mineiro pé-de-valsa, alegre e visionário permitiu ao Brasil e aos brasileiros ver nascer uma nova poesia, uma nova pintura, um cinema novo, um novo samba, uma nova arquitetura e um novo jornal.

A exposição apresenta uma cronologia especialmente elaborada, com painéis fotográficos destinados a contar, com textos e imagens, a marcante relação de JK com as artes e a arquitetura, que o colocaram na vanguarda de ações políticas que o tornaram um diferencial na vida pública brasileira, ao mostrar ao País a importância de se planejar, de se estabelecerem metas e de alcançá-las, de forma quase obstinada, mostrando que tudo que se prometera era possível realizar.

Assim foi com Brasília, continuação, segundo Oscar Niemeyer, do projeto iniciado ainda quando Prefeito de Belo Horizonte, com a construção do conjunto arquitetônico modernista da Pampulha, que se tornou um marco do Brasil moderno e que hoje, 60 anos depois, recepciona a remontagem daquela exposição corajosa.

É importante registrar o apoio do Ministério das Relações Exteriores, por intermédio do Ministro Celso Amorim, que abriu as portas do Palácio do Itamaraty, ajudando sobremaneira para que a exposição se realizasse. Em sua mensagem de saudação, nosso Chanceler destacou que, por meio da mostra inaugurada, buscava homenagear a figura do Presidente Juscelino Kubitschek, cuja trajetória pessoal sempre esteve associada à valorização da identidade e da criatividade brasileiras em suas múltiplas manifestações.

Em resumo, a exposição “O Olhar Modernista de JK” é repleta de significados e ensinamentos para todos aqueles que amam e respeitam a arte, além de nos proporcionar recordar, por meio da vitalidade e do modernismo brasileiro, o projeto de um Brasil autoconfiante, altivo, que o Presidente Juscelino soube tão bem representar.

Trata-se, também, Sr. Presidente, Senador Cristovam Buarque, de Brasília, Srªs e Srs. Senadores, de mais uma oportunidade de se avaliar a importância e o significado da história e da obra de JK, de cujas ações práticas temos tantas coisas boas para decantar e enaltecer, de modo que as novas gerações de brasileiros não percam da memória sua importância histórica para o nosso País. Este é o JK que devemos perpetuar: o das realizações, das ações e dos resultados em favor de um Brasil que ele tanto amou, transformou e dignificou.

Encerro, deixando meu convite, em nome dos responsáveis pela exposição, em especial da curadora Denise Mattar, para que as Srªs e os Srs. Senadores - especialmente o Senador João Batista Motta, bem como o Senador Mão Santa, que tanto admira a obra do Presidente -, os servidores do Senado e da Câmara dos Deputados, os ouvintes da Rádio Senado e os telespectadores da TV Senado, enfim, para que todos os brasilienses e brasileiros visitem a exposição “O Olhar Modernista de JK”, que continuará aberta até o dia 12 de dezembro, e possam, como eu, a Anna Christina, o Ministro Ciro Gomes, o Ministro Nelson Jobim e tantos outros amantes da arte e de JK que compareceram à inauguração, emocionar-se mais uma vez com tudo que JK fez por todos nós.

Quero, neste último momento, cumprimentar novamente a Fundação Armando Álvares Penteado, patrocinadora do evento, que promoveu essa exposição.

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Ouço V. Exª com o maior prazer.

O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. PDT - RR) - Senador João Motta, peço licença para prorrogar a sessão por mais 15 minutos, para que o Senador Mão Santa possa falar e o Senador Paulo Octávio possa terminar sua exposição.

