O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nenhum brasileiro razoavelmente informado pode desconhecer o notável trabalho desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ao longo das últimas décadas, em favor da agropecuária e do próprio desenvolvimento brasileiro. Seria fastidioso enumerar as conquistas do meio rural que se viabilizaram graças às pesquisas da Embrapa, bastando lembrar que a Região Centro-Oeste, antigamente considerada uma extensa área sem vocação agrícola, tornou-se um grande celeiro, que abastece o Brasil e significativa parcela do mercado externo.

Em Roraima, não é diferente. Apesar de sua localização, no extremo norte do País, e da distribuição demográfica rarefeita, com muitas comunidades situadas a longas distâncias umas das outras, a Embrapa ali está presente, pesquisando os cultivares mais adequados, desenvolvendo novas técnicas, ao alcance da população mais carente, e melhorando os níveis de produtividade.

Hoje, Sr. Presidente, quero abordar especialmente o trabalho que a Embrapa Roraima vem desenvolvendo junto às comunidades indígenas, que carecem de apoio não só para garantir seu próprio sustento, mas também para melhorar a renda familiar e sua qualidade de vida.

Embora esteja presente em Roraima desde 1980, quando ali instalou um Núcleo de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa intensificou os trabalhos na região nos últimos três anos, quando foram obtidos os resultados de maior relevância. Nesse período, a instituição, entre outras medidas, reorganizou seus recursos humanos e designou uma equipe de profissionais de elevado nível para pesquisar e também transferir tecnologia do seu centro de pesquisa ecorregional.

Em relação ao trabalho com as comunidades indígenas, conforme esclarece o chefe-geral da Embrapa Roraima, Antônio Carlos Centeno Cordeiro, as ações têm sido realizadas em parceria com entidades representativas das aldeias e com órgãos governamentais. Essas parcerias têm o objetivo de desenvolver sistemas de produção diversificados e sustentáveis para aumentar a segurança alimentar e gerar receita com a venda dos excedentes.

Em 2002, a Embrapa já viabilizara, com bons resultados, a implantação de uma área de consórcio comunitário com o plantio de banana, melancia e feijão caupi. A produção excedente de melancia, naquele ano, foi vendida nas comunidades próximas, e os recursos obtidos com a venda foram reinvestidos no programa, permitindo aumentar a área plantada. Além de implantar o consórcio comunitário, a Embrapa promoveu os encontros denominados “ajuri”, com a finalidade de levantar as demandas de pesquisa para posterior transferência de tecnologia aos usuários.

No ano passado, a Embrapa promoveu os chamados “dias de campo”, quando são ministradas aulas e realizadas demonstrações práticas de técnicas de cultivo. Durante o “Mucurundâ Kon” (Nosso Encontro, no dialeto macuxi), pelo menos 200 índios participaram dos dias de campo e de outros eventos, nas comunidades de Barro, São Jorge e Contão, no município de Pacaraima.

Em São Jorge, os pesquisadores abordaram a cultura do feijão caupi. Em Contão, os índios tiveram ensinamentos e treinamento sobre Manejo Alimentar de Bovinos e Cultivo do Milho.

Este ano, Sr. Presidente, diversas atividades têm sido desenvolvidas em parceria com a Associação dos Povos Indígenas de Roraima (APIRR). Na Comunidade do Milho, foi instalada uma unidade de observação de mandioca e uma demonstrativa de feijão caupi; em Truaru, além dessas experiências, houve orientação técnica para plantio de banana e melancia na roça escolar.

Em Boca da Mata, as unidades de observação e demonstrativas abrangeram as culturas de abacaxi, mandioca sem adubação química, feijão caupi sem adubação química e maracujá. Além disso, os pesquisadores orientaram a implantação de uma horta medicinal para o colégio. No Contão, foram ensinadas técnicas de cultivo de mandioca e de feijão caupi.

As equipes da Embrapa atuaram ainda nas comunidades de Maracanã, Ticoça, Leão de Ouro e Comunidade da Anta, tendo, inclusive, distribuído aos índios sementes de feijão caupi. Na Comunidade do Barro, há um ano e meio os pesquisadores orientam os índios no plantio de melancia, banana e maracujá - este, inclusive, graças ao aumento da produção, vem sendo comercializado em forma de polpa.

A Embrapa realizou também unidade demonstrativa de feijão comum (feijão fleixal), para melhorar a produção já existente com inovações nas técnicas de cultivo e adubação orgânica. Esse feijão orgânico vem sendo comercializado na Capital, Boa Vista, propiciando renda e melhoria das condições de vida para as comunidades indígenas.

De acordo com os pesquisadores da Embrapa, a presença de índios de outras comunidades, nos eventos ali realizados, tem permitido que eles atuem como agentes multiplicadores, difundindo ainda mais os conhecimentos e as experiências.

Por tudo isso, Sr. Presidente, quero cumprimentar os pesquisadores, técnicos e demais servidores da Embrapa, na pessoa do seu presidente, Clayton Campanhola, e do chefe da Embrapa Roraima, Antônio Carlos Cordeiro. E quero destacar que, além das comunidades indígenas, a Embrapa vem se esmerando em atender as demais comunidades rurais. O objetivo da Embrapa é fazer dos cultivos referenciais da região verdadeiros agronegócios, sólidos e sustentáveis, como forma de gerar renda e promover a inserção social dos povos indígenas e das famílias rurais de Roraima.