Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao assassinato de ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Júnior, integrante da ONG Grupo de Defesa da Natureza, na reserva do Tinguá, localizada no Estado do Rio de Janeiro. (como Líder)

Autor
Marcelo Crivella (PL - Partido Liberal/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comentários ao assassinato de ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro Júnior, integrante da ONG Grupo de Defesa da Natureza, na reserva do Tinguá, localizada no Estado do Rio de Janeiro. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 25/02/2005 - Página 3145
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • GRAVIDADE, HOMICIDIO, ECOLOGISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, TRABALHO, VOLUNTARIO, DENUNCIA, EXPLORAÇÃO, RESERVA ECOLOGICA.
  • REGISTRO, PROVIDENCIA, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), SOLICITAÇÃO, EMPENHO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, MORTE, REITERAÇÃO, VOTO DE PESAR.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste momento, o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro está sendo enterrado no cemitério de Ricardo Albuquerque. Ele tinha 61 anos, integrava a ONG Grupo de Defesa da Natureza e foi covardemente assassinado com um tiro de escopeta.

Foi uma morte anunciada. Afinal, o ambientalista, que trabalhava como voluntário na identificação de exploradores da reserva de Tinguá, vizinha a Nova Iguaçu, vinha recebendo ameaças de morte há dez anos. Como todo idealista, porém, ameaças jamais o calaram. Foi preciso um tiro certeiro para calar a voz daquele que se dedicava a uma causa com a tenacidade de toda uma vida.

O silêncio de Dionísio gritou em todo o Brasil e foi ecoar lá fora. O site da rede americana de TV CNN deu destaque ao assassinato do ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro. A reportagem, que entrou ontem na versão online da rede, fornecida pela agência de notícias Associated Press, destaca que a morte do ambientalista no Rio de Janeiro aconteceu poucos dias depois do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, vítima da violência no campo em Anapu no Pará.

O texto traz depoimentos do gerente executivo do Ibama no Rio, Edson Bedim de Azeredo, alertando para a gravidade dos crimes contra ambientalistas, e também de Cintra da Silva, do Grupo de Defesa da Natureza. Ela conta que o colega nunca andava sozinho à noite, para evitar emboscadas, e que ele havia recebido ameaças de morte nos últimos anos devido à sua atuação contra a caça de animais silvestres e a colheita de palmito.

A reportagem termina destacando que o trabalho de Dionísio era totalmente voluntário.

A diligente Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já determinou à cúpula da Polícia Federal todo empenho na instauração do inquérito para investigar a morte. Ontem mesmo, a Polícia Federal enviou uma equipe à reserva de Tinguá para rastrear a área. O Governo Federal decidiu instaurar inquérito, já que envolve questão ambiental e o caso teve grande repercussão.

Marina Silva quer investigação profunda do caso. A Ministra conversou com o Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Ministro Nilmário Miranda, sobre o assassinato do ambientalista e a ação do Governo.

Nós, aqui do plenário desta Casa, queremos pediu um pouco mais. Queremos pedir à Polícia Federal que, nesse caso ocorrido em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, dedique os mesmos empenho, esforço, competência e meios que utilizou no caso de Arapu, Pará, para que se chegue à solução desse crime, que se descubram os mandantes, os executantes e as empresas que se interessam por esse tipo de delito, afinal ninguém faria plantações ou colheria palmito se não houvesse uma empresa para industrializá-lo.

Desculpe-me, Sr. Presidente, sinto-me emocionado, porque o Rio de Janeiro está vivendo momentos muito difíceis. Todos os dias, os jornais divulgam crimes, violências, a situação dos morros, onde mais de setecentas comunidades carentes vivem e as pessoas são mortas por balas perdidas e são submetidas às regras impostas pelo narcotráfico, que venceu o Estado, na cidade do Rio de Janeiro.

Mais uma vez, ocupamos as primeiras páginas dos jornais com crimes como esse: o assassinato de um homem idoso, de 61 anos, com um tiro de escopeta na cabeça. É impressionante como a violência chega a níveis bárbaros na cidade do Rio de Janeiro!

Faço um apelo ao Sr. Procurador-Geral da República para que use da prerrogativa que lhe foi conferida, por ocasião da reforma do Judiciário, e federalize a investigação desse crime que, como já disse, tem repercussão internacional.

É com muito pesar, Sr. Presidente, que concluo meu pronunciamento. Ontem mesmo, solicitei ao Senado o envio de votos de pesar à família. E, mais uma vez, neste momento em que ele está sendo sepultado, manifesto a minha profunda tristeza pela morte desse conterrâneo.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/02/2005 - Página 3145