Discurso durante a 178ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre os índices comprobatórios da retomada do crescimento econômico.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Considerações sobre os índices comprobatórios da retomada do crescimento econômico.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2004 - Página 41906
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ANALISE, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, EXPORTAÇÃO, MERCADO INTERNO, INDUSTRIA, COMERCIO VAREJISTA, APRESENTAÇÃO, DADOS, PESQUISA, FEDERAÇÃO DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP), INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATISTICA E ESTUDOS SOCIO ECONOMICOS (DIEESE).

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a retomada do crescimento econômico é uma realidade. Estamos vivendo um momento de otimismo e de alívio: finalmente está acontecendo o espetáculo do crescimento, depois de um 2003 difícil, de sacrifícios, de preparação, de arar e semear o futuro desenvolvimento.

Todos os dados recentes da economia são positivos: aumento da produção industrial, aumento das exportações, das vendas no mercado interno. Cresce, felizmente, a massa salarial. A boa fase que atravessamos, e que tem muita chance de se prolongar por vários anos, pode ser comprovada por diversas estatísticas. E também pelo sentimento dos agentes econômicos.

Pesquisa periódica que a Fiesp realiza no Estado de São Paulo demonstra bem esse otimismo. Em março, a pesquisa indicava que 49% dos empresários tinham uma expectativa positiva em relação a suas atividades. Três meses depois, em junho, o contingente de otimistas passou para 77%.

A recuperação da economia está ocorrendo em todas as regiões do País. Nos últimos 12 meses, o Brasil acumulou um saldo comercial, diferença entre exportações e importações, de 31 bilhões de dólares. É um número notável, que demonstra uma vitalidade admirável da economia. Esse saldo, além disso, nos garante uma situação mais segura no quadro macroeconômico, o que dá condições para mais crescimento ainda.

Outro fato positivo é que essa força exportadora está coexistindo com uma boa dinâmica do mercado interno. Ora, o aumento simultâneo dos volumes de produção e de negócios voltados para o mercado externo e para o consumo interno é um indicador de excelente saúde econômica. Aponta para uma forte probabilidade de que o crescimento econômico que se iniciou nos últimos meses seja consistente, persistente, de longa duração.

No primeiro semestre de 2004, a indústria produziu 7,7% a mais do que no mesmo período de 2003. Portanto, um crescimento muito forte, que produz emprego, que produz riqueza. Quanto ao setor do agronegócio, sabemos que teve fortíssimo desempenho. Isso tudo se reflete em mais trabalho formal e em melhores salários.

Dados do Dieese indicam que os reajustes salariais negociados no primeiro semestre deste ano tiveram o melhor resultado para os trabalhadores do mercado formal desde 1996. Dos acordos coletivos de trabalho firmados de janeiro a junho deste ano, 79% tiveram reajustes anuais iguais ou superiores à inflação. O critério usado para aferir a inflação anual, nesse levantamento, foi considerar o INPC dos 12 meses anteriores a cada data-base.

Sr. Presidente, um efeito benéfico, e ao mesmo tempo indicador, do crescimento econômico que vem tomando impulso é a evolução do setor de comércio varejista. Segundo o IBGE, de janeiro a junho, as vendas aumentaram 9,3%, na comparação com o mesmo semestre de 2003. Isso demonstra o otimismo do consumidor, a recomposição de sua renda e a diminuição do desemprego.

O comércio varejista, no primeiro semestre de 2003, esteve muito fraco, começando a reagir acentuadamente no último trimestre do ano. Agora, os números do primeiro semestre do presente ano mostram que aquela reação continuou a pleno vapor. É interessante ver como se comportaram diversos setores varejistas nessa estatística do IBGE, que dá a variação das vendas de janeiro a junho deste ano em comparação com o mesmo período de 2003. Em números arredondados, temos: combustíveis, 7%; supermercados, 5%; vestuário e calçados, 7%; veículos, 16%; e móveis e eletrodomésticos, 29%!

É claro que a dinamização do comércio varejista faz parte do círculo virtuoso provocado por uma retomada consistente do crescimento econômico. Mais produção traz mais empregos e renda, o que aumenta as vendas no varejo, o que, por sua vez, enseja mais produção. Na atual retomada, o motor de arranque desse processo parece ter sido o setor exportador.

Assim, Sr. Presidente, estamos assistindo a um coroamento vitorioso da política econômica adotada pelo Governo Lula. Os fatos comprovam que foi uma excelente política. O Governo soube manter o rumo da economia na direção correta. Atravessamos águas agitadas, que exigiram dos timoneiros firmeza, persistência, habilidade e confiança. Agora, ingressamos em uma corrente favorável, que nos leva a bom destino.

Os especialistas discutem se a atual fase de crescimento se prolongará por amplo período, ou se há perigo de ela se esgotar em um ou dois anos. Do lado pessimista, estão os que apontam para a nossa precária infra-estrutura logística, que é realmente um gargalo que ameaça o desenvolvimento. Além disso, dizem, os empreendedores ainda hesitam em investir, dadas as dúvidas sobre as regras da economia.

Já os otimistas, e me situo entre eles, apresentam bons contra-argumentos. O estrangulamento logístico pode ser superado, especialmente pelo mecanismo de Parcerias Público-Privadas, que tem projeto de lei que está para ser apreciado pelo Senado. Quanto aos investimentos, acabarão por vir, já que as dúvidas irão se dissipando, e o potencial do mercado, bem como o próprio otimismo e sucesso, atributos da atual fase, exercerão o seu poder de atração.

Há também indicadores técnicos que militam a favor desse otimismo. Pela primeira vez em 20 anos, está ocorrendo na economia uma coincidência de crescimento dos mercados externo e interno. Não só as exportações crescem, mas as importações também, apontando para uma dinâmica econômica sólida e saudável. O balanço de pagamentos do Brasil se fortalece. Além disso, ainda há setores com capacidade ociosa, com potencial de crescer mesmo sem investimento imediato. Temos força de trabalho em abundância, disponível para ser engajada na produção. As estatísticas dos bens de capital, indicador importante para a produção futura, apontam para o aumento de sua demanda.

Sr. Presidente, está de parabéns o Governo Lula pelo crescimento econômico a que estamos assistindo, que promete ser prolongado. E está de parabéns o Brasil e seu povo. A dinâmica econômica atual aponta para tempos felizes de desenvolvimento e de progresso social.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2004 - Página 41906