Discurso durante a 178ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo pela unidade do partido aos companheiros do PMDB.

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Apelo pela unidade do partido aos companheiros do PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2004 - Página 41898
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, MANUTENÇÃO, UNIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REGISTRO, RELEVANCIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTICIPAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não poderia deixar passar a oportunidade de falar ao Plenário da Casa, depois de ter ouvido o discurso dramático de um companheiro de 30 anos atrás.

O Senador Pedro Simon, com aquela capacidade que tem de emocionar a todos, fez um apelo pela unidade do Partido e falou em MDB, MDB, MDB. Pedi um aparte e corrigi S. Exª, dizendo: “Senador Pedro Simon, estive nesta Casa com V. Exª. Do MDB, havia cinco Senadores; e, da Arena, dois. A espécie de reação que criei no Piauí, acabou transformando-se no Partido Popular, comandado pelo inesquecível homem público que se chamou Tancredo Neves”.

Éramos 17 Senadores nesta Casa, no total de 48; juntando com os cinco do MDB, formaríamos o PMDB. Senador Mão Santa, V. Exª era ainda um garoto, mas foi com os votos do PP do Piauí que foi possível a fusão: o PP e o MDB se transformaram em PMDB.

Fiz essa correção ao companheiro Pedro Simon, mas ao mesmo tempo aproveito o momento para dizer que o importante nesta hora é o interesse do País. Há dois anos, nesta Casa, estamos aprovando as medidas que o Presidente manda para cá, formando a base de sustentação do Governo Lula. Aprovamos, arranhando a nós mesmos várias vezes, como naquela questão dos aposentados, do salário mínimo pequeno; aprovamos tudo isso e, ontem mesmo, acabamos de aprovar algo que todos diziam ser inconstitucional, mantendo aquela unidade partidária aqui dentro, com a divergência natural de uma democracia, mas aprovamos.

E agora a imprensa está dizendo que vai haver uma Convenção, que houve tumulto. Isso é muito natural!

Vivi essa guerra. Sou bem mais antigo do que todos aqui. Entrei para a política ainda muito cedo e, a esta altura da minha vida, ainda estou aqui dentro graças ao prestígio - graças a Deus - que tenho no Estado do Piauí; elegeram-me Senador, como também o meu companheiro Mão Santa, um líder piauiense como eu, nascidos ambos na mesma cidade.

Quero fazer um apelo aos companheiros do Partido, quer àqueles que estão tentando fazer a Convenção, quer àqueles que não a estão querendo. O PMDB é um só! Por que não pode haver divergência dentro do Partido? Por que não podemos conviver com os que não concordam com o Governo atual, como alguns aqui dentro - são cinco, e nós somos dezoito - não concordam? O Partido vai expulsar alguém? Ele nunca expulsou, nem expulsará. O resultado desta Convenção não altera nada. O PMDB é muito forte. Há mais de mil prefeitos aguardando que o bom senso prevaleça, para manter a unidade do Partido. E, se houver a Convenção, tenha ou não quórum, o resultado não importa. Seguramente, não será como a expulsão dramática da Senadora Heloísa Helena, a que aqui assistimos. No PMDB não existe isso. Não se vai expulsar ninguém. Se há divergência, por que não pode haver? Pode haver. E nós devemos juntar as nossas forças pela unidade do Partido e em favor do Brasil - e não em favor somente da sigla do PMDB.

Eu não podia deixar de dizer estas palavras e fazer um apelo aos companheiros, talvez como o Senador mais antigo desta Casa e talvez o de maior idade - idade não interessa, o que interessa é o que temos na cabeça, e eu, graças ao bom Deus, considero que a minha mente tem 40 anos, apesar de o meu couro ter 86. E é em nome da unidade desse Partido que eu fundei com o nome de PMDB - foi o PP do Piauí que garantiu o nome PMDB - que tenho autoridade para dizer aqui: não quebremos o Partido, porque ele é muito forte. E é isto que o Brasil espera de nós, que não sejamos precipitados. “Se temos prazo” - como dizia o nosso companheiro do Piauí, Senador Petrônio Portella -, “temos tempo”. Temos tempo, sim; vamos juntar as nossas forças e manter a unidade do Partido.

Divergência, sim, mas com unidade. Por que não divergência? Não temos aqui dentro cinco que divergem e, no entanto, somos o PMDB de 23 Senadores? E, lá na Câmara, também não é assim? Então, se há divergência, mantenhamos a divergência, mas pensemos, em primeiro lugar, no Brasil.

O Presidente é o nosso representante, foi eleito para dirigir o País. Não temos garantido as suas emendas durante dois anos?

Os jornais andaram fazendo algumas especulações e tenho certeza de que não é esse o pensamento do Presidente. Os jornais especularam que no Planalto dizem que a saída do PMDB não altera nada. Altera, sim, e muito. Por isso, com a experiência que tenho e com a autoridade de ser o fundador do PMDB - por causa dos votos do PP -, eu diria: Presidente Lula, o PMDB é importante para o seu Governo. Não vamos pensar em PMDB sair ou quebrar. Vossa Excelência está dirigindo o País e quer acertar. Eu mesmo, naquele jantar, disse a Vossa Excelência que nunca esperei que tivesse tanta sensibilidade política quando nos falou daquela maneira. Então, com essa sensibilidade, Presidente, faça força para que o PMDB se mantenha no Governo, apoiando as suas iniciativas, e dê ao PMDB a oportunidade de participar, com homens experientes, nas Pastas que Vossa Excelência desejar. O PMDB tem muito a dar, como o maior Partido e como um Partido que sempre lutou pelo interesse do País.

Por isso, encerro minhas palavras, fazendo um apelo aos companheiros. Não importa o que está acontecendo, já aconteceram várias vezes e de muitas maneiras. Ninguém quebra o PMDB, porque o PMDB sempre foi a expressão da vontade deste País e sempre trabalhou pelo interesse do Brasil. É pelo interesse do Brasil que estou nesta tribuna, apelando aos meus companheiros: não façamos divisão no Partido. Divergir, sim; quebrar, nunca.

O PMDB deve continuar, e deve continuar apoiando o Presidente, porque pensa no País antes de pensar em si.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2004 - Página 41898