O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço a oportunidade do uso da tribuna e trago, com muita satisfação, mais um reconhecimento das virtudes do Governo do Presidente Lula, desta feita no que diz respeito à política de integração latino-americana. O Presidente Lula tem lutado para consolidar esse conceito de uma sociedade sul-americana de nações e agora recebe uma homenagem de irmandade e de solidariedade entre os povos sul-americanos, quando vai à posse do Presidente do Uruguai.

Ao mesmo tempo, alegro-me também com a balança comercial do Brasil com os países latino-americanos, assunto que sempre me trouxe distinta preocupação na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.

No que diz respeito à relação Brasil/Peru, os dados são extremamente animadores e mostram, de fato, a sensibilidade do Governo brasileiro, a responsabilidade política como Nação líder na América Latina, a preocupação em valorizar as relações comerciais, unindo o povo brasileiro e o peruano.

Agora mesmo, o Governador Jorge Viana, do Acre, Estado fronteiriço com o Peru, com vocação histórica que vem se construindo ao longo dos últimos anos, inclusive na gestão do Presidente Fernando Henrique, consolidou o asfaltamento de uma rodovia até a fronteira com o Peru. O Presidente Lula, obsessivamente, tenta avançar mais, fazendo a integração definitiva do Brasil com a América Andina, consolidando a rodovia Brasil-Peru, passando pelo Acre, indo pela região de Porto Maldonado/Cuzco, entrando por toda a Amazônia peruana e chegando à região do Pacífico.

O Governador Jorge Viana está discutindo com o Presidente Alejandro Toledo, do Peru, o impacto ambiental que poderá trazer a estrada, o respeito às populações tradicionais e à vida do povo andino, para evitar que a estrada agrida a cultura, a vida, as tradições e a dignidade dos povos andinos. Temos que compatibilizar o crescimento, o desenvolvimento econômico com uma vida sustentável para os povos latinos, para os povos andinos. É essa a missão que o Governador Jorge Viana está levando para a audiência que terá com o Presidente Alejandro Toledo. S. Exª vai discutir a mediação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, com a Corporação Andina de Fomento, com o Banco Mundial, para que possamos construir a rodovia Bio-Oceânica, capaz de integrar os povos.

Há 33 milhões de consumidores entre o Brasil, o Peru e a Bolívia, entre os chamados povos irmãos. Quase tudo o que consomem vem da Ásia. Muito pouco vem da América Latina. Com essa rodovia, poderemos fortalecer definitivamente a Amazônia em um cenário de integração cultural, econômica e social com os irmãos andinos.

É essa a perspectiva que estamos tentando trazer, pensando no futuro da Amazônia, da América Andina e do Brasil como um todo. Para minha alegria, tive a satisfação de receber o Embaixador do Brasil no Peru e pude acolher alguns dados sobre a evolução da balança comercial e das exportações do Governo peruano. Em 2002, o índice de exportações do Peru foi de US$7,6 bilhões; em 2004, passou para US$12,37 bilhões, demonstrando a presença solidária de compradores de produtos da economia peruana - e, neste caso, o Governo brasileiro se afirmando.

Ao se analisar a relação do Peru com os países com quem mantém política de exportação, observa-se um crescimento de maneira mais específica: enquanto em 2001 o Brasil ocupava o 36º lugar na compra de produtos peruanos, hoje ocupa o 32º lugar. Ou seja, houve uma evolução muito satisfatória, o que confirma que, se estamos vendendo mais, o Peru também está vendendo mais para nós, e isso demonstra ética nas relações internacionais, segundo a ordem dada pelo Presidente da República ao Ministro Celso Amorim, para que consolide as nações sul-americanas dentro de preceitos éticos de comércio e de desenvolvimento.

Sr. Presidente, analisando-se os principais parceiros comerciais do Peru, entra um dado muito mais animador: em 2003, o Brasil ocupava a 8ª posição, depois dos Estados Unidos, China, Reino Unido, Chile, Equador, Japão e Suíça, o que já foi uma colocação melhor que a de 2002. Em 2004, o Brasil assumiu o 6º lugar nessa relação como parceiro comercial do Peru, em termos de vendas em milhões de dólares, e com um índice de crescimento extraordinário: vendemos US$981 milhões para o Peru no ano passado. Agora, consolidada a rodovia Bio-Oceânica - que terá financiamento de organismos internacionais e do Governo brasileiro, o qual fará um financiamento de US$400 milhões para uma rodovia que é fundamental para a potencialidade econômica da América Andina -, o Brasil ocupará o 3º lugar em importância nas relações comerciais peruanas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O Brasil será o terceiro grande parceiro comercial do Peru, chegando à cifra de mais de US$1,2 bilhão de comércio exterior com aquele país.

Então, existe um dado novo, animador, que nos alenta muito em relação à expectativa da América Andina que queremos.

Os dez principais produtos de exportação do Peru para o mundo, que temos que citar também como crescimento, são os seguintes: cobre, ouro, farinha de pescado, petróleo e derivados, zinco, chumbo, café, prata refinada, estanho, camiseta de algodão. Tais produtos se encontram também com a política de exportação dos produtos do Brasil para o Peru.

O Peru importa do Brasil óleos brutos de petróleo, automóveis, chassis com motores para automóveis, algodão, chassis com motores a diesel, lâminas de aço, tubos de saída de vídeo, papel, aparelhos de tevê em cores, carrocerias para veículos, sem contar outros produtos agrícolas e alimentares que fazem parte da sólida parceria comercial Brasil e Peru.

Então, é um momento de alegria, é um momento auspicioso para a vida econômica brasileira. O Presidente Lula está reconhecidamente marcado, de maneira virtuosa, como o grande Líder da América do Sul, aquele que consolida um conceito de América Bolivariana de fato, para todos nós que sonhamos com a América do Sul vivendo em efetiva comunidade de nações. E tenho certeza de que, a continuar assim, em mais dois anos, o Brasil estará afirmado como nova referência de mercado global, que será o mercado das Américas, com a América do Sul e a América Latina completamente distintas no cenário internacional.

Então, que a viagem do Governador Jorge Viana, fazendo parte do conceito de relação dos países andinos, de Amazônia sul-americana, afirme-se no que podemos fazer de melhor hoje: consagrar a responsabilidade com o desenvolvimento sustentável, com o impacto ambiental nas obras de integração internacional e, ao mesmo tempo, no fortalecimento das relações econômicas e no crescimento das relações comerciais.

Era o que eu tinha a dizer, Sr Presidente.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR TIÃO VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Comércio Brasil-Peru (dados básicos)”