Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comprometimento da ordem pública na cidade do Rio de Janeiro. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Comprometimento da ordem pública na cidade do Rio de Janeiro. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 08/12/2004 - Página 41335
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • DENUNCIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMPROMETIMENTO, ORDEM PUBLICA.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ABANDONO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, GOVERNO MUNICIPAL.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, MENSAGEM (MSG), INTERNET, DIVULGAÇÃO, DIVERSIDADE, OCORRENCIA, VIOLENCIA, VITIMA, FAMILIA, ENGENHEIRO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada ocupei esta tribuna para falar sobre a situação crônica de grave comprometimento da ordem pública no Rio de Janeiro. Depois que abandonei o plenário, o Senador Sérgio Cabral respondeu ao meu discurso de forma educada, correta, mas contestando a necessidade de intervenção federal, que preguei, porque entende que a situação no Rio de Janeiro é igual a de outros grandes centros do País. Sr. Presidente, ele dizia também que, naquele momento, o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos*, estava no Rio, tratando desse assunto. No dia seguinte, o Ministro da Justiça foi manchete:

Thomaz Bastos: “População do Rio está abandonada”

“Carioca se sente abandonado”

Vou ao Rio freqüentemente. Considero-me carioca, tenho a medalha Pedro Ernesto dada pela Câmara Municipal, tenho a medalha Tiradentes, outorgada pela Assembléia Legislativa, e me considero carioca. Freqüento aquela cidade e sinto isto, que o povo carioca de modo geral tem uma sensação de abandono. E o Ministro não poupou nem o Governo Federal. S. Exª disse da sensação de estar abandonado pelos poderes Municipal, Estadual e Federal.

Que trágico a população de uma das maiores cidades brasileiras sentir-se abandonada pelo Poder Público, Senador Juvêncio da Fonseca!

Recebi dezenas de e-mails de cariocas me aplaudindo, mas me comoveu especialmente um. Trata-se de e-mail enviado por um engenheiro de 62 anos formado pela PUC, de quem não declinarei o nome porque ele não me autorizou. Esse engenheiro apresenta o que ele chama de “fatos relevantes do meu curriculum vitae”; lista as ocorrências policias que vitimaram sua família e que passo a ler para os senhores:

Carro gol roubado na esquina da Prudente de Morais com a Joana Angélica, em Ipanema, em 1990. O carro sumiu e não apareceu mais;

Filho levou um tiro na perna ao sair com a noiva de pizzaria na rua das Laranjeiras e ser assaltado por volta de 21h, em 1990;

Fui assaltado após tirar dinheiro do Bradesco na rua 1º de Março, no centro;

Novamente fui assaltado, juntamente com meu filho mais velho, quando subia a Pedra da Gávea, por um grupo de quatro homens e uma mulher;

5) Filho assaltado dentro do carro no sinal da Avenida Copacabana com a Rua Constant Ramos.

6) Filho foi assaltado dentro do carro por motoqueiros em sinal na praia de Botafogo.

7) Devido a tiroteios constantes, fui obrigado a vender imóvel em Santa Tereza por um terço do valor de compra.

Tal morador perdeu dois terços do valor da propriedade e teve de se retirar do bairro.

8) Fui assaltado dentro do carro no sinal de Visconde Silva com Rua Macedo Sobrinho.

9) Filho com família (mulher e dois filhos) se vê no meio de um tiroteio e ficaram aterrorizados na entrada do túnel Rebouças.

10) Dois marginais seguiram meu filho menor, que voltava da escola, invadiram meu apartamento, consumando o assalto e deixando-o amordaçado no banheiro juntamente com a empregada.

11) Fui assaltado dentro do carro da Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa.

São 11 ocorrências policiais.

Pergunto se isso que ocorre - que não é exceção, mas a regra que ocorre com milhares de famílias no Rio de Janeiro - não é um grave comprometimento da ordem pública ou, então, não sei mais o que é ordem pública. Muitos pensam que é só tumulto de rua, a desordem generalizada. É o fim da ordem pública. Os cidadãos não têm garantidos os três direitos básicos: à vida, à liberdade e à propriedade. Esse cidadão perdeu vários bens, o filho perdeu a liberdade por momentos - seqüestrado e amordaçado - e só não perderam a vida por milagre, porque os assaltantes não quiseram matá-los.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, não farei pregação em favor da intervenção federal temporária no Rio de Janeiro, até porque não influenciaria o Governo em nada. Quero apenas deixar registrada, nos Anais do Senado, a minha inconformação.

Se eu fosse Presidente da República - não o serei jamais - reuniria os conselhos da República e de Defesa para consultá-los. Se ambos opinassem favoravelmente, eu interviria no Rio de Janeiro em defesa da população daquela bela cidade.

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Siqueira Campos. PSDB - TO) - Senador Jefferson Péres, a Presidência quer confirmar: V. Exª pediu a transcrição de matéria que apresentou durante o pronunciamento?

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Peço a transcrição do curriculum vitae desse cidadão.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR JEFFERSON PÉRES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Curriculum vitae


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/12/2004 - Página 41335