Discurso durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso do Dia do Bibliotecário, ocorrido no último dia 12.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SENADO.:
  • Homenagem pelo transcurso do Dia do Bibliotecário, ocorrido no último dia 12.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2005 - Página 5205
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SENADO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, BIBLIOTECARIO, ELOGIO, ATUAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL, INCENTIVO, LEITURA, REGISTRO, HISTORIA, DADOS, ATIVIDADE, BIBLIOTECA, SENADO, COLABORAÇÃO, DEMOCRACIA, AMPLIAÇÃO, ACESSO, INFORMAÇÃO, LEGISLATIVO.
  • DEFESA, CONTINUAÇÃO, APOIO, BIBLIOTECA, SENADO, REALIZAÇÃO, CONCURSO PUBLICO, AUMENTO, NUMERO, BIBLIOTECARIO.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, preliminarmente, agradeço V. Exª pela elegância com que tem tratado os Parlamentares, e por prorrogar a sessão para que eu tenha a oportunidade de me referir ao Dia do Bibliotecário, que transcorreu no dia 12 de março último.

            Como dedicamos quase toda a sessão de hoje para homenagear Luís Eduardo Magalhães, fiquei na expectativa de poder fazer este pequeno pronunciamento a respeito dos bibliotecários, que são tão importantes.

Começaria dizendo como Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Sua célebre frase revela a importância destes amigos silenciosos, os livros, para o desenvolvimento nacional. Uma das mais antigas fontes de informação de que se tem notícia, eles representam um volume incomensurável de conhecimento, armazenado nas principais bibliotecas do mundo. Entretanto, esse valioso saber seria de difícil aproveitamento não fosse a existência de profissionais que fizessem a sua catalogação, organizando-o de modo científico.

Refiro-me, aqui, aos bibliotecários, homens e mulheres que, por amor aos livros e ao conhecimento, a eles devotam suas vidas.

            A fim de relembrar sua importância para todos nós, ocupo esta tribuna para saudar o Dia do Bibliotecário, transcorrido em 12 de março último, que foi instituído para marcar a data de nascimento do poeta Manoel Bastos Tigres, o decano dos bibliotecários brasileiros.

Engenheiro civil por formação, Bastos Tigres exerceu por 50 anos o seu ofício no Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde se aposentou como Diretor-Geral, tendo atuado também na imprensa carioca como comentarista e humorista. De seu pioneirismo surgiu, naquela cidade, o primeiro curso de biblioteconomia do Brasil, em 1911. Hoje, são cerca de 37 instituições de ensino superior que oferecem o curso no nível de graduação.

Muitos de nós, Sr. Presidente, certamente ainda guardamos na memória a imagem do bibliotecário a desempoeirar livros em uma estante! Mas essa impressão não corresponde mais à realidade. De acordo com o Professor Waldomiro Vergueiro, Chefe do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade de São Paulo - USP, “a biblioteconomia talvez seja a profissão que mais tenha se beneficiado das novas mídias”.

E isso é um fato! Afinal, quem poderia duvidar do significado da televisão, do rádio e da Internet, por exemplo, como importantes fontes de informação para a sociedade moderna?

Por esse motivo, chamo a atenção de V. Exªs para o crescente rol de atividade desses profissionais e sua relevância para as nossas vidas: atualmente, eles não ocupam apenas os espaços das bibliotecas, mas também se dedicam a organizar imagens, arquivos de som e a documentação de diversas instituições, bem como a catalogar registros de pacientes em hospitais. Seu campo de atuação é tão vasto que, ouso dizer, podem ser contratados por qualquer empresa que necessite de informação sistematizada. E qual organização empresarial, nos dias de hoje, poderia prescindir da informação sem comprometer sua lucratividade, ou mesmo, sua própria sobrevivência? Eis um fato de suma importância.

Ao homenagearmos o bibliotecário, não poderia, Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, deixar de mencionar os relevantes serviços prestados pela Biblioteca do Senado Federal, atualmente denominada Acadêmico Luiz Viana Filho, como órgão essencial ao apoio dos trabalhos legislativos, biblioteca cuja origem remonta à época do Império.

Falando um pouco de sua história, quero aqui ressaltar que, desde sua fundação, ela não viveu apenas dias de tranqüilidade e segurança. As conturbações políticas do passado não a deixaram imune aos seus efeitos. Em 1937, por exemplo, com o golpe militar do Estado Novo, o Ministério da Justiça ocupou o Palácio Monroe, e várias obras raras e valiosas desapareceram do acervo da biblioteca.

Mais adiante, com a transferência da Capital Federal para Brasília, inaugurou-se um período de grandes transformações, e, em 1968, pela primeira vez, após 142 anos de existência, uma mulher assumia a direção da Biblioteca do Senado Federal: a bibliotecária Adélia Leite Coelho.

