O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o motivo do meu pronunciamento, no dia de hoje, é prestar uma justa homenagem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que está completando 31 anos. Em três décadas de atividades, a empresa amadureceu, firmou-se como instituição exemplar no campo da pesquisa agropecuária e mudou radicalmente a face do Brasil rural.

Em 2003, os resultados de suas pesquisas permitiram que 44 novos tipos de plantas fossem registrados no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC). A lista inclui cereais, oleaginosas, fruteiras e espécies forrageiras. Merece destaque, por exemplo, um novo abacaxi com resistência à fusariose, grave doença que acomete as plantações; novos girassóis para uso ornamental,com flores coloridas; e três espécies de uvas que não têm sementes. Vale destacar que as pesquisas realizadas pelo órgão nesse campo asseguram à indústria nacional ganhos importantes em produtividade, redução dos custos de produção, bem como posição de destaque no restrito mercado de sementes e mudas, dominado pelos sistemas agrícolas mais avançados do mundo. Por fim, devemos acrescentar que as ações científicas apresentadas pela Embrapa têm contribuído de maneira importante para aumentar o grau de nossa soberania no campo alimentar.

Em 2004, as inovações continuaram em ritmo acelerado. Novos produtos, novos ganhos em produtividade, mais economia de insumos e mais redução nos custos de produção de inúmeros itens. Entre as novidades apresentadas no ano passado, podemos citar a cebola-doce, que não provoca lágrimas quando é cortada perto dos olhos, não deixa hálito forte e pode ser consumida como uma fruta in natura em virtude do seu sabor adocicado agradável.

Eminentes Srªs e Srs. Senadores, a Embrapa é hoje uma das empresas mais avançadas do mundo, pela excelência dos seus trabalhos e pela enorme contribuição que tem dado ao desenvolvimento da agricultura nacional. Seu desempenho é uma prova de que, se quisermos, se tivermos vontade política, em curto espaço de tempo, teremos todas as condições de transformar o Brasil no celeiro do mundo. Teremos igualmente todas as condições de conquistar brevemente um lugar de relevância ao lado das nações mais avançadas no campo da pesquisa, da inovação tecnológica e do desenvolvimento científico.

Não faz muito tempo, pouco mais de dois anos, a instituição surpreendeu a comunidade mundial de pesquisadores com a apresentação da bezerra Vitória, primeiro bovino clonado brasileiro. Igual sucesso obteve com os Sistemas de Rastreamento do Rebanho Bovino e Bubalino. Trata-se de uma tecnologia de identificação eletrônica que é capaz de indicar todo o histórico da vida do animal e captar informações de animais na propriedade.

Podem-se, também, citar como produtos da Embrapa os seguintes: a Língua Eletrônica, sensor gustativo que tem a capacidade de avaliar a qualidade da água, o paladar do vinho, do café e de outras bebidas, e as possíveis contaminações dos produtos por agentes químicos, metais pesados e substâncias húmicas; a invenção da tecnologia chamada Tritucap, desenvolvida com o objetivo de eliminar o uso do fogo nos sistemas agrícolas, na hora de preparar a terra para a cultura; o sistema de Secagem Acelerada da Madeira, processo capaz de identificar com precisão o momento exato do relaxamento da madeira para secagem em altas temperaturas, com excelentes resultados e grande economia de tempo; o Equipamento para a Produção de Minicenouras, desenvolvido para tornear cenouras, de grande valia principalmente para o pequeno e médio produtor que, com o seu uso, consegue reduzir bastante os custos finais do processamento; a Mini-usina de Beneficiamento, tecnologia desenvolvida com 50 serras e prensa hidráulica, extremamente eficiente e de baixo custo de investimento; a Mini-fábrica de Processamento de Castanha de Caju, invento que está ganhando amplo espaço no Nordeste, também de baixo custo e altamente eficiente para o pequeno produtor; o sistema Irrigas, processo realmente inovador de irrigação, de fácil manuseio, que permite ao agricultor saber o momento certo da irrigação; a Captação de Imagem com Aeromodelos permite o levantamento topográfico das propriedades com redução significativa de custos, garante medição mais precisa dos níveis de erosão e conhecimento mais minucioso do terreno, revela com mais detalhes o estado das lavouras e alerta sobre a ameaça de pragas, fatores que antes só podiam ser detectados com o auxílio de satélites ou de aeronaves específicas. Essas valiosas informações passaram a chegar às mãos dos produtores graças à eficiência de um simples aeromodelo, de custo reduzido, totalmente desenvolvido pela Embrapa.

Todas as invenções que acabamos de destacar fazem parte do acervo da empresa e atestam a sua inestimável contribuição ao avanço do desenvolvimento no campo. Poderíamos continuar citando dezenas e dezenas de outros projetos que se transformaram em realidade ao longo desses 31 anos de história. Mas, se fôssemos enumerar a todos, poderíamos tornar este pronunciamento um pouco enfadonho.

De qualquer maneira, nobres Srªs e Srs. Senadores, pelo que acabamos de apresentar, indiscutivelmente, a Embrapa já faz parte do exigente mundo do conhecimento científico. Sem dúvida alguma, suas descobertas têm sido decisivas para a melhoria da qualidade da agricultura brasileira. Da mesma maneira, em diversas partes do mundo, os resultados dos seus estudos são aguardados com grande expectativa. Enfim, sua contribuição desperta grande interesse porque subsidia, de maneira indispensável, a agricultura de inúmeros países. Assim, o domínio de avançados conhecimentos agropecuários, testados e aprovados em solos tropicais, são úteis para diversos sistemas agrícolas que não dispõem dos meios para atingir, em médio prazo, os mesmos níveis de desenvolvimento.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao terminar este pronunciamento, gostaria de dizer que o exemplo da Embrapa inspira o Brasil a investir mais em educação básica de qualidade, em conhecimento e em novas tecnologias. Aliás, foi assim que a Coréia do Sul, país que, até meados da década de 70, tinha nível econômico inferior ao nosso, conseguiu nos ultrapassar no início da década de 80.

Isso ocorreu porque realizou uma fantástica revolução na educação, na ciência e na tecnologia. Portanto, se a Embrapa continuar sendo o orgulho brasileiro na área da eficiência científica e da pesquisa avançada, por que não incentivar a criação de uma Embrapa do setor industrial, como pretende o Presidente Lula? Se assim for, em no máximo vinte anos, tenho certeza de que conseguiremos realizar o grande sonho de transformar o Brasil na primeira nação desenvolvida dos trópicos.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.