Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao relatório "Desempenho do Setor de Autopeças", versão 2004.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Comentários ao relatório "Desempenho do Setor de Autopeças", versão 2004.
Publicação
Publicação no DSF de 22/12/2004 - Página 44431
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, RELATORIO, SINDICATO, VINCULAÇÃO, INDUSTRIA, AUTOMOVEL, BALANÇO ANUAL, SETOR, ESPECIFICAÇÃO, PRODUÇÃO, FROTA, QUALIDADE INDUSTRIAL, EXPORTAÇÃO, INVESTIMENTO, NATUREZA FISCAL.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, SETOR, PRODUÇÃO, PEÇAS, AUTOMOVEL, EMPREGO, COMERCIO EXTERIOR, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no processo de retomada do desenvolvimento econômico, boas notícias nos chegam do setor automobilístico, o que pude constatar ao avaliar o relatório “Desempenho do Setor de Autopeças”, versão de 2004. O documento, de lavra do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças), atualiza os dados setoriais até o ano de 2003 e prenuncia, já neste ano, o papel de destaque que o setor de automóveis ocuparia nos indicadores globais de crescimento econômico que hoje comemoramos.

Volta o Brasil a galgar o décimo lugar na produção mundial de automóveis, posição ocupada pelo México em 2002. Não atingimos, é certo, o oitavo lugar, como em 1997, mas estamos a um passo de ocupar a nona posição, hoje em poder do Reino Unido, que nos superou em pouco mais de 1% do total de veículos produzidos.

Esses dados são tão mais significativos quando se observa que a geografia da produção automobilística, mundo afora, vem sofrendo forte transformação. Um indicador disso é que as Américas, maior força mundial em 1994, foram ultrapassadas, em 2003, pelas zonas da Ásia-Oceania e da Europa, que hoje lideram o setor.

Também a frota brasileira, de mais de 21 milhões de veículos, a nona maior do mundo, vem crescendo, tendo sido ultrapassada, entretanto, em 2003, pela frota nacional da Rússia.

De 1992 a 2002, o indicador de quantidade de habitantes por veículo vem melhorando, tendo sido sua variação, de 10,6 para 8,2, suficiente para ultrapassar, no âmbito da América do Sul, a colocação ocupada pela Venezuela. Nossos indicadores, entretanto, continuam inferiores aos apresentados pelo Uruguai, Guiana Francesa, Argentina e Suriname, nessa ordem, sendo ainda piores que a média de todas as Américas, essa última situada em torno de 4,2 habitantes por veículo.

No balanço externo setorial ressaltam alguns dos melhores desempenhos divulgados no relatório. As exportações, em queda pronunciada ao final do século XX, voltam a crescer após o ano 2000, tendo evoluído 46,6% em 2003, num total de mais de 530 mil veículos exportados, um desempenho histórico jamais registrado. As importações, crescentes até 1998, tiveram, por ocasião de 2002, o mais baixo número em uma década, contribuindo para uma conta externa superavitária.

A diferença entre as exportações, de US$4,8 bilhões, e as importações, de US$4,3 bilhões, permitiu ao País contabilizar quase meio bilhão de dólares a seu favor.

O principal destino de nossas exportações, no setor de peças e componentes, continua sendo os Estados Unidos da América, que apresentam, de toda forma, participação decrescente na venda dos itens produzidos no Brasil, mercê, em especial, do rápido crescimento de outros importadores, notadamente - no caso de 2003 - a China e a África do Sul.

Com esse saldo de realizações, o setor de autopeças e componentes vem retomando, ao longo da última década, uma maior expressividade na composição do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo a participação de 2003, no montante de 2,5%, a mais significativa desde o ano de 1994.

A composição do valor de produção demonstra que às entregas feitas às montadoras toca 56% do faturamento setorial; ao subsetor exportador, 22%; ao mercado de reposição de peças, 16%; e ao comércio intra-setorial, 6%.

O balanço social apresenta, entre outros itens de relevo, o aumento do número de trabalhadores empregados, que, pela primeira vez desde o ano de 1997, ultrapassa - se bem que por pouco - o quantitativo de 170 mil postos de trabalho.

Preocupa, de toda forma, o investimento total realizado pelas empresas, por ocasião do exercício fiscal de 2003. O montante investido, de cerca de US$500 milhões, é quase o dobro do investimento realizado no ano imediatamente anterior, o de 2002. Esses valores, entretanto, representam cerca de metade da média histórica investida entre os anos de 1993 e 2001.

É certo que o setor, como um todo, aproveitou a grande capacidade ociosa, de cerca de 36%, gerada a partir dos modestos índices de crescimento da economia, notadamente os registrados após 1998. Seja como for, ainda há que considerar, de forma muito conscienciosa, alternativas para incentivar o investimento em nosso País, de maneira geral, e no setor automobilístico, de maneira particular, por razão da grande capacidade de geração de valor e de postos de trabalho que caracteriza toda a cadeia produtiva do automóvel.

De todo o visto, ressalta a importância da contribuição do setor de componentes à nossa economia, à empregabilidade dos brasileiros e à geração dos saldos comerciais externos.

            O setor de autopeças, como é do conhecimento de todos, é um dos mais sensíveis às alterações na economia, em especial àquelas que afetam o consumo, tais como o nível de emprego, o nível de renda, os juros ao consumidor final e o câmbio. Se, mesmo em um ano de aperto nas condições macroeconômicas, o setor foi capaz de se reposicionar, crescer e contribuir para a riqueza nacional, fico desde já otimista em relação ao desempenho de 2004, por sinal já positivamente prenunciado nas estatísticas parciais que vêm sendo divulgadas.

Por isso, apresento os meus votos de sucesso às lideranças de uma atividade industrial que foi, sem favor algum, um dos pilares sobre os quais se erigiu o nosso desenvolvimento industrial, por volta de meados do século passado, e que continua, ainda hoje, representando um percentual significativo da riqueza criada em nosso solo, por nossa gente.

Já finalizando, agradeço ao Sr. Paulo Roberto Rodrigues Butori, Presidente do Sindipeças e da Abipeças, a gentileza da remessa, ao meu gabinete, do relatório que aqui analisei. Em nome dos componentes desta Casa Legislativa, desejo todo o sucesso possível às atividades do setor de autopeças, atividades tão relevantes, seja para o Brasil, seja para os brasileiros.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/12/2004 - Página 44431