Entretanto, Sr. Presidente, foi na gestão do insigne Senador Petrônio Portella, na presidência desta Casa, que assistimos a uma verdadeira revolução naquele órgão, adotando-se as medidas iniciais para informatizá-lo e criando uma rede que uniria as bibliotecas do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário: Rede Sabi - Subsistema de Administração de Bibliotecas. Essa gigantesca tarefa contou com o pioneirismo e a inestimável contribuição de duas grandes bibliotecárias e ex-diretoras da Biblioteca do Senado Federal: Maria Elisa Nogueira Loddo e Maria Lúcia Vilar de Lemos, às quais presto minhas homenagens neste momento.

Essa modernização foi fundamental para que, em outro momento histórico, durante a Assembléia Nacional Constituinte, nossa Biblioteca pudesse realizar um esforço inédito para atender à demanda de informações dos parlamentares, a fim de que estivessem adequadamente preparados para discutir os altos interesses da Nação. Certamente, Srªs e Srs. Senadores, alguns dos capítulos de nossa Carta Magna foram redigidos no recinto de nossa Biblioteca!

Mas, se no passado da Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho é de glórias e realizações, a certeza de um futuro ainda mais promissor fez com que seus servidores encarassem destemidamente os desafios do porvir: a chegada de um novo século, a rapidez do fluxo de dados, as mudanças políticas, sociais e tecnológicas exigem que as instituições se adaptem a essa realidade.

Nesse sentido, o projeto de democratização de informações do Senado Federal, idealizado pelo Senador José Sarney, em sua primeira gestão à frente desta Casa, e iniciado pelo Senador Antonio Carlos Magalhães, trouxe-nos o desafio da Internet: a partir de 1997, passamos a disponibilizar a homepage da Biblioteca à comunidade virtual.

Como desdobramento desse processo, em 14 de fevereiro de 2004, tive a satisfação de participar, na qualidade de Primeiro-Secretário do Senado Federal, sob a administração do Presidente José Sarney, da criação da Rede Virtual de Bibliotecas - Congresso Nacional - RVBI, a qual veio a substituir a antiga rede Sabi, criada em 1972. Naquela data, foi assinado o Protocolo de Intenções de Cooperação Técnica entre as bibliotecas participantes da RVBI, formalizando, definitivamente, o intercâmbio de informações bibliográficas entre os três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.

Outra atividade, Sr. Presidente e nobres Senadores, que propiciei em minha gestão à frente da Primeira-Secretaria, e da qual muito me orgulho, foi o Projeto de Restauração de Obras Raras da Biblioteca. Assinamos, em 4 de setembro de 2003, contrato com a Fundação Universidade de Brasília para “restaurar e conservar preventivamente o acervo de 4.000 volumes de obras raras da Biblioteca do Senado Federal, bem como treinar pessoal técnico para procedimento de manutenção”. Durante todo o tempo de restauração dos livros, até meados de 2008, serão investidos cerca de R$2 milhões.

Quero ressaltar, Sr. Presidente, que essa era uma reivindicação antiga da grande diretora da Biblioteca, Senhora Simone Bastos Vieira, que hoje continua, para nossa alegria, como Diretora da Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho.

Gostaria de frisar, ainda, que, durante o período em que estive à frente da Primeira-Secretaria, a nossa Biblioteca expandiu suas atividades e serviços: foram atendidos 98 mil 286 usuários; realizaram-se 136 mil 390 empréstimos e devoluções; foram incorporados ao acervo cerca de 14 mil 948 novos livros; ocorreram 1.295 reuniões em suas dependências, e ali foram realizados 45 lançamentos de livros.

Nada disso teria sido possível sem a incansável dedicação e o inestimável espírito público de todos os servidores da Biblioteca do Senado Federal, em especial, dos bibliotecários, a quem saúdo e manifesto minha sincera gratidão, principalmente à Drª Simone.

Nessas breves palavras que acabo de proferir, procurei fazer uma síntese da importância dos bibliotecários para a conservação e difusão do conhecimento, evidenciando sua relevância para o bom andamento dos trabalhos legislativos.

A todos vocês, bibliotecários, parabéns pelo seu dia!

Para concluir, Sr. Presidente, gostaria de fazer minhas as palavras de Rogério Lima Vianna, bibliotecário da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro:

Uma biblioteca, para mim, é um ser vivo, sempre em mutação. Não importa o seu tamanho, ela sempre cresce em mistério, em delicioso suspense, dentro de um caos necessário. Porque biblioteca não é só ordem e silêncio. É também caos. E sem caos, não há música, não há leitura, não há movimento, não há vida. Biblioteca é vida.

Sr. Presidente, agradeço a V. Exª por esta oportunidade e deixo aqui, do fundo da alma, a certeza de que V. Exª continuará a dar à Biblioteca do Senado Federal, uma das melhores do País, todo apoio, inclusive para a realização do concurso, para que se possa nomear novos bibliotecários e fazer frente ao crescimento natural dessa importante área do Senado Federal.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2005 - Página 5205