O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros presentes e os que assistem a esta sessão pelo sistema de comunicação do Senado, quis Deus estar presente aqui o prefeito da cidade-mãe do Piauí, a primeira capital, Oeiras, o Prefeito José Nataniel Lopes Reis. Essa cidade é abençoada por Nossa Senhora da Vitória, o que traduz o sentimento cristão do nosso povo do Piauí.

A nossa vinda aqui é para registrar que Ciro Gomes disse que a nova Sudene sairá do papel ainda este ano. Senador João Alberto, vamos citar Shakespeare, que em Hamlet diz: “Palavras, palavras, palavras.” Este ano! Bom mesmo era aquele ministro do Governo Fernando Henrique, que dizia que isso era “nhem nhem nhem”. Ele chegou para a mulher do presidente e disse que aquilo era uma masturbação sociológica - os programas sociais. E digo que isso aqui é uma masturbação administrativa. Há dois anos essa Sudene está aí. Precisa o Lula se inspirar em Cristo, que não tinha mais jeito: “Levanta-te, Lázaro!” Vai ter que ser um negócio assim.

“Mateus, primeiro os teus”, mas o Lula Paz e Amor, que é pernambucano, está padecendo sob essa Sudene aí. Dois anos! Nhem, nhem nhem, nhem e, agora, o Cirinho diz que sairá do papel ainda este ano. Como? Temos trinta medidas provisórias emperradas aqui, não se votou nada hoje. Que conversa é essa? Ô, Ciro! Lemos Shakespeare em Hamlet: palavras, palavras e palavras - só, só, só mídia.

O Presidente da República tem que ler a Bíblia: “Mateus, primeiro os teus”. Tem-se que pensar na Sudene com isso em mente. Ele viaja, viaja, o Lula. É aqui mesmo! Lembre-se de Juscelino.

Senador Paulo Paim, Juscelino criou o parque industrial no Sul - quem não se lembra do primeiro fusquinha? Aí, um homem, um estadista que foi para o céu, Celso Furtado, foi a ele e disse que isso seria uma grande desgraça, porque o desnível iria aumentar entre o Sul e o Nordeste.

Está aí, Senador João Alberto que governou o Maranhão: dois brasis. Olhe a renda per capita: é o dobro. Esse homem, Celso Furtado, teve a coragem de peitar o presidente da República e dizer que tinha que haver um plano para o nordeste e que esse complexo industrial iria aumentar mais o desnível social, seriam dois brasis cada vez mais distantes. O presidente, então, mandou que ele fizesse um projeto. Em 1959, ele lança uma política de desenvolvimento para o Nordeste, base para a criação da Sudene - e Celso Furtado foi seu primeiro superintendente.

Juscelino Kubitschek veio com a idéia de construir Brasília - isso tudo era um tripé. Quebraram a Sudene, enterraram-na, acabou. O Presidente Lula, pernambucano, passou por uma lavagem cerebral e pensa que é paulista - está com o “paulistério” aí e se esqueceu da Sudene.

Dois anos e vem essa. Está aí, o relator é o Senador Antonio Carlos Magalhães. O Congresso está parado pelas medidas provisórias. E ela não virá - dois anos de nhem, nhem, nhem. É uma vergonha, mas passou na CAE, foram nomeados o presidente, o superintendente e diretores: estão aí há dois anos ganhando dinheiro. E a Sudene com seus projetos de desenvolvimento?

Posso falar porque sei realmente da importância da Sudene. Quero dizer a V. Exªs que governei o Estado do Piauí e presidi a última reunião da Sudene, que foi realizada no dia do aniversário de minha cidade, Sr. Prefeito de Oeiras - Oeiras que é gloriosa pelo 24 de janeiro; o povo de Oeiras tomou o palácio dos portugueses. Em 14 de agosto realizou-se a última reunião da Sudene. Banquei aquela reunião, Senador João Alberto Souza, que governou tão bem o Estado do Maranhão - aliás, deveria ter sido o Ministro da Defesa pois combateu a criminalidade como ela nunca foi combatida no Brasil.

Senador João Alberto, aquela reunião que bancamos, a última, foi presidida por mim. Eu presidi a última reunião da Sudene, Presidente Lula - venha me perguntar sobre a importância dela. Dezenas de projetos foram aprovados desde o Piauí. As presenças da fábrica de cimento do forte grupo empresarial João Santos, do Recife - a Cimento Nassau -, da Bunge - era nacional, a Cerval, e hoje é uma multinacional - e de uma fábrica de bicicletas mostram o significado da Sudene - só numa reunião para o meu Estado. Logicamente, houve outros projetos de interesse de outros dos dez estados.

Permita-me, então, terminar advertindo o Presidente Lula - este é o PMDB de vergonha; este é o PMDB que é a luz, que quer encaminhar -: Presidente Lula, não quero cargo. Aprendi com o baiano Rui Barbosa: “Não troco as trouxas das minhas convicções por ministério”. Assim disse Rui Barbosa.

Então, ensina aqui e agora este PMDB de Ulysses Guimarães, grandioso, do Prefeito de Oeiras, que quis Deus estar aqui. Celso Furtado, em sua última entrevista, enumerou os problemas fundamentais da sociedade brasileira atual Presidente Lula, estamos aqui para ensinar-lhe! O Senado é um dos pais da Pátria. Servimos para isso. Aprenda, Presidente Lula! Não é uma lição minha, mas de Celso Furtado. Quais são os problemas fundamentais da sociedade brasileira atual? O maior desafio é dar prioridade ao problema social e não ao econômico. O Governo do PT esqueceu o que Rui Barbosa ensinou. Rui Barbosa disse que a primazia tem que ser do trabalho, do trabalhador. Estes vêm antes e fazem a riqueza. O Governo que aí está adora o dinheiro, a riqueza; negocia com o FMI, com o BID, com o Bird, com o Banco Mundial. Não se pode servir a dois senhores.

            A homenagem que o Presidente Lula pode fazer a Celso Furtado é levantar a Sudene. Sua Excelência pode inspirar-se em Cristo, que disse: “Levanta-te, Lázaro!” Levantar a Sudene, sem dúvida nenhuma, vai diminuir a vergonha de termos dois países: o do Sul, que é avançado; e o outro, que carece do que foi idealizado por Celso Furtado para desenvolver-se.

Era o que tinha a dizer.