Discurso durante a 174ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Recebimento dos Anais do terceiro Congresso Brasileiro de Agrobusiness, realizado entre os dias 24 e 25 de junho na cidade de São Paulo.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Recebimento dos Anais do terceiro Congresso Brasileiro de Agrobusiness, realizado entre os dias 24 e 25 de junho na cidade de São Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2004 - Página 40255
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • RECEBIMENTO, DOCUMENTO, CONGRESSO BRASILEIRO, AGROINDUSTRIA, ANALISE, SITUAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, SETOR, IMPORTANCIA, INCENTIVO, ECONOMIA NACIONAL, CRIAÇÃO, EMPREGO.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: recebi, na primeira quinzena de outubro, os Anais do 3º Congresso Brasileiro de Agribusiness, realizado entre os dias 24 e 25 de junho na cidade de São Paulo.

            Tal iniciativa, promovida pela ABAG (Associação Brasileira de Agribusiness), tem se tornado, ano após ano, uma referência no trato das inúmeras questões suscitadas pelo agronegócio no Brasil e no mundo, e não é difícil entender o porquê.

Como ressaltou já na apresentação dos Anais o Presidente da ABAG, o Sr. Carlo Lovatelli, tais congressos, ao reunirem especialistas das mais diversas áreas, não têm se limitado a registrar as percepções em curso e o atual estágio do desenvolvimento do agribusiness brasileiro. Na realidade, após minuciosa análise de nossa situação presente, os participantes - sejam eles debatedores, moderadores, cientistas ou políticos - são convidados a dar um passo além, no sentido de formular cenários futuros e identificar possíveis novos problemas.

Esse raciocínio prospectivo, Sr. Presidente, não é apenas desejável, mas também fundamental para o País e para uma das áreas mais dinâmicas da economia brasileira. Da leitura das substanciais palestras apresentadas no decorrer das conferências, não é difícil chegarmos à conclusão inevitável: o Brasil precisa trabalhar em uma série de pontos nodais se quiser manter-se e consolidar-se como um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, fibras e energia renovável.

Sim, Sr. Presidente, Srªs e srs. Senadores, falo também de fibras e de energia renovável porque o agribusiness abrange desde a soja até o comércio internacional de carbono advindo do Protocolo de Kyoto; vai desde condições sanitárias para a venda de gado suíno e bovino até os mecanismos de desenvolvimento limpo como o álcool carburante e o biodiesel. Isso implica, por sua vez, em investimento maciço em tecnologia de ponta e, sobretudo, em planejamento de médio e longo prazo, feito de forma integrada entre o setor privado e as diversas agências governamentais.

Não podemos nos deitar em berço esplêndido e pensar que, por sermos detentores de recursos naturais nada menos que extraordinários, estamos fadados - como que por encanto - ao sucesso no agronegócio. Tal linha de pensamento é mais nociva do que seria um ledo engano; o equívoco de tais premissas traz consigo o risco de desperdiçarmos uma oportunidade única de nos tornarmos uma superpotência no agribusiness, com indústria, comércio e serviços interligados e funcionando de forma produtiva.

Cogitarmos do Brasil como paradigma mundial do agronegócio é idéia plenamente factível nos dias de hoje. Afinal, dados trazidos à colação pelo Presidente do Instituto de Estudos de Comércio e Relações Internacionais (ICONE), Marcos Sawaya Jank, indicam que o agronegócio brasileiro cresceu, de 1990 a 2002, a uma auspiciosa taxa média de 6,4% ao ano.

O Brasil possui, hoje, o maior saldo comercial do mundo no agribusiness - aferido pela diferença obtida entre exportações e importações. O Brasil tornou-se, também, o terceiro maior exportador de agroderivados do mundo, sendo que em várias commodities - tais como o café, o suco de laranja e o açúcar - somos os maiores produtores e os maiores exportadores de todo o planeta.

O interessante, Sr. Presidente, é observarmos que esse notável desempenho vem ocorrendo malgré tout, ou seja, malgrado os inúmeros nós górdios, os inúmeros gargalos da estrutura produtiva e da própria infra-estrutura brasileira.

Nesse particular, os Anais do 3º Congresso Brasileiro do Agribusiness não se referem exclusivamente à gravíssima situação de nosso setor de transportes. Para Vossas Excelências terem uma idéia, em 1980 transportávamos uma média de 208 toneladas por quilômetro de malha viária. Tal valor passou para 313 toneladas por quilômetro em 1990, e, em 2000, para estratosféricas 451 toneladas por quilômetro.

Tal aumento no volume de cargas veio, como podemos suspeitar, sem investimentos de manutenção e ampliação da malha viária compatíveis com as necessidades de desenvolvimento e de escoamento da produção.

Especialistas convidados pela ABAG demonstraram também o impacto negativo na economia advindo de políticas tributárias e fiscais que oneram indevidamente a produção. Por outro lado, no que tange à sanidade e seus impactos globais, o fato de ainda existirem focos de febre aftosa pelo País faz com que deixemos de exportar para mercados pujantes em todo o mundo.

Apesar desses pesares, que não são poucos, o grau de coordenação agora existente entre o agribusiness e as autoridades governamentais permite-nos inferir que caminhamos no sentido de desempenhar papel cada vez mais relevante no agronegócio mundial. Basta dizer que o último congresso da ABAG contou com a presença do Vice-Presidente José Alencar e do Ministro Roberto Rodrigues, titular do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que contribuíram com sugestões e se mostraram sensíveis às demandas dos profissionais do setor.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, contarmos com um agronegócio bem estruturado significa, a um só tempo, garantirmos maior dinamismo à economia e a tão necessária geração de empregos, pré-requisitos para nosso desenvolvimento econômico e social pleno.

É por esses motivos que não poderia deixar de parabenizar a Associação Brasileira de Agribusiness, na pessoa de seu presidente, Carlo Lovatelli, e de todos os empreendedores e trabalhadores que fazem do Brasil o País do presente.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2004 - Página 40255