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - Senador Paulo Octávio, fico emocionado toda vez que V. Exª lembra, nesta Casa, o nome desse grande estadista. Com a idade que tenho, vi a obra de Juscelino Kubitschek e dela participei. V. Exª citou algumas realizações de Juscelino no campo da cultura, mas é bom que os jovens e aqueles que hoje estão assistindo à TV Senado possam saber também que o Brasil pode se transformar no país mais ingrato do mundo, porque Juscelino foi um Presidente como jamais pudemos presenciar, chego a dizer, na face da Terra. Juscelino não projetou apenas Brasília e nem construiu somente Brasília, mas ele, a partir de Brasília, projetou e construiu quase todas as estradas deste País. Lembro que meu pai, agricultor do interior do Espírito Santo, capinava com uma enxada e fazia barba com uma lâmina da marca Solingen, importados da Alemanha. Por várias vezes, esperei um navio aportar no porto de Vitória trazendo em seu carregamento um pedaço de chapa para remendar o pára-lama de um caminhão. Juscelino nos trouxe o vidro, o alumínio, o aço, o automóvel, a geladeira. Juscelino trouxe tudo que este País tem hoje. E Juscelino não tem sido homenageado à altura que merece. Todo o povo brasileiro tem que procurar ler tudo que se trata de Juscelino Kubitschek, porque, sem dúvida, foi um dos principais homens deste País, não apenas do século passado, mas desde o seu descobrimento. Juscelino continua e continuará sendo o principal cidadão brasileiro. Muito obrigado.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Agradeço o aparte do Senador João Batista Motta, e quero, com a mesma emoção com que V. Exª se pronunciou, convidá-lo, assim como todos os brasileiros, para visitar a exposição, porque é bonito ver que, depois de 60 anos, um estadista não se faz somente pelos seus empreendimentos, como foi o caso de JK, como V. Exª acaba de relatar, mas por ter tido a visão de realizar, em Belo Horizonte, uma exposição que reuniu as 180 mais importantes obras-de-arte daquele momento, que estão hoje espalhadas em museus de todo o mundo e que foram coletadas pela Fundação Armando Álvares Penteado.

Essas obras estão em exposição, neste exato momento, no Palácio Itamaraty, na cidade que Juscelino construiu.

Tenho certeza de que V. Exª, o Sr. Presidente e todos os brasileiros, ao visitarem essa exposição, irão emocionar-se ao ver pinturas tão bonitas de uma época marcante da nossa história, principalmente da história da arte brasileira.

Concedo um aparte, com muito prazer, ao ilustre líder Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Confesso a V. Exª que não posso vê-lo na tribuna falando de Juscelino Kubitschek sem querer dar mais um depoimento, entre as centenas que dei neste País. Fico realmente feliz quando se relembra essa figura notável do grande estadista do Brasil no século passado, que vai permanecer, por muito tempo, vivo na memória daqueles que querem bem a este País, não só por esta capital, mas pelo seu espírito conciliador, sobretudo pelo administrador notável que era. Talvez seja eu que, dentre nós, teve a honra de ter sido o que mais perto dele conviveu. Ele me permitia uma intimidade muito maior do que eu merecia, o que me fez conhecê-lo cada vez melhor. Posso dizer que V. Exª deve ter muito orgulho da sua situação quando fala de Juscelino Kubitschek. Ninguém, neste País, o superou como administrador público. Ninguém o superou como Presidente. Realmente, ele faz parte da memória deste País como democrata e, sobretudo, como realizador. Juscelino gostava da política, mas gostava muito mais da realização. Infelizmente, a memória do povo é curta, não dura muito tempo, e V. Exª faz muito bem em lembrá-lo sempre, não o fazendo por motivos pessoais; V. Exª fala, não só por Brasília, mas pelo Brasil inteiro, do cidadão que melhor serviu este País. Certamente, se vivo ele estivesse, ainda aconselharia a todos nós sobre como é ser bom e competente ao mesmo tempo. É difícil ser competente e ter bondade, mas Juscelino era bom e competente, e por isso é, até hoje, o homem mais querido deste País. Muito obrigado.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Agradeço o aparte do Senador Antonio Carlos Magalhães.

