Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a relatório sobre o desempenho da balança comercial brasileira em 2004, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMERCIO EXTERIOR.:
  • Comentários a relatório sobre o desempenho da balança comercial brasileira em 2004, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2005 - Página 4565
Assunto
Outros > COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • COMENTARIO, RELATORIO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), AVALIAÇÃO, CRESCIMENTO, COMERCIO EXTERIOR, BRASIL, REGISTRO, DADOS, SUPERAVIT, BALANÇA COMERCIAL, EXPANSÃO, MERCADO EXTERNO, DIVERSIFICAÇÃO, EXPORTAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, PRODUTO INDUSTRIALIZADO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente tive acesso ao relatório com dados consolidados sobre o desempenho da balança comercial brasileira em 2004, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Quero hoje aproveitar a oportunidade para retomar os pontos principais desse extraordinário desempenho de nosso comércio exterior no ano passado.

De fato, Sr. Presidente, nos últimos anos, uma das mais constantes boas notícias no Brasil tem sido o desempenho do comércio exterior. Vivemos, de fato, uma época de ouro para o comércio em todo o mundo, e o Brasil não tem ficado de fora disso.

Ainda no final do ano passado, o FMI previa um crescimento de 18% para o comércio mundial em 2004. No Brasil, as exportações cresceram 32% e as importações, 30% - bem acima, portanto, da expansão mundial. Isso mostra que o Brasil soube muito bem aproveitar a vaga de prosperidade na economia internacional, avançando posições no comércio entre nações.

Em 2004, exportamos US$96,5 bilhões e importamos US$62,8 bilhões, o que dá um superávit de 33,7 bilhões de dólares. É um recorde histórico, Sr. Presidente, que superou em mais de um bilhão a expectativa do Banco Central. Com isso, o Brasil saltou da oitava para a sexta posição no ranking de resultados com o comércio exterior, ultrapassando a Indonésia e a Coréia do Sul. Hoje o Brasil é responsável por 1,11% do total das exportações mundiais.

Isso se torna ainda mais significativo quando lembramos que, em 2003, já havíamos batido recordes históricos. São já dois anos, portanto, de forte expansão do setor. Na verdade, desde 2001, quando se encerrou uma série de déficits no saldo comercial, o Brasil vem conseguindo desempenhos cada vez melhores.

Quanto às exportações, é digno de nota que houve um crescimento expressivo nas três grandes categorias de produtos. Exportamos 34,7% mais de produtos básicos, 33,5% mais de manufaturados e 22,7% mais de semimanufaturados. Hoje, os produtos manufaturados são responsáveis por quase 55% do total dos produtos exportados pelo Brasil, seguidos pelos produtos básicos, com cerca de 30%, e pelos semimanufaturados, com pouco menos de 14% do total.

No que se refere às importações, houve um crescimento de 17,2% nas compras de bens de capital e de 29,7% nas de matérias-primas e bens intermediários, o que reflete bem a tendência de expansão dos investimentos na atividade produtiva, reforçada pelo aquecimento da economia em 2004.

Outro aspecto relevante do sucesso do comércio exterior brasileiro em 2004 é a conquista de novos mercados. Em 2004, cresceram significativamente nossas exportações para a África, para o Oriente Médio, para a América Latina, para a Ásia e para a Europa Oriental. Para países como a Libéria, o Sudão, a Etiópia e a Argélia, na África, nossas exportações cresceram entre 126% e 1.137%, gerando valores entre 28 e 349 milhões de dólares. O volume ainda é relativamente pequeno, mas o aumento é expressivo. Aumentamos ainda em 270% nossas exportações para a Polônia, por exemplo, e em 141,8% as vendas para nossos vizinhos venezuelanos. Para a Venezuela, aliás, nossas exportações ultrapassaram o valor de US$1 bilhão. Pouco ainda, se comparado com os mais de 20 bilhões que exportamos para nossos dois maiores parceiros comerciais - a União Européia e os Estados Unidos -, mas um aumento significativo em termos de integração regional.

Assim como se verificou uma diversificação dos mercados, houve igualmente uma diversificação de regiões produtoras. Vários Estados da Federação que não têm tradicionalmente um perfil forte de exportação aumentaram expressivamente sua participação no comércio exterior no ano passado. Tocantins e Amapá, por exemplo, aumentaram sua participação em mais de 100%. Doze Estados, mais o Distrito Federal, aumentaram sua participação nas exportações em mais de 32% - ou seja, tiveram uma taxa de crescimento maior do que a taxa de expansão total das exportações.

Mais diversa ficou também nossa pauta de produtos exportados. Novos produtos, especialmente bens de maior valor agregado, passaram a fazer parte de nossas exportações. Em 2004, o principal produto exportado foi material de transporte, com 16,6% de participação na pauta. Isso representa um aumento de mais de 50%, com relação a 2003. Logo em seguida, vieram os produtos metalúrgicos, com 10,7%, crescendo mais de 40% na comparação com 2003. Em terceiro lugar, com 10,4%, aparecem os produtos do complexo soja, com crescimento de 23,7%.

Todo esse crescimento do comércio exterior, Sr. Presidente, fez com que sua participação no PIB brasileiro crescesse de 24,6%, em 2003, para 26,6%, em 2004.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, atingimos, em fevereiro, a impressionante marca dos 100 bilhões de dólares de vendas ao exterior no período de 12 meses. Muito desse enorme sucesso deve-se à conjuntura internacional favorável, que se refletiu no aumento de 11,3% no preço das commodities. Mas o expressivo aumento de 32% nas exportações não se explica só por isso. Aumentamos em 18,3% as quantidades embarcadas. Em especial, no que diz respeito à exportação de produtos manufaturados, categoria que, como disse, teve o aumento mais expressivo, a variação da quantidade exportada foi muito mais significativa do que o aumento dos preços: exportamos 23,4% mais, enquanto os preços tiveram uma variação de 7,1%.

Tudo isso mostra a força que o comércio exterior brasileiro possui no momento. E não será difícil manter esse ímpeto ainda este ano. Mesmo que os resultados não sejam tão espetaculares, o comércio exterior brasileiro atingiu sua “velocidade de cruzeiro”, por assim dizer, e, caso a conjuntura internacional continue favorável, ainda teremos, ao longo de 2005, muitas ocasiões de celebrar as boas notícias que nos virão dessa área. E, dado que o impulso do comércio exterior é fundamental para sustentar o ritmo do crescimento econômico, tenho certeza de que essas boas notícias vão ecoar, multiplicando-se, em vários outros domínios de nossa vida econômica.

Congratulo-me, enfim, com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior por esse excelente desempenho, fazendo votos de que, no final deste ano, estejamos aqui novamente festejando novos recordes referentes a nossa balança comercial.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2005 - Página 4565