Discurso durante a 175ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao centenário de nascimento do jornalista Roberto Marinho. (como Líder)

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao centenário de nascimento do jornalista Roberto Marinho. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2004 - Página 40464
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ROBERTO MARINHO, JORNALISTA, PROPRIETARIO, EMPRESA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, VIDA, ATUAÇÃO, HISTORIA, BRASIL.

O SR. JOSÉ SARNEY (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Mão Santa, que preside a sessão neste momento, por quem todos nós temos grande apreço e um grande respeito.

Também agradeço ao Senador Paulo Octávio por conceder-me estes cinco minutos, já que era S. Exª o orador inscrito.

Pedi a palavra, porque, na sexta-feira, dia 3 de dezembro, ocorreu o centenário de nascimento do jornalista Roberto Marinho e, infelizmente, como não houve sessão na sexta-feira, não pude fazer o registro que hoje pretendo fazer.

Encaminhei à Mesa um requerimento para que fizéssemos, nesta Casa, um registro da data pela sua importância para o País. Ao mesmo tempo, seria uma oportunidade de relembrarmos a memória de Roberto Marinho, um homem que foi uma referência para o Brasil durante todo o século passado.

Roberto Marinho foi, sem dúvida, um extraordinário homem de comunicação. Um homem que assumiu o seu jornal ainda bem jovem, com a morte de seu pai, Irineu Marinho, e, em seguida, transformou O Globo, um pequeno periódico, em uma grande empresa de comunicação. Para isso foi necessário que ele tivesse o talento de assimilar novas tecnologias e expandir a sua empresa além do jornalismo para tornar-se também, por meio da televisão e de todos os outros instrumentos audiovisuais, uma presença do Brasil no mundo inteiro, como hoje ocorre com a TV Globo.

Tudo que ele fez, Sr. Presidente, fez com muita paixão. Desses cem anos, posso dizer que pelo menos durante a metade tive o prazer e a honra de ser seu amigo. Ele tinha o gosto da convivência, o gosto dos amigos, pois era uma figura humana, um homem extremamente afável, delicado, que, além de todas as suas virtudes, tinha a personalidade de um grande humanista, cultor das artes e, ao mesmo tempo, um verdadeiro intelectual que pertenceu à Academia Brasileira de Letras.

Roberto Marinho está incorporado ao imaginário nacional, ao reconhecimento de todo o nosso povo, nessa forma definitiva com que a história o vai guardar, como um homem que, em prol do Brasil, fez muito pela educação, fez muito pelo patrimônio histórico do País, ocupando papel de extraordinária referência na vida brasileira do século passado.

Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR JOSÉ SARNEY.

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O SR. JOSÉ SARNEY (PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) -

O Centenário do Repórter

A homenagem formal que o Senado Federal presta a Roberto Marinho levanta em mim um lado pessoal. Como Presidente da República e do Senado Federal tive muitas vezes contatos com um homem que colocava o dever público e a responsabilidade empresarial como os mais altos valores. Mas também tive o privilégio da sua amizade e o gosto da sua convivência. É com este duplo sentimento que faço mais esta homenagem à memória do jornalista Roberto Marinho, como ele gostava de ser tratado.

Dr. Roberto foi um dos maiores brasileiros e das mais marcantes personalidades que tivemos na História brasileira contemporânea. Sua vida foi toda dedicada ao trabalho, ao amor ao Brasil e ao bem comum.

Sempre soube expressar a visão moderna de que a empresa tem uma função social, uma visão que se firma e se afirmará mais ainda no futuro; nisso e nessa direção as suas empresas foram e são modelares. Como pioneiro e construtor de um sistema de comunicação que se destaca em todo o mundo, sempre empregou seus instrumentos em benefício do Brasil.

Sua solidariedade implicou, muitas vezes, em gestos de resistência, quando abrigou com grande generosidade, nas suas empresas, colegas de jornal perseguidos por idéias que podiam ser muito diferentes das suas.

Nunca o sucesso perturbou sua serena determinação de ser simples, educado, cordial, amável, sem prejuízo de ser obstinado; obstinação que não teve ausente, em nenhum momento, o domínio total da sua coragem.

Tudo o que ele fez, o fez com uma carga de grande idealismo, com perfeição, com paixão e sempre com a vontade de fazer melhor. Deu oportunidade a inteligências e talentos que representaram os pontos mais altos da arte e do jornalismo nesse meio século da nossa História. Fez da TV Globo um exemplo, uma demonstração de qualidade e de tecnologia de ponta, que honra o Brasil e mostra o que ele é, sendo, ao mesmo tempo, um instrumento de coesão da nossa sociedade.

Como jornalista, distinguiu-se pela precisão na linguagem, indo ao âmago das questões; e, em momentos difíceis da vida nacional, os seus famosos editoriais indicaram e influenciaram rumos. Mas gostava de se assinalar como repórter, mais que como articulista. Este, o da análise, da interpretação. O outro, aquele que lida com fatos e o desejo de divulgá-los.

Presenciei algumas vezes esse gosto incontido de Roberto Marinho pela notícia, pelo “furo”, pela informação. Muitas vezes, como Presidente da República, tive o privilégio de usufruir das idéias e do testemunho do homem que vivera momentos cruciais de nossa História, que convivera com todos os grandes homens de seu tempo, políticos, cientistas, artistas, escritores. Uma memória viva do país, observador privilegiado, e, em sua grande inteligência e acuidade, capaz de julgamentos e conclusões exatas e profundas.

Roberto Marinho ocupa o imaginário nacional como símbolo do homem que pensava na educação, na preservação do patrimônio histórico, na devoção às belezas do nosso País, no seu culto à natureza -- que ele mostrava sempre no seu amor às árvores, aos pássaros, às flores e às águas.

Ele era um amante das artes, da literatura, gostava do convívio com os artistas e tinha um grande fascínio pelos esportes.

Roberto Marinho está incorporado ao imaginário nacional, ao reconhecimento do povo brasileiro, nesta forma definitiva com que a História o guardará: um homem que fez tudo pelo País, que dedicou sua vida ao País e cujos resultados estão aí, no trabalho pela educação e pela preservação do nosso patrimônio histórico.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2004 - Página 40464