Lembro-me de um encontro que tivemos recentemente em que o V. Exª, Senador Antonio Carlos Magalhães recordava, com muita emoção, o número do telefone direto do Palácio que usava para falar, eventualmente, com o Presidente. V. Exª, Senador, com a memória prodigiosa que tem, sempre rememora fatos importantes, que não podem ficar esquecidos. Por isso, como V. Exª pretende escrever suas memórias, sempre lhe peço que não deixe de registrar essa convivência tão harmoniosa, tão produtiva, tão positiva para nosso País, que foi o tempo em que V. Exª era Deputado Federal e JK, Presidente do Brasil. Isso faz parte da história política do nosso País.

Concedo o aparte ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Paulo Octávio, a presença de V. Exª, a cada dia, a cada instante, revive a inspiração para que todos sigamos o exemplo de Juscelino Kubitschek. V. Exª teve as bênçãos de Deus de hoje pertencer à família Kubitschek. Seus filhos e sua esposa têm a genética de Juscelino. Cada um tem uma história de Juscelino. Quero recordar uma. Eu era estudante no Ceará, onde me formei, quando ele, já deixando o governo, compareceu à faculdade de Direito. Naquela liberdade estudantil, ele foi vaiado. Ouvi, então, sua frase: “Feliz do país em que se pode vaiar um presidente”. Eu o acompanhei, encantado. Sei, Senador Antonio Calos Magalhães, que a Fortaleza antiga tinha um abrigo, como tinham as cidades antigamente - hoje a praça está modificada. Pois ele foi tomar café nesse abrigo. Senador Paulo Octávio, vi um homem nordestino, típico, usando chapéu, que não conseguiu aproximar-se porque os Deputados, os Líderes estavam com o Presidente no abrigo. Juscelino estava sorridente, com a satisfação do cumprimento de sua missão. O caboclo não conseguiu se aproximar e então deu um grito, que revivo aqui e que nós, nordestinos, compreendemos: “Ô Presidente pai d’égua!” Aquele era o sentimento do povo. Juscelino é o nosso ícone, a nossa fonte de inspiração. Sou médico e cirurgião, como ele, de Santa Casa, como ele; fui Prefeito de minha cidade, como ele, que foi Prefeito de Belo Horizonte; fui Governador do meu Estado, como ele, e até cassados fomos. Li todas as suas obras, conheço sua vida. Mas eu gostaria de dizer algo muito pessoal. Quando eu governava o Piauí, fui fazer um convênio entre a Universidade do Estado do Piauí e a Universidade de Coimbra e visitei Óbidos, uma cidade milenar, que tem até muralhas. Lá, entrei em uma casa antiga, que era um barzinho, onde encontrei duas cartas que ele havia enviado ao dono do estabelecimento. Quando as li, fiquei encantado e disse que aquilo era uma relíquia. Bastaria ele colocar um retrato de Juscelino na porta que todos os turistas brasileiros iriam prestigiar. Eram duas cartas. Ele, cassado, humilhado e exilado, ia a Óbidos talvez reviver, pensar e tomar um uísque, que havia lá. Ele agradecia, em duas cartas, ao proprietário do bar. Eu li as duas cartas. Em uma, agradecia os momentos de solidão que passava tomando o seu scotch, tal como está escrito com a sua letra. Na outra, ele manifesta os seus cumprimentos à família do dono desse barzinho de Óbidos, onde passara alguns momentos a meditar, desejando feliz Natal e bons anos para aquela família acolhedora. Era o seu lado humano. Ele superou todos os humanos. O Brasil não canonizou ninguém, mas esse Juscelino sofreu a crucificação. O homem, depois de construir tanto, com tanto sofrimento, sem dúvida está no céu para abençoar todo este Brasil e a nossa Brasília. E V. Exª é uma dessas bênçãos.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP. Fazendo soar a campainha.) - Senador Paulo Octávio, pela prorrogação, V. Exª tem três minutos.

Aliás, incorporo-me a toda esta homenagem que está sendo prestada ao Presidente Juscelino Kubitschek.

V. Exª tem os três minutos e poderá continuar seu pronunciamento.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Eu gostaria de registrar que três médicos - JK, Antonio Carlos Magalhães e Mão Santa - foram prefeitos e governadores muito importantes na vida pública brasileira.

