Fala da Presidência durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Associa-se aos cumprimentos do senador Leomar Quintanilha pelos 40 anos do Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Associa-se aos cumprimentos do senador Leomar Quintanilha pelos 40 anos do Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2004 - Página 39892
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS (SERPRO).

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, escutei, há pouco, neste plenário, a palavra lúcida, importante e respeitadíssima do Senador Jefferson Péres, sobre a situação do Rio de Janeiro.

Concordo com S. Exª em muita coisa que disse, mas me reservo para, quando tiver um pouco mais de tempo - não o desta comunicação urgente -, fazer um pronunciamento mais extenso do que o de S. Exª.

A meu juízo, também, há desatenção governamental com o Rio de Janeiro. Um dos sintomas disso é o tratamento dado à Varig, que será o tema do meu pronunciamento rápido, de hoje.

Sr. Presidente, embora sediada no Rio Grande do Sul, a Varig é considerada pelo povo do Rio de Janeiro uma empresa carioca, fluminense, pelas raízes tão profundas que tem lá.

A Varig, a maior empresa de aviação, é genuinamente brasileira e tem uma longa e rica história de transporte aéreo no País. São quase cem anos. É uma empresa que vem do início do século passado e que prestou enormes serviços ao País, à sua população, a outras empresas de aviação que, no momento da sua constituição, precisaram de uma ajuda da Varig, ajuda que não foi negada, embora o tenha sido por outras empresas.

Por exemplo, a Embraer precisou muito da ajuda da Varig e recebeu; a Infraero, para se constituir, da mesma forma, e hoje é uma das credoras da Varig, que cobra com muita insistência a dívida, mas no momento em que a Infraero precisou da Varig, esta a atendeu. A BR Distribuidora, que é outra empresa importante, pertencente à Petrobras, também precisou da ajuda da Varig, grande comprador de combustível e agora está cobrando essas dívidas, quando poderia um pouco elastecer os prazos dessa cobrança.

Enfim, a Varig, ao longo da sua longa e rica história, ajudou muito várias empresas do País.

Ademais, é preciso considerar que a Varig tem uma condição muito especial e avançadíssima de propriedade do seu patrimônio, uma propriedade democraticamente distribuída entre todos os seus empregados, uma administração absolutamente democrática e que hoje apresenta índices técnicos dos mais elevados do mundo. A Varig está absolutamente pronta a demonstrar, em qualquer situação, em qualquer audiência pública, que os seus índices de gestão, essa gestão que tem sido tão criticada ultimamente, se comparam aos das melhores empresas de aviação de todo o mundo. Quer dizer, não há, absolutamente, uma deficiência de gestão; há, sim, uma crise patrimonial, uma crise de endividamento, uma crise financeira que precisa ser resolvida.

A Varig é um símbolo nacional, Sr. Presidente! Em qualquer país em que as linhas da Varig chegam, a agência da Varig é vista como um símbolo do Brasil, amado e respeitado por todos os brasileiros.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Ou seja, não é uma empresa que possa ser posta em desconsideração quando enfrenta uma crise que foi causada por fatores que atingiram a todas as empresas de aviação do mundo - não foi só a Varig; todas passaram por essa crise, excetuadas, naturalmente, as empresas brasileiras menores, mais recentes, que, evidentemente, não tinham passivo algum ao tempo em que esses fatores atuavam.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - A Varig, por isso mesmo, apresenta uma situação financeira difícil, mas inteiramente solucionável, desde que haja vontade política de fazê-lo, e esta vontade política é que estamos aqui cobrando em nome do Rio de Janeiro, do enraizamento da Varig no Rio de Janeiro.

Sr. Presidente, a controladora da Varig, que é a Fundação Rubem Berta, está disposta a abrir mão desse controle, desde que não seja para passá-lo às empresas concorrentes. Isso não tem sentido, Sr. Presidente! Isso constituiria um monopólio de transporte aéreo do País, e um monopólio privado! Então, vamos constituir um monopólio público e estatizar todas.

O que quero é exatamente pedir a atenção, porque a Varig está precisando de uma solução de curto prazo, que é um financiamento inteiramente viável e possível, a dilatação dos prazos, uma redução de multas, um pagamento. A Varig tem créditos junto ao Governo, que está postulando na Justiça, e é preciso fazer esse encontro de contas. Enfim, há várias soluções de curto prazo para dar tempo para que ela se equacione em termos da solução definitiva de curto prazo. Tudo depende de uma vontade política que aqui, em nome do Rio de Janeiro e de seus interesses, estou pleiteando, por considerar que há uma certa desatenção; e não quero dar azo a outras interpretações, de paulistização, com interesses da Tam; não quero referir-me a isso - não penso que seja isso. Acho que seja simplesmente uma conseqüência dessa desatenção em relação ao Rio de Janeiro, que está atingindo a Varig, que é uma empresa hoje considerada carioca e fluminense.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2004 - Página 39892