Pronunciamento de Mozarildo Cavalcanti em 01/12/2004
Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Satisfação com a reedição do Projeto Rondon.
- Autor
- Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
- Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.:
- Satisfação com a reedição do Projeto Rondon.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/12/2004 - Página 39950
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
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- CONGRATULAÇÕES, GOVERNO FEDERAL, REEDIÇÃO, PROJETO RONDON, PROPOSIÇÃO, AUTORIA, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), BENEFICIO, ESTUDANTE, POPULAÇÃO.
O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores: no dia 13 de maio deste ano, subi a esta tribuna para comentar a feliz iniciativa da reedição do Projeto Rondon, por parte do Governo Federal.
A versão original desse projeto teve seu começo em 1967 e funcionou durante 22 anos, vindo a ser extinto em 1989. Sua reedição atual foi proposta pela União Nacional dos Estudantes (UNE) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro de 2003.
No início deste ano, foram tomadas as primeiras medidas concretas para a reativação do projeto, com a designação do Ministério da Defesa para a sua coordenação.
Nos últimos dias, tenho constatado que está efetivamente em curso a transposição, do papel para a prática, dessa importante iniciativa.
O Ministério da Defesa acaba de publicar o edital de seleção das instituições de ensino superior que participarão da Fase de Diagnóstico da Operação Nacional 2005 do Projeto Rondon.
De acordo com o documento, serão escolhidas 40 equipes, formadas por até 5 integrantes, entre alunos de graduação e professores, sendo exigida a presença de ao menos um docente no grupo.
No início de 2005, as ações do Projeto Rondon serão desenvolvidas no Estado do Amazonas, nos seguintes Municípios e localidades: São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Tefé, Yauarete, Maturacá, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Santo Antônio do Iça, Carauari, Eirunepé, Fonte Boa, Coari e Santa Isabel do Rio Negro, e terão como objetivo realizar diagnóstico para identificar e analisar problemas e necessidades das comunidades selecionadas, com vistas a reunir subsídios e orientar o planejamento de operações mais amplas a serem executadas a partir de 2005.
O projeto será lançado, oficialmente, pelo presidente Lula na primeira quinzena de janeiro de 2005, em São Gabriel da Cachoeira. E, após o lançamento, se estenderá por outras cidades amazônicas.
Nessa fase inicial, cada equipe precursora permanecerá por 10 dias na localidade para a qual foi designada, colhendo informações acerca das necessidades locais.
Todo o apoio logístico às equipes, que compreende alojamento, transporte local, assistência médica e alimentação, será dado pelo Ministério do Exército.
O projeto deverá se estender também ao Nordeste e contará com três tipos de operação: a nacional, que deslocará universitários nas férias escolares para outras regiões; a regional, que será realizada nas periferias próximas aos campi; e a especial, que terá ajuda das entidades públicas e privadas na realização de atividades específicas.
Em 18 de abril de 2005, a partir dos relatórios elaborados pelas equipes precursoras, será lançado o Plano Operacional 2005, que detalhará as operações nacional, regionais e especiais a serem executadas entre maio e dezembro do próximo ano.
A fim de estimular a adesão estudantil, a participação no Projeto Rondon será contada como crédito nas grades curriculares das instituições de ensino superior.
É preciso destacar também que, além dos recursos governamentais, o projeto vai contar com investimentos da iniciativa privada. Na Amazônia, terá o apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Governo do Estado e prefeituras.
Sr. Presidente, esse projeto tem vital importância para o desenvolvimento de nosso País.
De um lado, temos o benefício educacional obtido pela atuação prática desses jovens estudantes, orientados por seus docentes, que passam a ter a desejável experiência da aplicação de seus conhecimentos.
Todos sabemos que uma das maiores carências do estudante é transpor o abismo que separa a teoria da prática. Nas atividades do Projeto Rondon, os jovens universitários certamente serão impactados pelo choque com a realidade de regiões remotas e carentes do Brasil, o que os levará a buscar sentido prático para o conhecimento teórico que lhes é fornecido no meio acadêmico.
De outro lado, temos o inegável benefício que será trazido pelas equipes às comunidades locais, ajudando a suprir suas carências, que dificilmente poderiam ser atendidas de outra forma.
Há alguns meses, subi a esta tribuna para destacar o caráter solidário desse projeto. Não há nada que me pareça mais conveniente e nobre do que uma ação como esta, em que aqueles que detêm o conhecimento, mas carecem da prática, vão até os lugares mais remotos do Brasil, onde poderão aplicar aquilo que aprenderam de maneira realmente útil.
Fico imaginando um aluno de medicina, por exemplo, que, acostumado apenas aos centros urbanos e aos hospitais universitários, defronta-se com a realidade interiorana do Brasil, onde seus conhecimentos serão avidamente esperados para serem postos em prática.
A importância desse projeto para o País é enorme.
A experiência que os jovens participantes adquirem marca-lhes pelo resto de suas vidas.
Além de desenvolver senso social e patriótico nos alunos que participam do projeto, acontecerá também uma correção na distorção da imagem que uma boa parte da sociedade faz do aluno universitário.
O estudante de graduação, em muitos lugares, ainda é visto como alguém que cursa o ensino superior apenas para obter ascensão social e um bom emprego. A atuação deles nas regiões remotas do Brasil, com finalidade tão nobre como a que propõe o Projeto Rondon, ajudará a corrigir essa distorção.
Por todos esses motivos, alegro-me ao ver que essa reedição do Rondon está avançando. Faço votos de que ela seja expandida, atingindo proporções de forma a envolver boa parte de nossos universitários e que tenha ainda mais sucesso do que o projeto original, pelo qual passaram nada menos do que 400 mil estudantes e professores.
Muito obrigado.