Discurso durante a 19ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao vendedor de livros, cujo dia é comemorado hoje, 14 de março.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao vendedor de livros, cujo dia é comemorado hoje, 14 de março.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2005 - Página 5012
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, VENDEDOR, LIVRO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÃO, CULTURA, CONHECIMENTO, INCENTIVO, LEITURA, POPULAÇÃO.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o motivo de meu pronunciamento é prestar homenagem a um personagem modesto, singelo, conquanto fundamental para a cultura nacional. Um cidadão deveras diligente, guardião do maior tesouro da humanidade, o conhecimento, comemora o seu dia com muito orgulho: o vendedor de livros, cujo dia é comemorado hoje, dia 14 de março.

Vendedor de livros, não, livreiro, termo correto porque esta é uma profissão de muito mérito e valor. Nem todos reúnem as virtudes que descrevi. Mas cumprem a nobre missão de oferecer um bem de primeira necessidade: o livro; que não é um produto como qualquer outro. É mercadoria, mas é cultura, informação, saber. O livro é o registro do pensamento, da criação, da identidade de todos nós.

Thomas Edison, o inventor da lâmpada; Machado de Assis, que dispensa apresentação. Samuel Morse, criador do telégrafo e do código batizado com seu nome; todos têm uma coisa em comum: foram livreiros! Ficaram famosos, é claro, por outros talentos extraordinários. Mas tinham prazer neste ofício tão gratificante que é o de vender livros.

Era uma outra época, quando prevalecia o romantismo e até um certo amadorismo na atividade. Hoje, os livreiros se tornaram profissionais especializados. As grandes livrarias promovem cursos para formação de seus vendedores, de modo a capacitá-los cada vez melhor. Mas a essência do livreiro, presente naqueles gênios da humanidade, continua a mesma: discernimento e bagagem literária são requisitos necessários para quem investe na profissão.

A tarefa não é simples. Os livreiros lutam contra a indiferença e a ignorância de uma população com 15 milhões de adultos analfabetos. Alguns saem de trás do balcão e peregrinam de porta em porta oferecendo conhecimento. Não fornecem drogas ou vícios degradantes. Vendem o registro da história, da inteligência, dos sentimentos do homem.

No trato com gostos e prazeres, o livreiro tem de ter sensibilidade, ser capaz de compreender o que cada leitor quer levar. Virar um pouco psicólogo, professor ou conselheiro. E o mais importante: oferecer alternativas, apresentar algo novo, interessante, que seja exatamente o de que o cliente precisa.

Nos sebos, os livreiros cuidam de autênticas preciosidades. São mentores, educadores que não estão em busca do lucro fácil. Querem vender livros, sim, mas querem espalhar cultura, trocar experiências. Por isso, passamos horas mergulhados em pilhas e pilhas de livros guardados com carinho por esses senhores. Apaixonados pelo saber, uma boa conversa com eles ensina mais do que muitas páginas de leitura.

Esses senhores têm ainda outro dom: o de alimentar essa paixão em um exército de outros aficcionados. Que deleite é freqüentar uma livraria ou um sebo de livros! Cada visita é uma experiência diferente e... mágica. As surpresas do caminho fazem revoluções nas mentes dos leitores. O crescimento das feiras de livros é um exemplo de como essa paixão ganha milhões de adeptos. Outro exemplo são as modernas lojas de livros. Charmosas e aconchegantes, elas respiram arte e cultura e se tornam pontos de encontro de leitores, intelectuais e curiosos.

A tristeza é que lugares como esses são exceção em nosso País. O Brasil, com mais de 5 mil municípios, tem apenas 1,2 mil livrarias. É muito pouco perante o gigantismo da cultura nacional. E elas estão encolhendo a cada ano, perdendo espaço para outros pontos de venda. Enquanto no início dos anos 90, 61% dos livros eram vendidos em livrarias, hoje são apenas 35%. O leitor está procurando livros em outras freguesias: na Internet, em supermercados ou em encomenda direta das editoras.

Em meio a essas mudanças, a figura do livreiro, tão essencial, começou a ser deixada de lado. É por isso que peço a atenção de todos para a realidade deste profissional. Visitar uma livraria, ler, estudar, é uma viagem fantástica que deve estar disponível a todos. O livreiro é o guia que orienta-nos nessa aventura. Com a dívida educacional que temos a resgatar, o longo caminho que temos de percorrer para formar nosso povo, espalharmos nossa cultura, o livreiro ainda tem muito a ensinar a todos nós. É a ele que, neste dia, presto essas honrosas considerações.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2005 - Página 5012