Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Criação do Estado do Maranhão do Sul.

Autor
Ildon Marques (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: Ildon Marques de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIVISÃO TERRITORIAL.:
  • Criação do Estado do Maranhão do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 22/12/2004 - Página 44478
Assunto
Outros > DIVISÃO TERRITORIAL.
Indexação
  • DEFESA, DIVISÃO TERRITORIAL, ESTADO DO MARANHÃO (MA), INCENTIVO, AUTONOMIA ADMINISTRATIVA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, COMPARAÇÃO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), ESPECIFICAÇÃO, EDUCAÇÃO, SAUDE, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE.
  • REGISTRO, PARECER FAVORAVEL, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, PROJETO, DECRETO LEGISLATIVO, DIVISÃO TERRITORIAL, ESTADO DO MARANHÃO (MA).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ILDON MARQUES (PMDB - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a criação do Estado do Maranhão do Sul não é apenas um sonho dos que habitam aquele pedaço da Pré-Amazônia brasileira. É também a crença de que seria essa a alternativa definitiva para o incremento de mais uma fronteira de desenvolvimento deste País, ao mesmo tempo em que se exercitaria aquilo que, para mim, é determinante para que o Brasil gere emprego e renda através de uma necessária e urgente redivisão territorial.

            Descentralizar o poder e criar mais núcleos de decisão; fazer com que o poder que governa e transforma se aproxime mais do seu fim e subdividir realidades completamente díspares que hoje se misturam dentro de limites territoriais de larguras inatingíveis, isso, sim, é interiorizar mecanismos de desenvolvimento.

            Dentro da realidade geopolítica do Brasil, falar em redivisão territorial não soa mais o discurso puro e simples do separatismo.

            O Maranhão do Sul é um desses exemplos, como exemplos outros se espalham pelo mapa do Brasil que traça fronteiras espetacularmente distantes, notadamente lá na Amazônia.

            Novos estados requerem novas capitais, instalação de poderes, edificação da infra-estrutura e se torna campo de absorção da mais diversificada mão-de-obra, inclusive daquela que hoje brota com mais abundância dos meios acadêmicos e vive a frustração da falta de oportunidade.

            Tudo isso é emprego, renda e elevação da qualidade de vida.

            Para nós, sulmaranhenses de Imperatriz, basta atravessar os oitocentos metros de águas do rio para constatarmos o que se verifica no vizinho Estado do Tocantins, formado há 16 anos com o que, antes, era o Norte de Goiás.

            De quando foi desmembrado para cá, o Estado do Tocantins saltou de 62 para 139 Municípios.

            Naquele tempo, o tanto de aluno que havia na sala de aula havia do lado de fora, por falta de vaga. Hoje os ensinos fundamental e médio são universalizados naquela unidade da federação brasileira.

            O Estado do Tocantins, quando criado, tinha uma população de acadêmicos de apenas 500 pessoas e hoje conta com 20 mil estudantes de cursos de nível superior. Os jovens saiam para estudar e não mais voltavam, por absoluta falta do que fazer ou porque, onde se formavam, era campo de trabalho mais propício.

            No setor da saúde, eram apenas 62 leitos instalados e a realidade de 16 anos transcorridos é de uma medicina de baixa, média e alta complexidades disponíveis para toda a população e ainda sobra capacidade para socorrer demandas de estados vizinhos.

            A infra-estrutura originária era retratada por uma rede de distribuição de energia monofásica, alimentada por pequenos sistemas de hidroelétricas. Hoje o Estado do Tocantins produz 6 vezes mais energia do que consome, o que o habilita a receber empreendimentos geradores de divisas e empregos da maior envergadura.

            De estradas asfaltadas, tirando a Belém-Brasília, que é federal, sobravam parcos 200 quilômetros de chão preto. Hoje a rede estadual de rodovias pavimentadas vai a mais de 5 mil quilômetros, interligando cidade por cidade e o estado tocantinense aos demais vizinhos.

            E nós, da área demarcada em projeto para ser o Maranhão do Sul, temos tanto quanto ou até muito mais potencialidades instaladas ou ainda adormecidas. Mas é preciso que nos chegue a autonomia político-administrativa.

            Somos leito do corredor centro-norte de exportação, território de pólos agrícolas que se diversificam e se potencializam a cada ano e uma pecuária de vanguarda. Temos terras de qualidade, águas, uma razoável porção das estradas de que necessitamos, energia elétrica abundante e tudo mais. Somos 49 Municípios, com uma população de 1 milhão e 100 mil habitantes.

            O Maranhão do Sul carrega no seu bojo todo o entusiasmo do povo que habita os seus limites territoriais e é uma luta que vem de longe, da década de 70, quando o então vereador Joaquim Paulo de Almeida desfraldou essa bandeira juntamente com o deputado Siqueira Campos. Naquele tempo, eu, um iniciante do mundo dos negócios, da minha pequena tipografia expedia os impressos que animavam o movimento e me integrava às ações de campo.

            Siqueira Campos realizou o sonho do seu povo e conquistou a vitória do Estado do Tocantins, sem que essa redivisão incluísse o nosso pedaço do Maranhão. Deixou-nos a lição de que a luta tinha que continuar, até porque o objetivo da mesma era e sempre será tão nobre quanto aquele que lhe deu forças para vencer.

            Mais recentemente, em 2001, uma nova batalha se iniciou com o Projeto de Decreto Legislativo nº 947, de autoria do deputado Sebastião Madeira, que, por sinal, já tem parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, relatado pelo ilustre deputado Freire Júnior.

            Na região inteira do Maranhão do Sul se espalham mulheres e homens que trabalham ardorosamente por essa causa, pela compreensão da sua grandiosidade e pela certeza de que nela residem todas as possibilidades de rápida evolução daquele importante pedaço do Brasil. Cito, em nome de todos, o trabalho incansável do empresário Fernando Teles Antunes.

            Para nossa satisfação, temos hoje, como reforço importante dessa luta, a participação dos Senadores João Alberto, Edison Lobão e da Senadora Roseana Sarney.

            Está sob o poder dos Srs. Deputados Federais e Senadores da República de hoje o andamento desse projeto.

            São muitas as nobres causas que fazem um devoto do Maranhão do Sul lutar para, um dia, desta tribuna, clamar pelo seu triunfo. Eu o faço hoje, na esperança de que não seja em vão.

            O Brasil precisa daquela frente de desenvolvimento. O Maranhão do Sul, por nosso intermédio, reclama, aqui, o seu direito de crescer e ser justo para com os seus.

            Na qualidade de prefeito eleito de Imperatriz e, hoje, de Senador da República, faço, com vigor, parte dessa luta, na certeza de que a vitória nos aguarda.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/12/2004 - Página 44478