Discurso durante a 18ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Necessidade de se limitar a edição de medidas provisórias. Problema da seca no Nordeste.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEDIDA PROVISORIA (MPV). CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Necessidade de se limitar a edição de medidas provisórias. Problema da seca no Nordeste.
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/2005 - Página 4911
Assunto
Outros > MEDIDA PROVISORIA (MPV). CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • NECESSIDADE, DEBATE, RESTRIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), AVALIAÇÃO, ALTERAÇÃO, USO DA PALAVRA, SENADO, REDUÇÃO, TEMPO, APARTE, PREJUIZO, DISCUSSÃO.
  • ANALISE, GRAVIDADE, SECA, CALAMIDADE PUBLICA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, AUMENTO, MISERIA, POPULAÇÃO CARENTE, PEQUENO PRODUTOR RURAL, NECESSIDADE, PREVISÃO, PLANEJAMENTO, PROVIDENCIA, PROTESTO, DESATIVAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE).

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu pretendia, na manhã de hoje, dar continuidade a um discurso que fiz ontem aqui a respeito das medidas provisórias, de como se deve urgentemente limitar a edição dessas medidas. Tenho algumas sugestões que deixarei para apresentar na próxima semana, quando tiver aqui a companhia de um maior número de colegas Senadores e Senadoras.

Na realidade, Sr. Presidente, essa limitação do tempo de cada orador tem permitido que mais Senadores possam falar; de certa maneira, democratiza. Fui um dos que reclamei que os Senadores inscritos não falavam, mas tenho que fazer aqui uma observação: o debate parlamentar terminou perdendo, porque o Senador fala mas não pode mais conceder apartes. Como só tem dez minutos, se conceder dois, três ou quatro apartes, estará cedendo o seu tempo aos aparteantes. Veja como é complexo esse tema numa Casa que foi criada para que todos pudessem falar, debater. Veja como é difícil conciliar-se tudo isso.

Sr. Presidente, eu queria apenas dizer, comungando com V. Exª e com o Senador Alberto Silva, que realmente o Rio Grande do Sul está sofrendo um das suas secas mais cruéis - e lá demora a haver seca! Já no nosso Nordeste, a Senadora Heloísa Helena sabe, convivemos com a seca quase que permanentemente, apenas ainda não descobrimos como fazer isso de maneira mais saudável, se é que posso usar essa palavra. Isso porque cada seca parece ser um fenômeno imprevisível; parece que a seca não entrou na nossa vida, não entrou na nossa história, que não temos uma literatura vasta a esse respeito, não temos toda uma história de sofrimento. Parece até, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a seca é uma novidade, quando não é. Já deveríamos ter todo um arsenal para conviver com ela e para enfrentarmos as mazelas por ela trazidas, de modo a poupar aquelas pessoas do polígono das secas dos seus efeitos perniciosos.

Uma seca hoje não chega a abalar a economia de um Estado, pelo menos do meu Estado, como abalava antes, mas é preciso pensar não na economia, mas nas pessoas que estão ali, que dependem daquele feijãozinho, daquele milhozinho, daquela cultura de subsistência, que é tudo para elas.

O meu Estado hoje é um grande produtor de camarão, de sal, de petróleo, de frutas irrigadas; é um Estado, como o da Senadora Heloísa Helena, com uma potencialidade turística que só agora está sendo aproveitada; mas lá existem milhares de pessoas - grande parte da população do Estado - que dependem das chuvas, que ainda olham para o céu e que esperam que tenhamos uma política correta para quando aquelas chuvas não caírem, como não estão caindo.

Senador Paulo Paim, é uma questão de mais vinte ou trinta dias para estar instalada a seca. Deus queira - até vou bater aqui na madeira - que não aconteça isso; todos nós estamos rezando, mas, se não chover no Dia de São José, no dia 19 de março, o sertanejo vai cair em desespero novamente.

Nós precisaríamos ter uma Sudene e todo um conjunto de medidas que pudessem assegurar condições de vida a uma população que hoje vive da Previdência, quase que se socorre apenas dos benefícios pagos pela Previdência.

É uma situação que tem a sua gravidade e que, infelizmente, não se está vendo mais como se via. De primeiro, havia a indústria da seca; dizia-se que a seca era manipulada e aproveitada para que alguns pudessem enriquecer, alguns pudessem fazer política à custa da seca. A indústria da seca desapareceu. Graças a Deus, há pouca coisa disso. Permanecem alguns resquícios, mas é pouco. No entanto, a seca não desapareceu, e a maneira de enfrentá-la não é hoje das melhores; continua a ser aquela coisa mal ensaiada, mal planejada.

Peço a Deus que eu não volte daqui a 30 dias, Senador Paulo Paim, para pedir uma comissão de Senadores, para pedir providências quando a seca já estiver instalada, quando pessoas já estiverem precisando de água e de comida, porque a situação passou a ser irreversível, como no Rio Grande do Sul.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/2005 - Página 4911