Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Posicionamento contrário às declarações do Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), sobre a questão da violência no campo.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • Posicionamento contrário às declarações do Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), sobre a questão da violência no campo.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2004 - Página 38442
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DECLARAÇÃO, PRESIDENTE, INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA (INCRA), IMPUTAÇÃO, AGROINDUSTRIA, RESPONSABILIDADE, MORTE, MEMBROS, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA.
  • ELOGIO, POSIÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), PACIFICAÇÃO, DIVERGENCIA, AGROINDUSTRIA, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, IMPEDIMENTO, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO, PAIS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. MOZARILDO CAVANCANTI (PPS - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos nós sabemos que o agronegócio no Brasil vem preocupando sobremaneira as grandes potências internacionais, que temem, com muita razão, a competição dos nossos produtos agropecuários no mercado internacional, seja a soja, seja o algodão, seja o frango, seja a carne bovina... enfim, todo tipo de concorrência que ameaça as grandes potências são combatidas.

           Tive a oportunidade, como Presidente da CPI das ONGs, de constatar que uma ONG canadense e americana, chamada Focus On Sabbatical, esteve no Brasil, visitando várias localidades do Centro-Oeste, oferecendo recursos para que os produtores não plantassem e produzissem. Eles praticamente compravam o equivalente ou próximo do equivalente ao que a pessoa produzia de soja, para que ele não plantasse, a fim de que a nossa soja não concorresse com a soja canadense nem americana. Então, “inimigos internacionais”, porque trata-se de uma concorrência realmente comercial e, portanto, um quer passar na frente do outro, nós já temos demais.

           Agora, fico preocupado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando vejo, internamente, pessoas do Governo fazerem crítica de maneira genérica ao agronegócio, porque hoje o agronegócio tem uma responsabilidade de 34% do PIB e gera cerca de 40% dos empregos. Assim, é indispensável para o Brasil, um País continental, entender o agronegócio como uma cadeia, englobando não só o grande produtor, mas o médio e o pequeno, inclusive o produtor da agricultura familiar.

           É preciso que entendamos que um membro do Governo tem de se postar acima de sua ideologia, de sua formação partidária, de sua corrente ideológica e pensar o Brasil de todos, que realmente tenha a responsabilidade de proporcionar o bem-estar a todos os brasileiros.

           Sr. Presidente, neste dia, registro o meu apoio à posição do Ministro da Agricultura - que por sinal foi muito elegante -, ao responder a afirmação do Presidente do Incra de que o assassinato de alguns membros do MST se relaciona ao agronegócio.

           Não podemos responsabilizar o MST por certas atitudes de alguns de seus membros nem, inversamente, culpar toda uma atividade importantíssima, na qual, aliás, se inclui o próprio MST. Os assentados do MST são parte do agronegócio. São pequenos produtores que trabalham em atividade familiar ou em cooperativas, mas que pertencem a essa cadeia. É importante, portanto, que tenhamos em vista que não podemos criar ódio de classes.

           Sr. Presidente, requeiro a V. Exª que sejam transcritas no meu pronunciamento, para que constem dos Anais da Casa, as seguintes matérias publicadas ontem na Folha de S.Paulo: “Presidente do Incra relaciona o agronegócio a chacina do MST”; e “Ministro defende o agronegócio; setor vê ‘ódio de classes’”. Neste momento, o Brasil está indo bem, está melhorando. Não podemos fomentar esse tipo de sentimento e perder o equilíbrio e a serenidade no trato da coisa pública.

           Solidarizo-me com o Ministro da Agricultura, que teve um comportamento exemplar e uma elegância acima do normal, pois, em vez de debater ou rebater simplesmente a acusação, fez uma definição muito completa do agronegócio e promoveu a pacificação.

           O Presidente do Incra precisa explicar melhor a afirmação que fez.

           Muito obrigado.

 

*********************************************************************************

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

*********************************************************************************

Matérias referidas:

“Presidente do Incra relaciona agronegócio a chacina do MST; e Ministro defende o agronegócio; setor vê ‘ódio de classes”.


Modelo1 5/11/249:25



Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2004 - Página 38442