Parabéns, Senador Mão Santa. Sei que V. Exª expressa, com o coração, esse sentimento de admiração ao Presidente.

Na próxima semana, pretendo formar um grupo de Senadores para visitar a referida exposição, Senador Cristovam, e observar a visão modernista que tinha o Presidente há 60 anos. É importante dizer que um estadista, um Presidente também deve ter compromisso com as artes, assim como JK.

Senador João Batista Motta, quem sabe poderemos formar uma comitiva, sob o comando do Senador Romeu Tuma, para ter uma aula de cultura no Itamaraty e verificar, sessenta anos depois, a visão modernista de JK.

Concedo um aparte ao Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Senador Paulo Octávio, congratulo-me com V. Exª por esse discurso que exalta a figura do grande Juscelino e aborda o tema da arte e da cultura, de que raramente se fala neste recinto. Contento-me em tê-lo ouvido. Precisamos estar juntos para fazer a maior das homenagens a Juscelino, que é recuperar Brasília como ele sonhou. Hoje, Brasília está doente em diversos aspectos. Cresceu de uma maneira que não agradaria a Juscelino - nem se pode dizer que ele não sonharia com a cidade como ela está hoje, pois, com toda a sua visão, ele não imaginava que Brasília cresceria tanto. A Capital cresceu de forma desorganizada, sem definir com clareza a vocação de uma cidade que é hoje muito mais do que a Capital. Associo-me a V. Exª pelo seu discurso. Fico feliz de escutar um Senador da minha cidade proferindo essas palavras, abordando a cultura, a arte e falando de JK. Aproveito o ensejo para que estejamos juntos na luta, a fim de que Brasília supere todas as dificuldades que tem por crescer de maneira desorganizada, provocando o que chamaria de verdadeiras doenças na cidade. A melhor homenagem, além de todas as outras que precisamos fazer a Juscelino, é recuperar a Brasília como ele sonhou.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Obrigado, Senador Cristovam, pelo aparte e pela homenagem ao Presidente. Nós dois temos um compromisso muito grande com esta cidade, que foi construída com sacrifício e que custou muito caro ao povo brasileiro. Relembrando a história de Brasília, verificamos que, além do preço, a sua construção custou vidas, suor e trabalho.

Hoje ela cumpre muito bem o seu papel de capital administrativa do País. Vivemos todas as crises nestes 44 anos e conseguimos ultrapassá-las. Houve crise da revolução, problemas políticos, impeachment de Presidente e diversas outras crises, e Brasília cumpriu o seu papel.

Juscelino estava certo ao trazer a capital do País do litoral para o centro do Brasil. Temos agora que pensar no futuro da Capital, que não é só a capital administrativa do Brasil, mas também de toda a região econômica. Devemos determinar rapidamente exatamente o que queremos, que tipo de cidade e qual o crescimento que lhe queremos imputar. Essa é uma discussão que certamente teremos tempo e talento para fazer com muita sabedoria.

Ao terminar minhas palavras, cumprimento, mais uma vez, a Fundação Armando Álvares Penteado por ter investido nessa trabalhosa obra. Imaginem V. Exªs resgatar 80 obras de arte, espalhadas por todo o Brasil, e concentrá-las em uma exposição em Brasília, homenageando JK, 60 anos depois. Trata-se de um trabalho meritório.

Sr. Presidente Senador Romeu Tuma, apelo ao Ministério das Relações Exteriores que faça um convite aos Senadores para, quem sabe em grupo, na próxima semana ou quando for possível, em um espaço de tempo mais ocioso que houver nesta Casa - o que é difícil -, visitar essa exposição, que vale a pena ser vista.

Agradeço a todos pelos apartes.

Dedico este meu tempo ao fundador de Brasília, o grande Presidente que foi Juscelino Kubitscheck, que, além de todas as obras, teve também esta peculiar visão: um olhar para as artes, o olhar modernista de JK.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2004 - Página 36956